PERSPECTIVAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESTUDO COMPARATIVO ENTRE PAULOFREIRE, EMÍLIA FERREIRO E RUBEM ALVES

AUTORES:

SANTOS, Maria da Luz Alves de Araújo

SOUSA, Rodrigo dos Santos

OLIVEIRA, Paula Catandubas

RESUMO: Neste artigo, analisaremos as perspectivas de Paulo Freire, Emília Ferreiro e Rubem Alves sobre a educação infantil. Paulo Freire propunha uma educação crítica e libertadora, que promovesse a conscientização e a ação política dos sujeitos. Emília Ferreiro, por sua vez, revolucionou a compreensão do processo de alfabetização, ao mostrar que a criança é um sujeito ativo e construtor do seu próprio conhecimento. Já Rubem Alves valorizava a abordagem poética e lúdica da educação, em que o prazer e a imaginação eram fundamentais para o aprendizado. O artigo destaca a importância dessas perspectivas para a educação infantil, uma vez que elas propõem uma abordagem pedagógica centrada no sujeito e na construção do conhecimento. A partir dessa análise, o perceberemos que a educação infantil deve ser vista como uma etapa crucial da educação básica, que demanda práticas pedagógicas inovadoras e aprimoramento constante dos profissionais da área.

PALAVRAS CHAVE: Perspectivas, Pedagogia, Compreensão.

INTRODUÇÃO:

A educação infantil é um tema relevante e de grande importância para o desenvolvimento integral da criança. Ela é responsável por estimular o desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e social, além de contribuir para a formação de valores e habilidades que serão fundamentais para a vida adulta. Nesse norte, a educação infantil é uma etapa importantíssima da educação básica, que demanda estudos e reflexões constantes por parte dos profissionais da área. Neste artigo, abordaremos temas como a importância da educação infantil para o desenvolvimento humano e as práticas pedagógicas e metodologias utilizadas na educação infantil.

Nesse sentido, Paulo Freire, Emília Ferreiro e Rubem Alves são três referências importantes na área, que propõem uma abordagem pedagógica centrada no sujeito e na construção do conhecimento. Paulo Freire defendia uma educação crítica e libertadora, capaz de promover a conscientização e a ação política dos sujeitos. Emília Ferreiro, em sua obra, revolucionou a compreensão do processo de alfabetização, ao mostrar que a criança é um sujeito ativo e construtor do seu próprio conhecimento. Já Rubem Alves traz uma abordagem poética e lúdica da educação, em que o prazer e a imaginação são valorizados como instrumentos para o aprendizado.

O objetivo deste artigo é apresentar uma revisão de literatura sobre a educação infantil, com base em pesquisas e estudos teóricos de atores que abordaram a Educação Infantil como norte balizador da formação do ser humano. Pretendemos explorar as perspectivas desses três autores sobre a educação infantil, buscando identificar as convergências e divergências entre elas, e refletir sobre as implicações dessas perspectivas para a prática pedagógica na educação infantil. Por meio dessa análise, esperamos contribuir para a compreensão mais aprofundada da importância da educação infantil, bem como para o aprimoramento das práticas pedagógicas desenvolvidas nessa etapa da educação básica.

DA PERSPECTIVA DE PAULO FREIRE:

Paulo Freire enfatizava a importância do diálogo na educação infantil. Para ele, o educador deve estar aberto ao diálogo com as crianças, ouvindo suas ideias e opiniões, e estimulando a reflexão crítica: "A educação infantil deve ser um diálogo, uma troca constante entre educador e educando. É preciso que as crianças sejam ouvidas, que suas vozes sejam respeitadas." (Freire, 1996).

