Educar ou ensinar?
Há um dilema na escola: qual é a real função do professor em sala de aula? Educar ou ensinar? Essas duas palavras podem ser confundidas facilmente se não observados seus significados práticos. De acordo com o seu sentido mais amplo, educar compreende socializar, ou seja, é transmitir, desde a infância, hábitos ao indivíduo para que ele possa se ajustar à sociedade em que vive. Já ensinar está relacionado ao ato de transmitir um conhecimento específico sobre um determinado assunto ou coisa, a fim de que o indivíduo possa adquirir certas habilidades e aptidões.
Apesar de algumas diferenças lógicas, os dois termos estão incorporados ao sistema de ensino como se tivessem a mesma fundamentação. Além disso, de acordo com a ótica de alguns pais, e perante àquilo que vemos e presenciamos nas escolas, tanto educar quanto ensinar englobam um conjunto de obrigações, as quais ora se misturam com obrigações familiares, ora com obrigações de um professor. Pela lógica, o aluno deveria chegar à escola educado, ou seja, socialmente pronto para interagir com os colegas, necessitando apenas ser ensinado os conteúdos básicos como português, matemática, geografia, história etc. Todavia, os fatos não acontecem seguindo esse roteiro.
Com muita frequência, alguns profissionais da educação dizem, ironicamente, que em sala de aula eles conseguem ser quase tudo, menos professores. Isto é, são levados mais a educar do que ensinar. Sobre tudo isso que ocorre, muitos profissionais da área da educação dizem se tratar de inversão de valores, onde o professor é obrigado a tomar atitudes e assumir posturas que necessariamente deveriam ser tomadas por parte da família.
Existe um ditado que diz: “ a escola ensina, os pais educam”. E isso é fato. Uma criança que chega à escola fazendo birra, por exemplo, torna-se um “trabalho extra” para o professor, pois além de o profissional destacar seu tempo para ensinar os conteúdos, que é o objetivo principal da aula, ele terá que buscar um meio de fazer com que aquela criança se acalme para que assim a aula possa efetivamente ocorrer. Em resumo, todo o trabalho gasto pelo professor para fazer com que a criança se acalme, faz com que grande parte do processo de ensino programado para aquele momento seja prejudicado. Em resumo, o tempo perdido é muito grande.
A realidade dos fatos é que, apesar de a escola ser o segundo lar para muitas crianças, a família não pode deixar a cargo da instituição um processo tão singular que é educar. Além disso, em todo esse processo há detalhes muito particulares que o professor ou outro membro da comunidade escolar jamais poderia fazerem tão bem como o pai ou a mãe o fazem. Estes sim conhecem a realidade da criança, e, portanto, para educar eles são a melhor escolha.