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Lembro-me dos meus tempos de colégio. Assunto dado em sala de aula, esquecido no papel e lembrado apenas no dia anterior à prova e, esquecido após a prova. Assim como era em meus tempos de estudante, assim também acontece atualmente com milhares de jovens. Entram e saem das escolas com o mínimo de aproveitamento de tudo que lhe é passado, claro que devemos considerar que a escola brasileira sufoca seus alunos com intermináveis quantidades de assuntos, muitas vezes com propósitos medíocres. E infelizmente por uma falta de conhecimento, este hábito adquirido durante a fase escolar, acompanha muitos indivíduos durante toda vida. Melhor explicar fazendo um paralelo entre o que acontece em nossa fase de estudante e o que ocorre em uma fase posterior em diversos momentos da vida. Vejamos o que diz o primeiro trecho da primeira frase: “assunto dado em sala de aula...” seria possivelmente comparado aos momentos em que temos à nossa frente uma determinada ideia de objetivo que desejamos, algo que queremos e que nos é apresentado diante de nossos sentidos, poderia ser qualquer coisa em nossa vida que queremos alcançar. No segundo trecho está escrito: “...esquecido no papel e lembrado somente no dia anterior à prova...” demonstra o descompromisso que temos com os propósitos que queremos alcançar. Por diversas vezes temos a motivação para realizarmos um propósito em nossa vida e assim o fazemos. Porém, não continuamos a praticá-lo com constância e persistência. Então resta-nos o que sugere a terceira frase do texto, que diz: “...e, esquecido após a prova...”. Esta terceira e última frase de nossa análise descreve bem a mais habitual situação que a maioria das pessoas enfrentam como desfecho de vários intentos que poderiam tê-las conduzido ao sucesso, ao invés, e muito pelo desconhecimento sobre o processo de aquisição de maestria, abandonam seus objetivos. Até seguem com outros propósitos, mas, da mesma forma, continuam iniciando e desistindo um período após o outro. Entram em um ciclo de fracasso permanente. Isto, na maioria das pessoas continua até o final de suas vidas, pois estas não conseguem se livrar das ideias que se tornaram uma crença, um verdadeiro hábito maléfico. Sim desta forma também praticamos com constância, porém, práticas que só nos conduzirão a uma vida de descontentamento.

Diante deste apanhado inicial fica mais fácil chamar atenção àqueles que desejam obter sucesso em suas vidas, digo que precisam antes de mais nada entender o mínimo sobre aquele que é responsável pela obtenção e permanência das memórias construídas em nosso dia a dia, responsável por toda demanda de informações que são entregues a nós através de nossos sentidos, responsável por nos entregar ideias que nos direcionam à excelência. Falo do encéfalo.

É necessário que conheçamos esta estrutura antes de mais nada, e não falo de um conhecimento aprofundado sobre as suas infindáveis funções e anatomia. Porém, que ao menos tenhamos ideia de como ele pode nos ajudar a alcançar qualquer objetivo desejado. Basta que para isto saibamos usá-lo de forma apropriada.

O meu mais profundo desejo é suscitar através deste tema a vontade daqueles que precisam de estímulo para uma constante busca pela habilidade em determinadas áreas que os impulsionem para uma vida com maior qualidade e realizações. Objetivos que por muitas vezes lhes escapam das mãos. Escapam, muitas destas vezes pela falta deste conhecimento básico que aqui, neste texto, tenho a pretensão que entendam e se apropriem.

Bilhões de neurônios e muitos mais outros bilhões de outras células auxiliares realizando uma intensa e ininterrupta comunicação entre seus pares através de sinapse (espaço entre as terminações nervosas pré-sináptica e pós-sináptica onde neurotransmissores realizam o papel de mensageiros), formam esta massa que possuímos em nossa caixa craniana. Uma estrutura que se modifica conforme a chegada de informações externas ou internas, melhorando a nossa capacidade em qualquer habilidade por nós escolhida e continuamente exercitada. Claro que sabemos dos prejuízos por nós causados quando não escolhemos treinar habilidades e sim remoer pensamentos que, nos conduzem à aquisição de convicções que nos levam a uma realidade de fracasso. De qualquer forma, quero me ater em falar para aqueles que pretendem usar esta estrutura para superar e adquirir durante suas investidas, doses de sucesso que a vida nos oferece de forma discreta.

Como já relatei anteriormente, não é minha intenção descrever sobre a estrutura anatômica de nosso Sistema Nervoso Central, apenas me utilizo de informações que penso ser necessárias para o entendimento daquilo que mais tenho desejo que cada um, enquanto leitor deste ebook compreenda, o fato de que o nosso cérebro se organiza para o declínio ou para o sucesso, dependendo apenas da nossa ação diária direcionada e mantida durante um período que se faz necessária a aquisição de um hábito. Aproveito para aconselhar àqueles que se sentirem incomodados com repetições de ideias já mencionadas anteriormente, dizer que as faço de forma intencional, e dentro da ótica do texto, que visa levar o leitor à compreensão do conceito de que a repetição é o que interessa ao nosso cérebro na fase de aquisição e aperfeiçoamento do conhecimento permanente e excelente.

