A importância do Brincar

“Confiar na força do Brincar”, este é o tema da semana mundial do Brincar que, este ano, é comemorado entre os dias 21 e 29 de maio. O brincar, no entendimento de muitos adultos, pode ser apenas um momento para distrair a criança enquanto aqueles realizam suas atividades do cotidiano. Na atualidade, com o avanço tecnológico, muitas famílias têm utilizado os smartphones como um dispositivo para manter as crianças distraídas, diferentemente de tempos passados, quando não existiam os celulares e nem internet, e as crianças verdadeiramente brincavam, suavam, corriam, pedalavam e gastavam muitas energias.

As brincadeiras e jogos virtuais têm tomado espaço das brincadeiras tradicionais, e isso tem trazido para nossa geração inúmeros problemas de naturezas diversas, além dos problemas de saúde, como obesidades, diabetes, hipertensão arterial e aumento do colesterol, pois cada vez mais as crianças têm trocado as práticas de atividades físicas por brincadeiras virtuais na internet.

Uma criança que tem uma infância sem oportunidades e opções para brincar poderá ter problemas de interação social e psicológicos, tais como crises de ansiedade e isolamento, etc. Assim ocorre com muitas crianças em áreas rurais, por exemplo, onde os pais vivem da produção agrícola ou pecuária e precisam sustentar a família com aquelas atividades e na maioria das vezes levam os filhos para ajudá-los nas suas atividades, retirando-os da escola. Essas crianças passam o dia todo em trabalhos, por vezes pesados, e com isso perdem parte de sua infância em razão daquela necessidade familiar.

Até mesmo em nossas escolas o brincar tem perdido espaço diante do acúmulo de currículos e conteúdos exigidos. Escolas que são construídas sem espaços recreativos, sem parquinhos, sem áreas para práticas de lazer e salas de aulas pequenas, na maioria das vezes abarrotadas de crianças.

Muitas vezes, quando um professor resolve tirar os alunos da sala de aula e levá-los para um pátio e ali promover brincadeiras, poderá ser mal interpretado por colegas que até imaginam: “lá vem aquele professor de novo fazendo barulho no pátio para atrapalhar as nossas aulas. Ele quer é fugir de ministrar aula”. Parece brincadeira, mas precisamos levar a sério as brincadeiras de crianças na escola. Cada vez mais temos visto casos de violência se proliferarem no ambiente escolar, casos de atentados, crises de ansiedade, depressão, alunos que ateiam fogo em professores, drogas no ambiente escolar, dentre tantas outras situações. Analisando os benefícios do brincar podemos observar que ele tem um poder socializador muito grande, além de contribuir para o desenvolvimento emocional e cognitivo da criança e de suas habilidades motoras. Portanto, o brincar na escola não é apenas um passatempo, ou um momento “para encher linguiça”, mas é um recurso poderoso que pode transformar a realidade de uma determinada comunidade escolar.

Precisamos enxergar a educação não apenas como um meio de preparo para o futuro mercado de trabalho daquela criança, é preciso pensar na formação da criança como um todo, entender que a criança está passando por uma fase na qual as brincadeiras fazem parte da sua natureza e desenvolvimento, desta forma, precisamos canalizar esta fonte e integrar essa às nossas ferramentas didáticas para obter êxito no processo de ensino aprendizagem.

Texto publicado no Jornal Pensar a Educação em Pauta, em 27 de maio de 2022. (http://pensaraeducacao.com.br/pensaraeducacaoempauta/a-importancia-do-brincar/)