AS PEGADINHAS DO ENEM
Prólogo
Para confundir candidatos e testar seu poder de escapar às questões feitas para induzir o estudante ao erro, na era do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) as pegadinhas não se escondem. Elas fazem parte da estrutura das questões. Aliás, as famigeradas pegadinhas estão em todos os concursos. Portanto, todo cuidado será pouco!
Outrora, quando eu era adolescente, via algum estudante perguntando ao professor (a): “Pode me explicar melhor essa questão? E o professor (a), com ar de impaciência e olhar bovino dizia: “A sua interpretação faz parte da questão.”.
ALGO MUDOU NOS DIAS DE HOJE
Antes as questões eram muito mais discursivas. A prova discursiva ou simplesmente discursiva é uma questão aberta, na qual o candidato precisa se posicionar a respeito de um tema ou situação apresentado pela Banca Examinadora em uma quantidade predefinida (Antes da reforma ortográfica se escrevia "pré-definida". – Nota do Autor) de linhas. As bancas têm eliminado muitos candidatos na prova discursiva.
Esse tipo de exame, caracterizado por uma redação sobre um tema, tem se tornado cada vez mais comum em concursos, e é um tipo de prova direcionada para avaliar as habilidades discursivas de um candidato.
Vou dar um simples exemplo em duas frases utilizando “demais” junto e “de mais” separado:
1. Caminhei demais e por isso fiquei cansado.
2. Por estar cansado, na hora do lanche, comi de mais.
Nesses dois exemplos o professor (a) poderá concitar seus alunos a escreverem no máximo cinco linhas para explicarem a utilização de: “demais” e “de mais”. Ora, “demais” junto é um advérbio de intensidade. Já o “de mais” separado é também um advérbio, mas é de quantidade. A diferença é sutil, mas no contexto se evidencia a diferença como um grito no silêncio.
Explicando melhor: Apesar de serem parecidas, “demais” e “de mais” expressam diferentes sentidos. Enquanto “demais” pode ser um advérbio relacionado à intensidade ou um pronome indefinido, “de mais” é uma locução adverbial que passa a ideia de quantidade.
Ah! Não me custa lembrar que “demais” também pode ser empregada como substantivo. Exemplos: Coube aos demais absorver aquele acontecimento. Quanto aos demais, que se acostumem às novas regras já em vigor.
AS MUDANÇAS QUE HOUVE
Mas o que mudou nos dias de hoje? É claro que as redações são uma forma de se avaliar a capacidade discursiva do aluno (candidato) e isso em todos os concursos existem.
Todavia, a maioria das questões, atualmente, é objetiva porque apresenta quatro ou cinco opções para o aluno (candidato) se aventurar “num chute”. Vale dizer que numa prova objetiva o aluno ou candidato só precisa usar a sua lógica e optar por uma das opções dadas.
É de bom grado lembrar aos candidatos que já está em vigor o não tão novo acordo ortográfico que foi realizado em 2009 e visa uniformizar e aproximar a gramática entre os países que têm a Língua Portuguesa como língua oficial.
As mudanças consistem principalmente na acentuação, uso no hífen, uso do trema e no alfabeto (quantidade de letras). Todo cuidado será pouco nas questões discursivas porque a linguagem formal sempre prevalecerá.
QUAIS SÃO AS DICAS PROVEITOSAS
Na hora de escrever, no caso de uma resposta discursiva, é muito importante colocar foco total ao que se está escrevendo para não errar por desídia. É preciso valorizar a clareza e a assertividade.
Mantenha uma mesma linha de raciocínio durante toda a sua resposta, com coerência. Além, é claro, de dar necessária atenção para a gramática como um todo, principalmente às palavras de grafia duvidosa.
Eis um exemplo de grafia duvidosa: Jia, jiló, jeito, jerimum e jenipapo SÃO ESCRITAS COM “J”. Você sabia disso? Aposto que pensou que “jia” era escrito com “g”.
SERIGUELA OU SIRIGUELA?
