Liderança versus chefia no sistema educacional
O ambiente escolar é sem dúvidas um dos mais desafiadores que existe no mercado de trabalho. O profissional da educação deve ser acima de tudo um visionário; como dizia um antigo desenho animado, ele deve ter “uma visão além do alcance”. Para enxergar todo cenário a sua volta, compreender o contexto da comunidade que ele está inserido e posterior a isto saber buscar metodologias e uma dinâmica de ensino capaz de falar a língua da classe, trazendo a atenção dos alunos para a busca do conhecimento.
Tenso, complexo, parece utópico, mas é possível, quando existe uma boa dose de vocação pela profissão, motivação e dedicação do profissional envolvido. Neste contexto, entra a figura mais que importante, fundamental aliás, do Diretor escolar. Muitos podem pensar em dizer: Mas não seria do Secretário de Educação? Não! Neste caso é do diretor mesmo. Haja vista que, ele mais que o professor, também precisa conhecer a comunidade em que sua escola está inserida e buscar viabilizar todos os meios necessários para que seu corpo docente consiga chamar a atenção dos alunos em sala de aula.
Assim, é possível traçar dois perfis de Diretores, que fazem muita diferença na busca de resultados dentro do ambiente escolar. O primeiro é o Diretor chefe, aquele que contabiliza os resultados através da quantidade de alunos dentro da escola e administra para que não haja perdas neste número. Este modelo de diretor, foca seus esforços nas metodologias pré-definidas, nos sistemas de ensino e busca um controle rigoroso sobre o cumprimento das diretrizes educacionais, tomadas como padrão de ensino. Controla o ambiente escolar, utilizando de todos os meios para manter sua equipe sob sua intensa supervisão, não permite liberdade de ação e quer controlar tudo que é produzido pelos professores. Foca sua estabilidade no cargo, por isto busca sempre agradar as chefias superiores, mostrando números frios sobre as estatísticas da escola.
Por sua vez, têm-se os Diretores Líderes, que já não focam em números, mas em valores humanos. Estão constantemente preocupados com o bem estar de seus alunos, faz de tudo para criar um ambiente de ensino agradável e mais humano. Trabalha a gestão de pessoas no que diz respeito ao seu corpo docente e foca principalmente na satisfação dos seus professores em se trabalhar naquele estabelecimento de ensino. O Diretor Líder, até conhece os sistemas de ensino, as metodologias recomendadas, mas não foca nelas como regra geral de gestão pedagógica. Ele deixa o professor trabalhar dentro de uma metodologia flexível, que leva o conhecimento, dentro da realidade de cada classe, de cada cultura. O Diretor Líder, não foca no controle de seu corpo docente, ele procura gerar recursos para seus professores. Para que vejam nele a figura de alguém que está ali para somar e gerar confiança. A imagem que ele quer deixar ao seu corpo docente é de alguém que está ali para abrir as portas e buscar juntos os resultados que a comunidade escolar espera. O Diretor Líder, diante de uma demanda, não vai coordenar esforços para buscar a solução, ao contraio ele irá inspirar a realização de ações que tragam os resultados esperados. Líder no ambiente escolar, não se preocupa com sua estabilidade no cargo, ele baseia-se em fazer o melhor, enquanto a frente da instituição para deixar um legado, que inspire a confiança das pessoas em seu trabalho.
Por fim, veem-se dois exemplos de direção, que fazem parte do dia a dia do ambiente escolar. Ambos geram resultados, positivos e negativos. O primeiro, também pode gerar resultados positivos, mas também traz consigo a possibilidade de gerar um grande desgaste nos profissionais envolvidos, ao ponto de que a desmotivação venha a se tornar um grande obstáculo ao longo do tempo, prejudicando os resultados futuros. A equipe até pode produzir, por sua vocação, mas o ambiente tende a ficar pesado, desgastante e muito instável. O segundo por sua vez pode trazer resultados extremamente satisfatórios ao longo do tempo. A flexibilidade, a capacidade de enxergar as pessoas como principais valores de uma instituição, gera uma motivação sem medidas! Professor, diretor, alunos e comunidade escolar se tornam um único corpo. Todos ganham, com relação à qualidade do ensino prestado, ao bom ambiente de trabalho e a sincronia entre corpo docente, diretoria e comunidade escolar.
Esta reflexão se deu, por meio da observação de muitos depoimentos de amigos professores, que relatam experiências em suas escolas. Penso que a Gestão de Pessoas não deveria ser algo aplicado somente as empresas privadas, mas a todos os seguimentos que, de certa forma, influenciam na geração de serviços a comunidade. Afinal, trata-se de áreas extremamente importantes, pois lidam todos os dias com seres humanos. Na educação, em especial, o que está em jogo é a transmissão de conhecimento para nossos filhos, a construção de valores éticos e morais. Portanto um profissional desmotivado nesta área pode causar grande estrago na construção da personalidade de uma sociedade futura. Agora a escolha do perfil profissional, que se quer adotar é de cada Diretor; não há como interferir nisto. Mas ele precisa estar ciente de que, cada semente plantada no seu trabalho, será um fruto colhido no futuro. E a qualidade do fruto, depende da escola da semente. Líder ou chefe você escolhe! Cada escolha gera uma consequência. Fica a reflexão.
Por Wilian de Moura
Gestor de Recursos Humanos