Não vou negar que, muito pela falta de entendimento deste importante conceito, me frustra de vez em quando saber que tantas e tantas vezes me entreguei ao aprendizado de determinadas habilidades na expectativa de obter sucesso em minhas investidas, e não foram poucas: língua estrangeira, instrumentos musicais, aprendizagem de determinadas áreas da ciência, entre outras. Sentia-me motivado para alcançar meu objetivo, iniciava a caminhada sempre esperando que as coisas acontecessem durante os dias em que me dedicava a determinado aprendizado. Não demorava muito, a motivação se esvaía e seguia-se o afastamento do propósito. Lembro-me também que por diversas vezes decorriam-se semanas após minha dedicação e pouco percebia sobre o resultado esperado e que deveria me trazer contentamento. Essa falta de resultado imediato era um forte elemento que também contribuía para a minha desistência.

O despertar me veio em um momento específico de minha vida quando me deparei com um livro que falava sobre o “coração e como usá-lo”. Um livro de cardiologia que me interessou por eu ser educador físico e apaixonado pela fisiologia do exercício. Na verdade, um manual, detalhava a forma correta de usar este órgão e o nosso corpo em prol do mesmo. Pensei que, se havia um livro como manual sobre este órgão, deveria haver outros sobre a nossa “máquina de pensar”. Em minha busca o que encontrei não foi um livro pronto, como um manual, mas um apanhado de artigos e livros que me indicavam o caminho para entender melhor como usar essa nossa máquina poderosa de pensar.

Acredito muito que, se ficarmos atentos aos conselhos dos sábios, me refiro aos escritos relatados em livros recheados de instruções e histórias muitas vezes de uma vida da vida de alguém que se dedicou a tudo aquilo que agora, enquanto leitores, temos o interesse em saber, e às leis estabelecidas que regem nossas vidas. Evidentemente não desprezando a regra que nos orienta a realizarmos tudo aquilo que desejamos, respeitando a nós e ao próximo, poderemos realizar tudo aquilo que quisermos. E tudo aquilo que queremos, que seja o suficiente para que nos sintamos protagonistas de nossas próprias vidas.

Somos seres dotados de uma magnífica estrutura pensante. Sendo assim, quero aqui de forma simples e clara orientá-lo à não desistência de qualquer projeto que deseja alcançar. Sigamos então um resumo básico, porém, primordial para que você acredite que tudo acontece enquanto você se dedica àquilo que verdadeiramente busca alcançar e que não deve ser deixado para trás.

O APRENDIZADO PROPRIAMENTE DITO

Em termos de aprendizagem, falo aqui da aquisição e fixação da informação consumida habitualmente, aquilo que é considerado aprendizado de longo prazo com prática constante, vejamos como exemplo o aprendizado de um instrumento musical, o aprendizado de uma língua estrangeira ou uma outra realidade desse mesmo aspecto ou semelhante, o encéfalo está um tanto afastado de sua percepção imediata. É preciso que a tarefa seja por você executada habitualmente enquanto sua estrutura e funcionamento sofram suaves modificações. Substâncias e estruturas outras, são sinalizadas durante o processo de aprendizado. Genes produzem proteínas que seguem em direção às sinapses e as demais estruturas do neurônio, modificando-o conforme cada realidade apresentada a ele. Liga-se tanto de forma quantitativa quanto de forma qualitativa no que se refere aos seus prolongamentos. Segue-se assim à criação de mapas cerebrais mais complexos e aptos a receber e se somar aos novos conhecimentos. Produzindo uma nova estrutura para novas realidades. É seguindo o critério da constância e da persistência que conseguiremos transformar nossas memórias de curto prazo, naquelas que são conhecidas como memória procedural que nos vêm à luz quando necessitamos utilizá-la. É como a habilidade que adquirimos em dirigir um automóvel, que depois de várias tentativas e erros a tornamos algo praticamente inesquecível e acessível de forma inconsciente.

Durante este processo devemos executar e crer em algo que ainda não se tornou perceptível, as modificações estruturais e sinápticas que são responsáveis pelo armazenamento de longo prazo, ocorrem de forma sutil. Aprender não é algo tão abstrato como pensa a maioria das pessoas. Como já foi relatado anteriormente, devem ocorrer modificações estruturais, é necessário que determinados genes sejam ativados, produzam determinada proteína que será responsável por tais modificações na estrutura dos neurônios e em sua sinapses que fixarão o conhecimento e, agora estarão perceptíveis e críveis para que possa ser, em tempo e situação, solicitado.

Não depende tanto daquilo que, provavelmente, você pensa sobre “ser inteligente ou não”. Depende muito mais da persistência que se tem diante da realidade que se quer aprender e apreender.

Sendo assim, a desistência pode lhe impedir de alcançar o que deseja, e esta, muitas vezes, se veste de sensatez e nos engana por que talvez saiba que muitos de nós somos vulneráveis aos seus conselhos por não compreendermos o alcance de nossa persistência e de nossa constância naquilo que nos propomos a querer realizar. No entanto, basta que acreditemos de fato que a maior parte das nossas realizações começam a existir a partir do momento que decidimos não parar, modificamos este caminho de desistência. Então, até que consigamos aquilo que realmente queremos, não devemos nos render. Por isso o conselho que lhe entrego e que talvez você pense ser muito simples está em uma única palavra: PROSSIGA!!!

Claudio Almico
Enviado por Claudio Almico em 03/12/2022
Código do texto: T7664008
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