De uma forma geral nós nordestinos falamos e, às vezes, escrevemos a forma errada "SIRIGUELA", mas a forma correta e mais usual de escrita da palavra é SERIGUELA. Embora esta seja a forma mais utilizada, também são corretas as formas desconhecidas por muitos estudantes e falantes ciriguela (com "c") e ciruela (com "c"). Exemplos:
1. Aquele fruto avermelhado se chama seriguela.
2. Aquele fruto avermelhado se chama ciriguela.
3. Aquele fruto avermelhado se chama ciruela.
Portanto, ao explicar a forma menos usual de determinada palavra escreva: “Embora esta seja a forma mais utilizada, também são corretas as formas desconhecidas por muitos estudantes e falantes do idioma pátrio”.
Tenho certeza de que você, nobre concurseiro e leitor de meus devaneios, jamais ouviu falar ou viu de forma escrita as palavras CIRIGUELA e CIRUELA. Contudo, estão corretíssimas! Essas são algumas das pegadinhas a que me refiro no tema abordado.
Cuidado! Muito cuidado nas questões consideradas fáceis. São essas que contém uma ou mais de uma famigerada pegadinha. Vejamos os últimos exemplos para eu não me tornar enfadonho:
NADA A VER, NADA A HAVER E NADA HAVER
As três expressões existem e estão corretas, mas cuidado! Os significados são diferentes.
NADA A VER
Esta expressão indica que algo não está relacionado, não correspondendo ou não dizendo respeito a outra coisa. É sinônima de: não ter relação com, não corresponder, não dizer respeito a, não ser do interesse de, não ter que ver.
A expressão nada a ver é usada maioritariamente precedida de uma negação, formando a expressão não ter nada a ver: Exemplos: Não ter nada a ver comigo; não ter nada a ver com você; não ter nada a ver com isto; não ter nada a ver com aquilo.
NADA A HAVER
Quando podemos e devemos usar "nada a haver"?
Existe a expressão não ter “nada a haver”, forma negativa da expressão “ter a haver”. Embora com pouco uso, podemos utilizar a expressão não ter “nada a haver” com significado de não ter nada a receber, nada a reaver, se referindo ao ato de não ter quantias monetárias para serem recebidas. Isso é muito utilizado nas áreas jurídica e econômica.
Exemplos: Já não tenho nada a haver de meus clientes; Henrique não tem nada a haver do dinheiro da herança dos pais.
NADA HAVER
Eis um detalhe que é de bom grado lembrar: Existe também a expressão “NADA HAVER”. Exemplo: Por nada haver para fazer, Wilson foi embora mais cedo do escritório.
CONCLUSÃO
Nada ensina mais do que a prática. Por isso, em sua preparação para o Enem, vestibular ou quaisquer outros concursos, não esqueça de treinar também as questões discursivas. Algo que pode ajudar muito são os simulados, que ensinam também sobre o tempo de prova e já deixa você preparado para o que está por vir.
Nós brasileiros geralmente utilizamos, na linguagem informal, o verbo “ter” no sentido de “haver” ou “existir”. Exemplos: Tem boi na linha. e tem gente no banheiro. Quando deveríamos falar ou escrever: Há (existe) boi na linha e há (existe) gente no banheiro. Essa diferença nas expressões contará muito para sua avaliação. Em uma prova discursiva prefira a linguagem formal a coloquial.
Enfim, quero incentivar e concitar os concurseiros para ficarem espertos. É necessário ficar atento porque o que realmente reprova é a pressa e a desatenção ao ler e interpretar as questões propostas. Deixemos a linguagem coloquial para o dia a dia. Usemos a linguagem formal nos certames para uma melhor chance de aprovação. Não participe de um concurso "para adquirir experiência.". Participe sempre para ser aprovado!
Antes de pesquisar para saber quais são as questões que mais caem no Enem ou quaisquer outros concursos, é preciso entender como o Exame está estruturado. No Enem são quatro provas objetivas, divididas da seguinte forma: 45 questões de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira, Artes, Educação Física e Tecnologias da Informação e Comunicação).
A aplicação da prova digital e impressa será nos dias 21 e 28 deste mês de novembro. Quero acreditar que o candidato de bom siso está se preparando desde o ano de 2020 ou mesmo antes.... e, certamente, dedicou mais tempo de estudo a matéria que menos domina. Por fim, separe tudo o necessário para a consecução da prova já na noite anterior para não chegar atrasado. Se dormiu menos e estudou mais.... O sucesso está garantido!
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NOTAS REFERENCIADAS
– Textos livres para consulta da Imprensa Brasileira e “web”;
– Assertivas do autor que devem ser consideradas circunstanciais e imparciais.