A Influência da Formação Docente Continuada na Implementação de Práticas Educacionais Inclusivas.
Autores:
SANTOS, Ekissia Kelly Araújo dos;
ARAÚJO, Jailma Paulino de;
SANTOS, Maciene dos;
CASADO, Jocassia Emanuelle Silva.
Resumo:
O presente artigo explora a relação entre a formação docente continuada e a eficácia na implementação de práticas educacionais inclusivas. Por meio de uma revisão da literatura, busca-se entender como a formação permanente de professores pode potencializar práticas inclusivas, com ênfase nas ideias de Paulo Freire sobre a pedagogia crítica e emancipadora.
Introdução:
A busca por uma educação inclusiva tem ganhado espaço e relevância nas últimas décadas, em consonância com movimentos de direitos humanos e de pessoas com deficiência. A questão central a ser investigada é: como a formação docente continuada pode influenciar a implementação de práticas educacionais mais inclusivas? Paulo Freire, em suas discussões sobre uma pedagogia voltada para a liberdade, destaca a importância da conscientização e da transformação (Freire, 1970). Esta visão pode servir como base para entender e potencializar uma educação verdadeiramente inclusiva.
Formação Docente Continuada e Educação Inclusiva:
A formação inicial raramente capacita completamente os professores para lidar com todas as diversidades presentes em uma sala de aula. Dessa forma, a formação continuada emerge como um caminho para preencher essas lacunas (Santos et al., 2012). Através dela, o docente pode se atualizar em relação a métodos, técnicas e paradigmas, incluindo aqueles voltados à inclusão (Oliveira & Ferreira, 2014).
Paulo Freire e a Educação Inclusiva:
A trajetória evolutiva da educação no século XXI está marcada por mudanças paradigmáticas. Dentre essas, destaca-se a inclusão, que visa garantir que todos os estudantes, independentemente de suas diferenças, tenham acesso a uma educação de qualidade. Porém, para que essa visão se concretize, um elemento chave precisa ser reconsiderado: a formação docente. Em particular, a formação continuada de professores tem se mostrado uma ferramenta poderosa para facilitar a implementação de práticas educacionais inclusivas.
Paulo Freire, um dos pedagogos mais influentes da América Latina, defendeu fervorosamente uma educação que promove a libertação, a conscientização e a transformação do aluno e da sociedade. Em sua obra "Pedagogia do Oprimido", Freire (1970) critica a educação bancária, onde o conhecimento é "depositado" nos alunos, defendendo uma abordagem mais dialógica e participativa. Esta perspectiva pode ser alinhada com os ideais da educação inclusiva, que busca valorizar a diversidade e promover uma aprendizagem significativa para todos.
No entanto, para que os professores possam efetivamente incorporar práticas inclusivas em sua metodologia, é crucial que eles estejam bem preparados e continuamente atualizados. A formação docente inicial, muitas vezes, não oferece ferramentas e técnicas suficientes para enfrentar os desafios da diversidade em sala de aula. Aqui, a formação docente continuada desempenha um papel vital.
A formação continuada permite que os educadores se atualizem constantemente sobre novas estratégias pedagógicas, descobertas neurocientíficas, ferramentas tecnológicas e demais elementos que possam facilitar a inclusão. Ao mesmo tempo, essa formação também propicia espaços de reflexão e diálogo entre os professores, permitindo a troca de experiências, desafios e soluções relacionadas à inclusão.
Retomando as ideias de Freire, é possível perceber que uma formação docente verdadeiramente transformadora e inclusiva precisa ser dialógica, crítica e reflexiva. Os professores devem ser encorajados a questionar e reavaliar constantemente suas práticas, reconhecendo os estudantes como sujeitos ativos no processo educacional e não meros receptores de informação.
Em conclusão, a influência da formação docente continuada na implementação de práticas educacionais inclusivas é inegável. Para construir uma educação verdadeiramente inclusiva, é imperativo investir na capacitação constante dos educadores, equipando-os com conhecimentos, habilidades e uma mentalidade crítica e reflexiva. Somente assim, alinhando a prática pedagógica com os ideais freirianos, será possível alcançar uma educação que respeite, valorize e promova a diversidade no ambiente escolar.
Conclusão:
A formação docente continuada é essencial para a implementação eficaz de práticas educacionais inclusivas. Através da lente das ideias de Paulo Freire, percebe-se que uma educação voltada para a conscientização e a emancipação é intrinsecamente inclusiva. A capacitação constante dos docentes, portanto, não apenas potencializa a educação inclusiva, mas também promove uma prática pedagógica mais crítica e transformadora.
Referências:
Freire, P. (1970). Pedagogia do Oprimido. Paz e Terra.
Santos, M., Resende, A., & Pimentel, S. (2012). Educação Inclusiva e Formação Continuada: desafios contemporâneos. Revista Brasileira de Educação Especial, 15(3), 475-492.
Oliveira, A., & Ferreira, M. (2014). A Formação Continuada de Professores para a Educação Inclusiva. Educação & Tecnologia, 19(2), 45-56.