A IMPORTÂNCIA DO ACOLHIMENTO NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Deise Cristiane da Silva

Mariéli Silva Miranda

Ao longo da nossa história a criação e a educação das crianças foram, por muito tempo, de total responsabilidade de seus familiares. Era com os adultos que elas se apropriavam das regras básicas de sobrevivência, bem como as tradições da cultura a qual pertenciam.

No entanto, essa realidade começou a mudar quando as mulheres ingressaram no mercado de trabalho. Agora, elas necessitavam de “alguém” que assumisse os cuidados de seus filhos por um determinado período.

As pessoas que aceitavam esse papel nem sempre faziam parte do círculo familiar das crianças, o que submetia-as ao primeiro desprendimento materno. Iniciou-se então, o contato com novos hábitos e costumes que, mais tarde, completaria a bagagem de vivências e experiências de cada criança.

Posteriormente, devido à falta de sanitização dos espaços em que as crianças ficavam, é que foram surgindo as primeiras creches. Em um primeiro momento, estas assumiram um caráter assistencialista, ou seja, zelavam pelos cuidados orgânicos de cada criança a fim de erradicar a mortalidade infantil do nosso país.

Todavia, foram surgindo novos estudos sobre a infância com o decorrer do tempo, levantando novas discussões sobre a Educação Infantil. A ideia de que a criança era um ser capaz de aprender foi ganhando ênfase e, consequentemente, colocando em conflito tudo o que já se pensava a respeito.

Contudo, os frutos desses estudos vieram apenas com a promulgação da Constituição Federal, de 1988, a qual reconheceu a Educação Infantil como parte integrante do sistema educacional brasileiro. Em sequência, a Ldb 9.394/96 estabeleceu – a como primeira etapa da Educação Básica, organizando – a através de duas faixas etárias: creches para crianças de 0 a 3 anos e as pré – escolas passaram a contemplar os 4 e 5 anos.

Sendo assim, percebeu-se a necessidade e a importância do acolhimento das crianças nos espaços escolares, no intuito de considerar e valorizar as suas bagagens históricas e as particularidades de cada um. Neste sentido, quando acolhemos uma criança abre – se uma gama de possibilidades saudáveis para o estabelecimento de uma relação sólida e eficaz entre esta, familiares e escola.

Deste modo, o acolhimento consiste em fazer a criança sentir-se segura, respeitada e protegida junto a nova realidade em que foi inserida, através da interação entre educando e professor. Para isso, as escolas devem estar preparadas para apoiar os pais e educadores que também atravessam este período, garantindo que este seja tranquilo e que possam ter plena confiança nas estruturas de ensino – aprendizagem ali existentes.

Uma estratégia é iniciar o ano letivo apresentando a proposta da escola, definindo as principais regras, explicando as atividades e os papéis que os envolvidos deverão assumir durante o percurso escolar. Esses momentos de conversação devem ocorrer periodicamente, sempre permeados por diálogo, reflexão e tomada de decisões conjuntas.

Estabelecer uma boa comunicação entre os responsáveis e a escola é de extrema importância para o acolhimento infantil, pois possibilita a construção de relações claras e de confiança, garantindo uma experiência agradável para todos.

O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (RCNEI) traz informações importantes para este contexto, pois fornece subsídios para os órgãos que estão aptos a trabalhar com crianças, recomendações didáticas e metas para a prática docente. Este documento é um grande apoio e uma bússola para as salas de aula de educação infantil, pois seu foco consiste em orientar as escolas e os professores quanto aos estímulos para o desenvolvimento integral das crianças.

Nessa perspectiva, o RCNEI relata que os professores são mediadores entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e proporcionando espaços e situações de aprendizagem que conectam os recursos e habilidades afetivas, sociais, cognitivas e emocionais de cada criança com seus conhecimentos combinados. Desta maneira, professor de educação infantil, constitui-se, como um parceiro mais experiente, por excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de experiências educativas e sociais variadas (BRASIL, 1998, p. 30).

Na sequência, a implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), guia normativo para a aprendizagem progressiva que os alunos precisam desenvolver, também traz a oportunidade de revisitar as estratégias de aprendizagem, engajando verdadeiramente a comunidade escolar neste processo. Em sua essência, a Base aposta na formação afetiva como essencial para o desenvolvimento pleno dos educandos, a fim de desenvolver habilidades e competências socioemocionais que os capacitará a enfrentar essa nova fase da vida de forma tranquila e prazerosa.

Portanto, o acolhimento é uma ferramenta poderosa que deve existir em todas as etapas e formas de prática educativa, pois aproxima as pessoas, constrói vínculos e estabelece confiança nos relacionamentos e interações, ou seja, traz uma abordagem mais humana e afirmativa à educação.