Importância dos livros clássicos na formação jovem. Por Meraldo Zisman
Quando jovens me perguntam o que devem ler, minha resposta é simples: “LEIAM OS CLÁSSICOS”. Acredito que grande parte dos traços culturais de uma pessoa são desenvolvidos através da leitura. Desconheço qualquer leitor, independentemente da profissão, que não seja grato aos livros pelo que eles ensinaram, tanto coisas boas quanto ruins. Todo livro tem o poder de transmitir algum ensinamento ao leitor. Na juventude, é comum ler-se muito ou não ler nada. Muitas vezes, as leituras são feitas às pressas. Lembro-me de certos livros de aventura do autor holandês Hendrick Van Loon, que influenciaram minha adolescência duradouramente. Também me lembro de um livro apelidado “O Romance da Medicina” do Dr. Logan Clendening, que praticamente determinou minha escolha profissional aos 12 anos.
Alguns livros mantêm sua frescura, como se nunca tivessem envelhecido, especialmente aqueles que contam histórias sobre a prática da medicina nos primeiros anos da minha carreira. Outros, quando relidos, me dão pensar uma compreensão mais profunda, seja valorizando-os ainda mais ou colocando-os em seu devido lugar em termos de importância em minha subjetividade. Ao pensar na eternidade do tempo, percebo como percorri um caminho pedregoso ao longo da nova estrada com meus pés descalços.
Lembro-me de ter uma aversão aos cânticos de “Os Lusíadas”, que pareciam um inferno didático para os exercícios de análise gramatical. Com o passar dos anos, devo a um orientador e professor a redenção de encontrar, no maior épico em língua portuguesa, uma grandiosidade completamente diferente daquela que eu percebia na época do ensino médio. Às vezes, ao ler um livro, um artigo, uma crônica ou uma poesia, minha memória desperta. Aquela leitura adquire um significado único, incorporado à minha natureza. Outras obras que foram muito elogiadas durante a adolescência e juventude já não me emocionam da mesma forma. Desconheço algo que possa substituir o prazer de uma leitura, apesar da era da informática.
Os livros possuem textura, beleza gráfica e sensualidade. Eles têm fragrância. As palavras impressas são como esculturas de letras, palavras, frases e parágrafos. São expressões da arte gráfica, semelhantes a estátuas impressas. Há um prazer sensual em folhear as páginas de um bom livro, suas páginas e capas parecem ter vida. Quando um jovem me pergunta quais são os melhores livros para um médico ler, minha resposta é sempre a mesma: leiam os clássicos.
Neles encontrarão as novidades do mundo.