“PRAÇA” ENQUANTO LUGAR COMUNITÁRIO
Camila Cláudia de Jesus Rodrigues*
Aires José Pereira**
Josenilton Balbino de Melo***
A praça pública, desde o seu primórdio, exerce uma função para a sociedade de um espaço de lazer, cultural e de cordialidade humana. Assim como argumenta Gomes (2007, p. 102):
A praça como espaço público constitui, desde os seus primórdios, um referencial urbano marcado pela convivência humana. É, portanto, um importante equipamento histórico e cultural urbano que expressa o surgimento e o desenvolvimento de inúmeras cidades, especialmente, no Brasil.
No momento que mencionamos ao vocabulário praça, é imediato temos a noção de um espaço público urbano com a serventia de conceder um variado de opções de atividades de lazer.
Para que as praças cumpram a todas as atribuições referentes à aplicação de seus espaços, é essencial que as mesmas contenham boas estruturas, Declara Barros e Virgílio (2003, p. 537):
Para que a praça exerça todas essas funções é necessário que a mesma esteja promovida de elementos naturais e antrópicos, tais como vegetação de porte diferenciado, quadras poliesportivas, playground, áreas sem pavimentação, bancos, árvores etc., e que sua distribuição espacial seja democrático e atenda a totalidade da população.
Contudo, ao argumentar sobre essa questão necessitamos refletir o mau funcionamento em que as mesmas retratam nos dias atuais. Na compreensão de Santos 1997:
O espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a história se dá (SANTOS, 1997, p. 510).
Para Veríssimo e Bittar (2000, p. 19), ''[...]uma cidade não vive sem uma praça, ela é fundamental para o imaginário e a vida do homem urbano’''. Dessa forma a praça é sine qua nom na organização e qualidade ambiental de uma cidade, bem como, enaltece o orgulho de seu morador. De acordo com Rigotti, (1965, apud DE ANGELIS et al, 2005, p. 2) “as praças são locais onde as pessoas se reúnem para fins comerciais, políticos, sociais ou religiosos, ou ainda, onde se desenvolvem atividades entretenimento”. Exatamente isto que vimos ao visitar algumas praças em Rondonópolis, como veremos ao longo deste trabalho.
As praças em um momento histórico tinha uma grande função para as cidades, principalmente em cidades pequenas onde utilizam os espaços como palanques de festas religiosas e festas culturais, é comum se conversamos com os nossos pais ou avos eles fazerem esses relatos, da importância dessas áreas nas suas infâncias, também não podemos desconsiderar que as tecnologias também contribui para o desafeto desses lugares, pela grande diversidades de outros lugares como lazer, como shopping, clubes, e entre outras opções que atualmente contemos. De Angelis (2005) faz o seguinte comentário:
A partir do momento em que as estruturas logísticas dos mercados, a troca de informação e a própria informatização, aliados ao processo de globalização” [...] “distanciaram-se da dimensão comunitária da coletividade, e se aproximaram do privado na sua dimensão familiar, se não, ao seu isolamento individual (DE ANGELIS et al, 2005, p. 3).
As pessoas usam a praça do centro, hoje, pelos motivos mais distintos: compra e venda de carro, pegar o transporte coletivo, beber uma cerveja, tomar um café ou fazer lanche, oferecer serviço de diarista (pedreiro, pintor, eletricista e encanador (BORGES, 2001, p. 86).
Averiguando esta citação compreendemos as divergências sociais deslocadas nas praças. De modo em que pessoas utilizam o espaço para oferecer e prestar serviços, outras estão usufruindo ao seu descanso e lazer. Ela continua apresentando as discrepâncias da população que a utiliza de maneira social-hereditária, alguns para se exibirem, outros para procurarem renda.
A possibilidade do contato interpessoal público, oferecida pela praça, permite o estabelecimento de ações culturais fundamentais, desde interações sociais, até manifestações cívicas (VIERO; BARBOSA FILHO, 2009, p. 1).
O espaço da praça concede ao cidadão poder fazer o que lhe é de direito, manifestando livremente e por qualquer causa pelos espaços públicos, permite a ele se expressar de todas as formas, concede ao mesmo noção de identidade urbana, o que o lazer na esfera da vida privada não pode proporcionar (QUEIROGA apud Viero e Barbosa Filho, 2009).
*Camila Cláudia de Jesus Rodrigues – graduada em Geografia pela UFR.
** Aires José Pereira é Prof. Dr. em Geografia Urbana pela UFU e Mestre em Planejamento Urbano pela FAU-UnB, é coautor do Hino Oficial de Rondonópolis, professor do Mestrado em Gestão e Tecnologia Ambiental e da graduação no curso de Geografia da Universidade Federal de Rondonópolis e possui vários artigos e livros publicados.
***Josenilton Balbino de Melo – Mestre em Geografia pela UFMT – Campus de Cuiabá, é professor na rede pública de ensino.