“Vou ir”! O feio também existe!
É estranho? Sim. É meio feio? Sim, também. Mas creia que existe e está gramaticalmente correto.
O que pode parecer estranho para alguns é o fato de que o verbo ir, que é auxiliar em diversas outras expressões representativas da ideia de futuro mediante locução verbal – como vou trabalhar, vou fazer, vou pensar – está sendo empregado, no caso, como auxiliar de si mesmo (ir [auxiliar] + ir [principal]).
E uma atenta análise mostra que situação idêntica se dá com outros verbos, que também acabam sendo empregados como auxiliares de si próprios em locuções verbais de mesma estrutura: há de haver, tinha tido, vinha vindo. E, ao que se sabe, ninguém pensa em condenar tais expressões, ou ver nelas algum sinal de equívoco gramatical.
Como sinal de seu emprego por poetas e cultores de nosso idioma, é interessante verificar que Paulinho da Viola, na canção Sinal Fechado, assim diz em um certo verso: "Eu vou indo, correndo, pegar meu lugar no futuro".
E Vinícius de Moraes, na canção Você e Eu, que fez em parceria com Carlos Lyra, também assim pôs seus versos: "Podem preparar / Milhões de festas ao luar, / Que eu não vou ir. / Melhor nem pedir, / Que eu não vou ir, não quero ir". ALVES, Celma. 2022.