O que dizem que é justo sobre os processos avaliativos e seletivos (novamente) e o que realmente é
Corrida maluca
A educação brasileira, mas também da maioria dos países oficialmente reconhecidos pela ONU, está baseada no sistema tradicional de ensino e que, por sua vez e, cruamente falando, se baseia na crença da tábula rasa, adaptada ao contexto escolar, de que a maioria dos seres humanos, desprezando os que já nascem com deficiências intelectuais evidentes, apresentam os mesmos potenciais de aprendizado e apenas se diferenciam, em termos de desempenho, pelo nível de esforço ou dedicação aos estudos. Por isso as avaliações iguais para todos os estudantes, as notas vermelhas, a recuperação e até a repetência... No entanto, as evidências legitimamente científicas sobre esse tópico nos mostram que apresentamos diferenças qualitativas e quantitativas de inteligência e que são predominantemente intrínsecas ou que não são superficiais, isto é, facilmente alteráveis. Como resultado, idealmente, o sistema de ensino não deveria comparar desempenho, pelo menos da maneira como tem feito, porque é basicamente o mesmo que comparar o desempenho de animais de espécies diferentes disputando uma mesma corrida. Mas, está consolidado a hegemonia dessa crença igualitarista e de que é a maneira mais justa de avaliação, tanto na educação quanto para o mercado de trabalho, que todos devem ter igualdade de condições e serem avaliados por seus desempenhos e não por quem são.
Mas, e se não apresentarmos as mesmas condições psicológicas e cognitivas??
Aí não é bem o "se", se nossa diversidade de intelectos e personalidades é uma realidade palpável, mesmo que muitos especialistas, na educação e em outras áreas relacionadas, não acreditem em sua existência.
Pois o mais justo nesse contexto seria de avaliar por especificidade, porque igualaria por capacidade específica do que como tem sido avaliado, por conhecimentos gerais, especialmente em provas de concurso público e de admissão no ensino superior. Se somos ou inevitavelmente nos tornamos mais especializados em determinadas áreas do conhecimento ou da atividade humana e se toda profissão é uma especialização...
Portanto, o mais justo, nessa analogia com uma corrida maluca de animais de espécies diferentes, é que os de mesma espécie compitam entre eles mesmos e, traduzindo para o sistema de seleção e avaliação na escola, mas mais especialmente no ensino superior e no mercado de trabalho, que ocorra uma maior especificação no conteúdo das provas.