A IMPORTANCIA DAS SALAS MULTIFUNCIONAIS PARA CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS
A IMPORTANCIA DAS SALAS MULTIFUNCIONAIS PARA CRIANÇAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS
PALAVRAS-CHAVES: Sala de recursos e recursos pedagógicos. Necessidades especiais. Dificuldade de aprendizagens.
INTRODUÇÃO
A inclusão em nosso país é foco de estudos e pesquisas por profissionais de diversas áreas, pesquisadores estão mobilizados buscando entender as bases epistemológicas e teóricas metodológicas das práticas educativas visando melhorias nos processos inclusivos nas escolas e no cotidiano. Para Pereira, (2020, pag. 2), diz que: “a inclusão nas escolas brasileiras demanda de uma mudança significativa na proposta pedagógica e na maneira de como funciona as nossas escolas”. Ainda Pereira (2020, pag. 2), relata que: “compreende-se que a educação brasileira, apesar das ações com vistas à inclusão, ainda incorre contrária à diversidade e ao reconhecimento da diferença ao subordinar os estudantes a um modelo único ou a uma dimensão predominante”.
Visto que, a inclusão é compromisso de todos, e buscar meios para que isso seja colocado em prática e não só no papel, depende muito do profissional que atua na rede regular de ensino, mudar sua metodologia, buscar alternativas, de ver, adaptar e apresentar o conteúdo de acordo com a necessidade da criança, já que fazemos parte de uma grande diversidade de pessoas, classes e gêneros. Portanto, a educação inclusiva é direito daquela criança que por algum motivo não consegue acompanhar os demais. No entanto, a escola inclusiva vem com intuito de acolher crianças com necessidades especiais, visando integração social de todas, numa modalidade de ensino para todos
independente das dificuldades e limitações que as mesmas apresentem. Visto que, as crianças com Necessidades Especiais e Dificuldade de Aprendizagem, entre outras, precisam de profissionais qualificados que atendam às necessidades e respeitem suas limitações.
A escola inclusiva hoje está voltada e se adaptando ao novo modelo de apresentar conteúdo, respeitando e procurando entender que determinadas crianças não conseguem e não compreendem o conteúdo da mesma forma que as demais. Por isso, hoje a inclusão é mais que garantir acesso à escola, é eliminar obstáculos que impeçam a aprendizagem e participação de crianças com necessidades especiais no processo educativo. Brasil (2001), diz que:
A Educação Básica deve ser inclusiva, no sentido de atender a uma política de integração dos alunos com necessidades educacionais especiais nas classes comuns dos sistemas de ensino. Isso exige que a formação dos professores das diferentes etapas da Educação Básica inclua conhecimentos relativos à educação desses alunos. (BRASIL, 2001, p. 25).
Para dar conta dessa demanda, hoje as escolas públicas dispões de salas equipadas com recursos que auxiliam nessas dificuldades, bem como, de um profissional especializado para atuar nesta área. Para entender um pouco mais destas salas multifuncionais, buscou-se informações, recorrendo a revisões bibliográficas a pesquisas em artigos científicos e revistas, com objetivo de conhecer um pouco mais sobre estas salas e como elas influenciam no desenvolvimento e no ensino/aprendizagem destas crianças com necessidades especiais.
1- SALA DE RECURSOS
Para atender as necessidades das crianças incluídas, é preciso buscar alternativas que visem uma educação de qualidade, que atenda em primeiro momento as limitações destas. Sendo assim, as salas de recursos multifuncionais, apresentam ferramentas que auxiliam nestes contextos. De acordo com a Educacional (2023, s/n), “Segundo o Decreto Nº 6.571/2008, a sala de recursos multifuncionais é um espaço escolar com equipamentos, móveis e materiais didáticos voltados para o Atendimento Educacional Especializado (AEE)”. Ainda esse decreto diz que o “O AEE é a formação complementar exigida pelo Ministério de Educação (MEC) e de direito de todos os alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação”.
