O ensino no Brasil
A educação no Brasil é refém de um sistema subordinado a interesses políticos e econômicos que desabilita as escolas de ensinar. O número elevadíssimo de aprovações, apenas acontece em função de metas políticas externas e da obrigatoriedade em atingir objetivos que estão fora da realidade e do propósito do saber.
Os alunos passam sistematicamente de ano, sem que lhes seja exigido o domínio das matérias e saem da escola absolutamente despreparados para exercer as suas atividades profissionais. Essa situação, parece refletir uma realidade aparelhada a um estado caótico geral de prepotência, descaso, insubordinação e corrupção que cada vez mais assola o cenário do país e do Estado.
Por isso, quando se fala em reformas de ensino, como é o caso do programa do novo Ensino Médio, o questionamento aponta para a inoperacionalidade de um sistema que está condenado, à partida, ao insucesso.
Como é possível testar e aguardar resultados positivos quando a própria escola não cumpre a sua função básica que é a de ensinar? Como ensinar se não existe ensino? As reformas só são viáveis quando existe terreno propício para que elas se fundamentem, aconteçam e prosperem. Parece faltar o primeiro elo de uma cadeia...
Aos "freiristas" e à sua filosofia modernista, mas desatualizada na apologia do "aluno protagonista", parece ter sido dada a missão de arrastar, a qualquer custo, a justificativa e o mal entendido de que, ao aluno (protagonista e ignorante), deve ser dado o livre arbítrio para decidir sobre o seu futuro e a sua conduta. Enquanto isso, a missão do professor não é mais a de mediador do conhecimento, mas sim a de um personagem desrespeitado e desautorizado em exercer o seu papel legítimo de condutor de boa parte do processo. Isso, faz com que a escola pareça isenta e ilibada de uma das suas principais funções e responsabilidade que é a de conduzir disciplinarmente o aluno (punindo-o justificadamente), enquanto ele não tem o amadurecimento necessário e suficiente para opinar e decidir.
As políticas modernistas de inclusão também teimam em apontar para um sistema equalitário forçado (irreal), em que os alunos "especiais" são misturados na sala de aula dita "normal" e acabam por padecer e complicar a vida dos seus colegas e professores, tudo isso em nome de um sistema que não investe em salas de aula especiais através de espaços próprios, com materiais próprios e professores especializados. Ou seja, proclama-se o modernismo e o avanço, mas o sistema não implanta as pilastras básicas necessárias para que o progresso se instale e para que a educação possa realmente apresentar soluções que libertem o país desse pesado e inoperante paradigma.
É legítimo dizer-se que o Estado não prioriza a educação, não valoriza os professores e não apoia as escolas. Mas, se olharmos a questão como um todo, notamos que o problema é muito mais vasto e complexo, e que a responsabilidade não é só do governo. Afinal, todos são responsáveis pela inoperância, falta de reflexão e pela corrupção de um modelo, quando aceitam a situação e a usam muitas vezes para tirar proveito próprio; seja através de promoções de carreira, nepotismo, favorecimentos, ou mesmo, para aproveitarem alguma oportunidade fácil e imediata.
Dessa forma, o ensino no país não padece de falta de ideias, de pessoas ou de programas, mas sim de reformas básicas e profundas que passam elementarmente por um novo modelo de consciência dos seus cidadãos e que, infelizmente, parecem estar cada vez mais distantes, num cenário político-social em que as desigualdades e os interesses econômicos (pessoais e governamentais) ditam as regras e estão quase sempre muito além de todo e qualquer sonho de mudança.