UMA DISCUSSÃO CRÍTICA SOBRE A MÚSICA “COMIDA” ARNALDO ANTUNES/MARCELO FROMER E SÉRGIO BRITTO (TITÃS) II

*Aires José Pereira

A Educação não é dom divino, porém não é casa da Mãe Joana que todos devem colocar a mão e lavá-las tempo depois, sem nenhum compromisso. Aliás, acredito que a mesma está do jeito que está em função, também, da falta de compromisso de alguns professores.

Então, antes de tudo, o professor, ao assumir uma cadeira na educação deveria passar por um teste de aptidão e assinar um termo de compromisso com a mesma. Além disto, o professor deveria no mínimo ter discernimento/entendimento do que é poesia. O professor não precisa ter a sensibilidade do poeta, mais deveria ter a sensibilidade da poesia para ter a sensibilidade da educação de fato.

Quando afirmamos que o professor não precisa ter a sensibilidade do poeta, mas precisa ter a sensibilidade de entendimento da poesia quero concordar com Emmanuel Carneiro Leão em seu livro Aprendendo a Pensar nos afirma o seguinte:

O poeta recolhe o discurso na liberdade da paisagem. Para não encolher-se na prosa de uma narrativa, escolhe a liberdade da poesia em que, recolhendo o discurso, deixa a paisagem vir a si mesma na Linguagem. Escolher não é superar. O poeta não ultrapassa, mas se recolhe no que escolhe. Pois só colhido pela Linguagem é que a verdade da paisagem o faz acolher o discurso na poesia. Ser poeta não é construir outro discurso ao lado ou além ou aquém das estruturas narrativas de uma gramática fundamental. É restituir o peso ao discurso da língua na gravidade da Linguagem. O poeta é poeta por descobrir-se tão imerso no mistério da Linguagem que toda poesia, sendo a impossibilidade de falar sobre a linguagem, o leva a sentir nesta impossibilidade a Linguagem de toda a poesia. A Linguagem é ela mesma. Ser ela mesma é recolher sempre ao viajante na viagem da impossibilidade de discursar sobre a Linguagem. Deixar-se colher pelo recolher da Linguagem torna o viajante poeta nas vias da paisagem.

Nós temos que fazer o caminho inverso do poeta. Temos que ir ao mundo paisagístico do poeta e retirar a essência de suas ideias poéticas. Quer dizer, temos que entender a sua Linguagem e traduzi-la de tal forma que nossos alunos tenham mais gosto, interesse e conhecimento sobre a poesia. A poesia e o poeta têm muito a nos ensinar, é pena que ainda não tenhamos as vias abertas para esta sensibilidade poética que os poetas têm.

Na verdade, existem limites e possibilidades mil de se trabalhar a interdisciplinaridade poética em sala de aula. Depende de cada professor. Depende da disposição de cada um em aprender a ser interdisciplinar. Não basta pegar um tema “X” e cada professor trabalhar a sua disciplina sobre ele e achar que isto já é interdisciplinaridade. O professor tem que buscar ser também interdisciplinar. É muito difícil, mas necessário para sua própria sobrevivência enquanto tal.

*Aires José Pereira é graduado e especialista em Geografia pela UFMT, mestre em Planejamento Urbano pela FAU-UnB, Dr. em Geografia pela UFU. É escritor com 18 livros publicados. É professor Associado I no curso de Geografia na UFR. É coautor do Hino Oficial de Rondonópolis. É membro efetivo da Academia de Letras de Araguaína e Norte Tocantinense.

Aires José Pereira
Enviado por Aires José Pereira em 31/05/2022
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