O desastre do Novo Ensino Médio
“O Novo Ensino Médio pretende atender às necessidades e às expectativas dos jovens, fortalecendo o protagonismo juvenil na medida em que possibilita aos estudantes escolher o itinerário formativo no qual desejam aprofundar seus conhecimentos.” diz o portal do MEC. O discurso é muito bonito, mas na prática a realidade é bem diferente.
O aumento da carga horária total, a introdução dos itinerários formativos e a redução da carga horária das disciplinas já existentes são as principais mudanças do NEM (novo ensino médio). Com a introdução dos itinerários formativos que são, segundo o MEC ”O conjunto de disciplinas, projetos, oficinas, núcleos de estudo, entre outras situações de trabalho, que os estudantes poderão escolher no ensino médio.” foi necessário remanejar a carga horária, o que levou ao aumento da carga horária total e ao mesmo tempo a redução da carga horária das disciplinas já existentes no “antigo ensino médio”.
Será que isso de fato é algo bom? Não, a ideia de novas disciplinas para que os alunos possam aprender coisas novas é boa, mas a execução entretanto está sendo uma completa bagunça! Os principais problemas disso são: total falta de padronização dessas novas disciplinas entre os estados, cidades e escolas; os professores em sua maioria não estão preparados para aplicá-las; algumas dessas disciplinas são quase que inúteis se levado em conta a importância das matérias tradicionais. O conjunto desses fatores aumenta portanto a desigualdade social, pois as escolas privadas e de mais alto nível poderão fazer melhor esse remanejamento e ofertar os itinerários formativos com melhor qualidade de ensino.
Não pense que os problemas acabaram. A diminuição das matérias tradicionais é um problema sério, apenas Língua Portuguesa, Matemática e Língua Inglesa são obrigatórias em todos os anos do ensino médio. Será que essa supressão de disciplinas tradicionais não irá dificultar a aplicação de todo o conteúdo que essas matérias têm a oferecer? Será que isso não irá influenciar negativamente o desempenho dos alunos no ENEM? Será que a falta parcial ou total de disciplinas como Filosofia e Sociologia não irá minar o pensamento crítico que a escola deveria em tese desenvolver em seus alunos? Infelizmente acho que a resposta é sim para todas essas perguntas.
Espero que o NEM seja substituído o mais depressa possível por um “novo, novo ensino médio”. Espero que os alunos tenham as disciplinas tradicionais garantidas e também que possam aprender sobre: ética; leis; direitos e deveres; educação financeira; métodos de estudo e tudo mais que possa ajudar na formação acadêmica, profissional e cidadã dos mesmos. Seria também de muito bom gosto ter psicólogos nas escolas para ajudar os alunos, muitos deles precisam, mas não tem essa ajuda. Devíamos começar a nos preocupar mais com o bem estar dos alunos do que apenas se vão ou não tirar boas notas.