A RELAÇÃO DO CUIDAR E EDUCAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A criança é um ser social que necessita do adulto para sobreviver e compreender o seu mundo. Sua interação dependerá do ambiente em que está inserida. Este contexto social e histórico vem diariamente sofrendo mudanças e influências culturais. Neste movimento de transformações tanto do ser criança como da sociedade em que está inserida a Educação Infantil assume um papel de grande responsabilidade quando passa a ser considerada fundamentalmente importante para o desenvolvimento integral da criança.

Com o passar dos anos e as mudanças ocorridas nas políticas públicas com a criação da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), que define a Educação Infantil como primeira etapa da educação básica com a finalidade do desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em sus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social complementando a ação da família e da comunidade. Nas últimas décadas vem se consolidando, na Educação Infantil, a concepção que vincula educar e cuidar, entendendo o cuidado como algo indissociável do processo educativo. Por isso, tem se estabelecido um parâmetro no qual o professor de Educação Infantil tem a função de não ter mais só o dever de cuidar, promovendo hábitos de higiene, alimentação e recreação sendo estes cuidados indispensáveis para uma vida saudável. Mas também o dever de educar uma criança com um olhar pedagógico, preparando sua inserção no mundo globalizado. Promovendo situações para o desenvolvimento da autonomia e de suas habilidades oferecendo uma qualidade de experiências considerando as especificidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas. Atualmente temos a Base Nacional Comum Curricular BNCC que é um documento norteador da educação que abrange as modalidades da Educação Infantil até o Ensino Médio. De acordo com a BNCC sobre a etapa da Educação Infantil:

“Nesse contexto, as creches e pré-escolas, ao acolher as vivências e os conhecimentos construídos pelas crianças no ambiente da família e no contexto de sua comunidade, e articulá-los em suas propostas pedagógicas, têm o objetivo de ampliar o universo de experiências, conhecimentos e habilidades dessas crianças, diversificando e

consolidando novas aprendizagens, atuando de maneira complementar à

educação familiar.” (BNCC,2018,p.36)

No início a Educação Infantil era denominada de creche e tinha uma conotação assistencial, no qual, eram apenas espaços oferecidos para garantir o cuidado dos seus filhos enquanto os pais trabalhavam durante a maior parte do dia. Segundo Aranha (1996), a história da Educação Infantil foi caracterizada pelo assistencialismo aonde as crianças iam para a escola para serem cuidadas e disciplinadas por adultos. Com o passar dos tempos ocorreram algumas mudanças na concepção destas escolas, ora a preocupação era de cuidar, ora de educar. Deste modo às instituições passam a ser pensadas como espaço de educação para as crianças e deixam de ser vistas apenas em sua concepção assistencialista.

Segundo Becker (2005), essas concepções têm suas bases em uma nova visão acerca da infância, que concebe a criança como sujeito de direitos, de voz própria, e ativa que entende a infância como uma etapa importante. Nesse cenário, não há dúvidas de que, seja a etapa educativa, por excelência, para o desenvolvimento total do ser humano.

Devido estas mudanças ocorridas no ambiente escolar passou a se pensar em uma educação contextualizada para a criança em desenvolvimento que tem como base o cuidar e o educar de forma associada, pois esses âmbitos de trabalho fazem parte da vida de qualquer criança.

Quando se propõe em trabalhar com crianças pequenas deve-se ter como princípios conhecer suas necessidades e seus interesses. Conhecer as características de cada faixa etária, a fase do desenvolvimento, o cuidar e o educar, abrangendo a formação pessoal e social, o desenvolvimento integral da criança. O trabalho articulado entre o cuidar e o educar abrangendo a formação pessoal e social, o conhecimento do mundo por meio das diversas linguagens, a formação do indivíduo crítico e cidadão participativo deverão integrar às áreas e fortalecer a aprendizagem. Dessa forma a ação de cuidar e a ação de educar estão interligadas, pois uma forma completa a outra.

A criança como todo o ser humano tem sua formação ao longo de toda a vida. Porém percebe-se que as crianças adquirem suas maiores aquisições, em termos de aprendizagem, ocorrem até por volta dos seus três anos de idade. Cuidar e educar significa aprender que o espaço e o tempo em que a criança exigem esforço individual, e a mediação dos adultos deve ser na forma de proporcionar ambientes que estimulem a curiosidade com consciência e responsabilidade. Dessa forma, o cuidar significa auxiliar a criança em seus primeiros passos.

Não se restringindo apenas em atender somente as necessidades biológicas, mas também está associada dimensão afetiva, pois a criança precisa de segurança, apoio, incentivo e envolvimento por parte do professor.

Segundo Montenegro (1999), o cuidar implica em atender o outro em toda sua dimensão humana, portanto a ação de cuidar é muito mais do que simplesmente atender suas necessidades básicas de sobrevivência humana.

Carina M da R de Oliveira e Queli Cristina Garcez Soares Quintana
Enviado por Carina M da R de Oliveira em 15/09/2023
Código do texto: T7886245
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