As salas multifuncionais são uma mudança ativa no seio escolar, com objetivo de favorecer o processo de ensino/aprendizagem com alternativas e meios que auxiliam as crianças com necessidades especiais. Conhecer um pouco mais sobre as salas multifuncionais de AEE e como elas influenciam no desenvolvimento e no ensino/aprendizagem é muito importante, porque é por meio destas salas que se observa vários tipos de planejamentos e métodos de ensino que ajudam a suprir as necessidades educacionais específicas no dia a dia escolar como também, com todos os que atuam no ensino regular e na educação especial, aproximando esses alunos dos ambientes de formação comum a todos. De acordo com (Silva, Silva e Schuts, 2021),
O AEE é o atendimento educacional especializado veio para auxiliar na educação de crianças especiais, contribuindo para o desenvolvimento dentro e fora da escola, onde o mesmo é realizado dentro do próprio espaço físico da escola. No entanto, esse atendimento também pode ser disponibilizado em centros especializados, no caso de a escola não possuir a sala de AEE é ofertado obrigatoriamente pelos sistemas de ensino. (SILVA, SILVA, SCHUTS, 2021, pág., 3).
Para os autores, hoje é notório o uso destas salas em nossas escolas públicas. Para Educacional (2023, s/n), as salas multifuncionais devem serem compostas por vários itens dentre eles: “mesas e cadeiras; quadro branco; computadores; máquina de datilografia Braille; impressora Braille; Soroban; calculadora sonora; dominó em libras; esquema corporal; software de comunicação alternativa”.
No entanto, para que a criança seja usuário desta sala, depende de um pedido da profissional da sala de aula, que observou que a mesma não acompanha as demais no assunto ou tema da sala. Portanto, para que essa criança com necessidades especiais faça uso de sala de AEE, é necessário uma avaliação da mesma que possivelmente está apresentando dificuldades no aprendizado ou qualquer outros transtornos de desenvolvimento, bem como a indicação do professor de sala. Para ter acesso a esse atendimento educacional especializado-AEE, é realizada uma avaliação pelo professor de sala, pela equipe pedagógica da escola e pelo profissional responsável pela educação especial. De acordo com Silva etc. e tal, (2021, pág. 4), “Diante disso, os profissionais deverão estabelecer uma articulação com os professores da classe regular no que diz respeito à disponibilização de recursos pedagógicos, serviços e estratégias que promovam a participação dos alunos nas atividades escolares”.
Para isso, o profissional da sala de aula busca auxilio e recursos do profissional da sala de recursos multifuncional que logo avaliará as necessidades da criança e começará a atende-lo, como também esse profissional de sala de AEE, sempre que possível auxiliará o profissional de sala de aula, qual será o melhor recurso para que essa criança entenda melhor o conteúdo proposto. Ainda os autores relatam que:
Os alunos encaminhados para a sala de AEE, são aqueles que apresentam alguma deficiência seja ela física, mental, intelectual ou sensorial, assim também como os alunos que possuem transtornos globais do desenvolvimento, ou seja, alunos com síndrome do espectro autista, psicose infantil e alunos com superlotação/ altas habilidades. (SILVA etc. e tal, 2021, pág., 3).
Conforme a necessidade da criança, o profissional da sala de recursos começa a trabalhar com recursos que ajudam e auxiliam nas necessidades da mesma, inclusive nesta sala o profissional demanda de vários tipos de recursos que auxiliam no entendimento de determinado assunto. As escolas hoje já dispõem de uma variedade de recursos voltados a práticas pedagógicas, auxiliando e muito a alunos de inclusão. Kleina, 2012, relata que:
Hoje, há uma grande diversidade de recursos tecnológicos que podem auxiliar os alunos com necessidades especiais. Conhecer esses recursos é um desafio dos profissionais da educação que devem buscar constantemente a utilização, verificando o que já existe e o que está sendo desenvolvido em prol desses alunos. (KLEINA, 2012, p.32).