Em sua obra "Pedagogia da Autonomia", Freire afirma que a educação infantil deve ser pensada como um espaço de vivência, onde as crianças possam experimentar, descobrir e aprender a partir de suas próprias experiências. Para ele, a educação infantil deve ser um momento de liberdade e criatividade, onde a criança possa se expressar e desenvolver sua capacidade de pensar criticamente: "A criança tem que ser livre para brincar, para descobrir o mundo. Brincando, ela aprende a lidar com a realidade e a construir sua identidade." (Freire, 1996)

Além disso, o educador defendia que a educação infantil deve ser pensada de forma integrada, contemplando não apenas o aspecto cognitivo, mas também o social, emocional e afetivo da criança. Para ele, a educação deve estar a serviço da vida, e não o contrário: "A educação infantil deve ser pensada como uma prática social que busca a formação de sujeitos autônomos e críticos. Ela deve estar a serviço da vida, da felicidade, do bem-estar das crianças." (Freire, 1996)

Por fim, o educador destacava que a educação infantil deve ser uma prática política, que busca a transformação da sociedade. Para ele, a educação não deve ser neutra, mas sim comprometida com a luta por uma sociedade mais justa e igualitária:

"A educação infantil deve ser pensada como uma prática política, que busca a transformação da sociedade. É preciso que as crianças aprendam a lutar por seus direitos, a respeitar as diferenças, a construir uma sociedade mais justa e solidária." (Freire, 1996)

Em resumo, as ideias de Paulo Freire sobre a educação infantil são bastante atuais e relevantes. Ele defendia uma educação crítica e transformadora, que valorizasse a experiência e o diálogo, e que estivesse a serviço da vida e da transformação da sociedade. Essas ideias continuam a inspirar educadores de todo o mundo na construção de uma educação infantil mais humana e transformadora.

EMÍLIA FERREIRO E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL:

A educação infantil é um período crucial no desenvolvimento da criança. É neste período que a criança desenvolve suas habilidades cognitivas, sociais e emocionais, além de aprender valores e conhecimentos básicos para sua vida futura.

Emília Ferreiro, enquanto pesquisadora e psicóloga, investigou como as crianças aprendiam a ler e escrever, e observou que o processo era muito diferente do que se acreditava até então.

Segundo Ferreiro, as crianças não aprendem a ler e escrever apenas por meio de memorização, como se acreditava antigamente. Em vez disso, elas desenvolvem hipóteses sobre a linguagem escrita a partir de suas próprias experiências e da observação do mundo ao seu redor. Ferreiro chamou esse processo de “psicogênese da língua escrita” (FERREIRO, E.; TEBEROSKY, 1986), que é a construção gradual do conhecimento sobre a linguagem escrita que a criança desenvolve ao longo de sua vida.

Para Ferreiro, a alfabetização é um processo complexo que envolve diversas dimensões, como a cognitiva, a afetiva e a social. Ela defende que a criança precisa compreender a lógica da escrita para que possa se apropriar dela de forma significativa. Por isso, é importante que a educação infantil seja baseada em atividades que permitam às crianças explorarem e experimentarem a linguagem escrita de forma livre e criativa.

Ferreiro também destaca a importância da interação social no processo de alfabetização. Ela afirma que as crianças aprendem muito com os outros, e que é fundamental que o ambiente escolar proporcione momentos de diálogo e troca de ideias entre os alunos e com os professores. Além disso, ela ressalta que é importante que o professor esteja atento às hipóteses que as crianças estão desenvolvendo sobre a linguagem escrita, para que possa ajudá-las a avançar em seu processo de aprendizagem.

RUBEM ALVES E A IMPORTÂNCIA DA LUDICIDADE DO ENSINO:

A educação infantil é uma fase fundamental na formação do indivíduo, pois é nesse momento que a criança começa a desenvolver habilidades e competências que serão essenciais ao longo da vida. Para Rubem Alves, um dos mais renomados educadores brasileiros, a educação infantil deve ser pautada na criatividade, na ludicidade e na afetividade, a fim de proporcionar um ambiente agradável e estimulante para a criança.

Rubem Alves defendia que a educação infantil deveria ser conduzida de forma lúdica e prazerosa, para que a criança se sentisse à vontade para aprender. Segundo ele, a brincadeira é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e afetivo da criança, pois permite que ela explore o mundo e experimente diferentes formas de interação social.

Além disso, Rubem Alves também destacava a importância da afetividade na educação infantil. Para ele, o afeto é o alicerce do desenvolvimento humano, pois é a partir dele que a criança se sente segura para explorar o mundo e construir suas próprias experiências. Segundo Alves:

"O afeto é o ponto de partida para qualquer aprendizado. Sem afeto não há curiosidade, não há interesse, não há motivação. A escola deve ser um lugar que acolhe a criança, que a abraça, que a faz sentir-se segura e confiante para experimentar coisas novas".