É de suma importância que os profissionais da educação busquem ferramentas, recursos, equipamentos ou dispositivos que favoreçam de alguma forma a aprendizagem destas crianças que apresentam necessidades educacionais especiais ou qualquer outro tipo de limitação. É sabido que esses recursos contribuem muito no desenvolvimento e no interesse dos alunos ditos comuns. Buscar meios de ensino e metodologias para aliar ao processo de ensino e aprendizagem é uma obrigação do profissional de sala de recurso multifuncional, além disso, o professor também deve estar sempre atualizado com o que há de novo em metodologias e tecnologias. Cunha (2004, p.530) afirma que o: “exercício da docência nunca é estático e permanente; é sempre processo, é mudança, é movimento, é arte; são novas caras, novas experiências, novo contexto, novo tempo, novo lugar, novas informações, novos sentimentos, novas interações.” De acordo com a autora, o papel do professor unido à metodologia são capazes de transformar ao invés de só ensinar. Ser professor é dentre as diferentes metodologias de ensino buscar a sua melhor prática, mesclar, mudar, é fazer do erro um aprendizado, da avaliação uma forma de ver o aluno avançando todos os dias, fazer da permanência algo prazeroso ao longo de todos os anos, da qualidade uma consequência de uma bela caminhada. De acordo com Ropoli (2010), é fundamental hoje o professor aliar,
O modo de trabalhar os conteúdos com os alunos; a forma de sugerir a realização de atividades na sala de aula; o controle disciplinar; a interação dos alunos nas tarefas escolares; a sistematização do AEE no contra turno; a divisão do horário; a forma de planejar com os alunos; a avaliação da execução das atividades de forma interativa.
(ROPOLI, 2010, pag. 13).
Para isso, a sala de recursos multifuncional é fundamental, é nela que uma boa parte dos conteúdos de ensino básico é proposto de várias formas, é nesta sala que o professor consegue por outros meios ensinar ao aluno aquilo que antes não conseguia entender.
Miranda e Filho (2012, p. 150), descrevem que: “é na sala de recursos multifuncional que o aluno aprende a utilizar os recursos, tendo em vista o desenvolvimento da sua autonomia”. No entanto, as relações estabelecidas nas escolas, às atividades realizadas diariamente, os papéis assumidos de ambas as partes nos diversos contextos oferecem ao aluno a possibilidade de conhecimento do mundo e de transformá-lo a partir de suas próprias percepções e ações.
1.1 – Alunos com necessidades especiais
Diz-se de alunos com necessidades especiais, aqueles que apresentam necessidades relacionadas aos conteúdos de currículo escolar, como também aqueles que apresentam elevada capacidade ou dificuldades de aprendizagem. Por um lado, esses alunos não são, necessariamente, portadores de deficiências, neste caso, não está associada somente ao termo deficiências, visto que, o termo deficiências é amplo. Por outro lado, são aqueles que passam a ser especiais quando necessitam de recursos e adaptações de atividades para que consigam melhor entender o que está sendo proposto. Menezes (2001, s/n), relata que a, “Expressão utilizada com relação à crianças e jovens cujas necessidades decorrem de sua elevada capacidade ou de suas dificuldades para aprender. Está associada, portanto, a dificuldades de apre.
De acordo com o autor,
O termo surgiu, segundo a Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação (MEC), para evitar os efeitos negativos de expressões utilizadas no contexto educacional – deficientes, excepcionais, subnormais, superdotados, infradotados, incapacitados etc. – e para se referir aos alunos com altas habilidades (superdotação), aos portadores de deficiências cognitivas, físicas, psíquicas e sensoriais. Tem o propósito de deslocar o foco do aluno e direcioná-lo para as respostas educacionais que eles requerem, evitando enfatizar os seus atributos ou condições pessoais que podem interferir na sua aprendizagem e escolarização. É uma forma de reconhecer que muitos alunos, sejam ou não portadores de deficiências ou de superdotação, apresentam necessidades educacionais que passam a ser especiais quando exigem respostas específicas adequadas. (MENEZES, 2001, s/n).
Por tanto, necessidades especiais é o termo usado pelo ministério da educação para não se referir as crianças ou adolescentes pelas suas características, por isso, quando se referir a criança especial, a forma correta é usar o mesmo tratamento que para os demais, ou seja, chamar pelo nome.
2- CONCLUSÃO
O desafio provoca, incita novos caminhos, educar para a mudança, romper posturas enraizadas. O caminho para a convivência de um grupo que possui diferentes aptidões e capacidades está no desafio diário, na proposição de novas posturas metodológicas testando-as e reelaborando-as para melhor atender as crianças sejam elas especiais ou não, de forma que possam construir sua identidade, testar seus limites e aprender dentro das suas capacidades.
A organização das atividades por parte dos profissionais deve buscar superar as limitações a partir do ensino, compreendendo o aluno com deficiência como um ser capaz de desenvolver todo o seu potencial por meio do acesso aos conhecimentos, a partir de situações reais do seu cotidiano, visando sempre estimular suas competências, habilidades e atitudes que promovam a autonomia e independência desta pessoa. As vivências sociais, culturais e de lazer, além de desenvolver, visam proporcionar o bem-estar físico e mental destes estudantes, elementos essenciais para o desenvolvimento da linguagem, do pensamento e da consciência de que é capaz de aprender.
Para finalizar, acreditamos na inclusão, independente das necessidades especiais que a criança apresente, que ser professor é algo grandioso, que não é apenas um dom, é algo muito maior, que incute na totalidade do ser. Olhar e ver aquela criança com necessidades especiais, com todas suas capacidades e limitações e mesmo assim amá-la, respeitá-la e ter a humildade de aprender com ela, não tem preço. Transformar a escola num espaço inclusivo é mais que uma obrigação é um direito adquirido, para que as essas crianças de inclusão cresçam com valores de respeito e que suas diferenças não sejam um problema e sim uma superação de seu limites, como de fato é para todos.
3- REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
BRASIL. Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. 2001. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf. Acesso em: 11 maio 2023.
CUNHA, Maria Isabel da. Diferentes olhares sobre as práticas Pedagógicas no Ensino Superior: A docência e sua formação. 2004. Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faced/article/view/397/294>. Acesso em: 13 maio. 2023.
EDUCACIONAL. Sala de recursos multifuncionais: o que é e como implantar na sua escola. 2023. Disponível em: https://site.educacional.com.br/artigos/sala-de-recursos-multifuncionais. Acesso em: 16 maio 2023.
KLEINA, Claudio. Tecnologia Assistiva em educação especial e educação inclusiva. 2012. Disponível em: <https://bv4. digitalpages.com.br/? from=listas-de-leitura&page=4§ion=0#/legacy/6118>. Acesso em: 05 maio. 2023.
MENEZES, Ebenezer Takuno de. Verbete aluno com necessidades especiais. Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2001. Disponível em <https://www.educabrasil.com.br/aluno-com-necessidades-especiais/>. Acesso em 30 abr 2023.
MIRANDA, Therezinha Guimarães; FILHO, Teófilo Alves Galvão; O professor e a educação inclusiva: Formações, Práticas e lugares. Editora da universidade de Salvador Bahia, EDUFBA, 2012.
PEREIRA, Marcio. SALA DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS: o trabalho pedagógico especializado com as limitações de aprendizagem da pessoa com deficiência intelectual. 2020. Disponível em: https://www.revistas.uneb.br/index.php/encantar/article/view/8796. Acesso em: 11 maio 2023.
ROPOLI, Edilene Aparecida; MANTOAN, Maria Teresa Eglér; SANTOS, Maria Terezinha da Consolação Teixeira dos; MACHADO, Rosângela. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar A Escola Comum Inclusiva Autores. 2010. Disponível em: https://acervodigital.unesp.br/handle/123456789/25849?locale=pt_BR#:~:text=Autor(es)%3A,Terezinha%20da%20Consola%C3%A7%C3%A3o%20Teixeira%20dos.
Autoras: Ana Carina Gomes e Deise Sosnowski