Outro aspecto destacado por Rubem Alves é a criatividade. Para ele, a criatividade é a capacidade de pensar de forma original e produzir algo novo e único. Na educação infantil, é importante estimular a criatividade da criança, pois ela é essencial para o desenvolvimento de habilidades como a resolução de problemas, a inovação e a adaptação às mudanças.

Nesta toada, a educação infantil deve ser pautada na criatividade, na ludicidade e na afetividade, para que a criança se sinta à vontade para aprender e explorar o mundo. Suas ideias continuam relevantes até hoje, e muitos educadores vêm adotando suas propostas para aprimorar a educação infantil. Com a visão de Alves, é possível proporcionar um ambiente agradável e estimulante para a criança, contribuindo para seu desenvolvimento integral e formando indivíduos mais criativos, afetuosos e autônomos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS:

Paulo Freire, Emília Ferreiro e Rubem Alves são três importantes pensadores da educação que têm em comum a defesa de uma abordagem pedagógica centrada no aluno e na construção do conhecimento. Embora tenham visões distintas sobre a educação infantil, é possível encontrar pontos de convergência entre as suas perspectivas.

Paulo Freire é conhecido mundialmente pela sua teoria da pedagogia crítica, que propõe uma educação libertadora e transformadora, capaz de promover a conscientização e a ação política dos sujeitos. Na perspectiva de Freire, a educação infantil deve ser uma prática dialógica e participativa, em que o professor e o aluno estabelecem uma relação de horizontalidade e respeito mútuo. O objetivo da educação infantil, segundo Freire, é promover a construção do conhecimento a partir da experiência de vida da criança, estimulando a sua curiosidade e criatividade.

Emília Ferreiro é uma pesquisadora argentina que revolucionou a compreensão do processo de alfabetização, ao mostrar que a criança não é uma tabula rasa, mas sim um sujeito ativo e construtor do seu próprio conhecimento. Na visão de Ferreiro, a educação infantil deve levar em conta as diferentes fases do desenvolvimento cognitivo da criança, oferecendo estímulos adequados às suas necessidades e interesses. A alfabetização, nessa perspectiva, não é um processo mecânico de decodificação de símbolos, mas sim uma construção social que se dá a partir da interação da criança com o mundo.

Rubem Alves foi um escritor e educador brasileiro que defendia uma abordagem poética e lúdica da educação, em que o prazer e a imaginação são valorizados como instrumentos para o aprendizado. Na visão de Alves, a educação infantil deve ser uma experiência prazerosa e criativa, em que a criança possa explorar livremente o mundo e construir o seu conhecimento de forma autônoma. Para ele, a educação infantil não deve se limitar aos conteúdos curriculares formais, mas sim oferecer um ambiente acolhedor e estimulante para o desenvolvimento integral da criança.

Em síntese, as perspectivas de Paulo Freire, Emília Ferreiro e Rubem Alves sobre a educação infantil convergem na defesa de uma abordagem pedagógica centrada no aluno e na construção do conhecimento. Para esses autores, a educação infantil deve ser uma prática participativa, respeitando o ritmo e as necessidades da criança, e promovendo o desenvolvimento integral do sujeito.

REFERÊNCIAS:

ALVES, Rubem. O prazer de ensinar. São Paulo: Ars Poética, 2001.

ALVES, Rubem. A escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir. Campinas, SP: Papirus, 2001.

ALVES, Rubem. Variações sobre a vida e a morte: o jogo da vida e outros escritos. Campinas, SP: Papirus, 1996.

FERREIRO, E.; TEBEROSKY, A. Psicogênese da língua escrita. Tradução de Diana Myriam Lichtenstein et al. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. 25. ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

Maria da Luz Alves de Araújo Santos e Rodrigo dos Santos Sousa e Paula Catandubas Oliveira
Enviado por Escritores lndependentes em 21/03/2023
Reeditado em 21/03/2023
Código do texto: T7745022
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