Sobre o contexto histórico

A melhor maneira de explicar como um fato só pode ser compreendido conscientemente uma vez inserido em um conjunto de (sub) eventos ocorrendo naquele momento, é representá-lo como um espetáculo artístico. Seja no âmbito do teatro, seja de um show musical, o espetáculo adquire riqueza de perspectiva à medida em que se insere em um cenário. Este é a simbolização do contexto. No viés histórico, sua implantação enquanto elemento essencial para a formulação de uma análise ocorre com as contribuições do historiador francês Lucien Febvre (1878-1956). O objetivo dessa perspectiva é associar a ocorrência dos eventos a contextos amplos, desenraizando o protagonismo factual proposto pelo Positivismo de Augusto Comte e disseminado pelo historiador Leopold von Ranke.

A diversidade de eventos que ocorrem de maneira simultânea podem estar direta ou indiretamente vinculados ao evento analisado. Mesmo assim, fornecem dados importantes para a construção de aspectos importantes como: política, sociedade, economia e cultura, para compreender de que maneira e em que sentido as transformações decorridas influenciam na construção de novos cenários.

De qualquer maneira, qualquer aspecto analisado, independente de sua repercussão, leva em consideração os demais níveis de transformação.

Considerações finais

Nesse breve texto sobre o contexto histórico, analisou-se a importância desempenhada na elaboração da historiografia proposta pelo movimento A Escola dos Annales.

Assim, a ruptura contínua em relação à historiografia do século XIX expande ainda mais a transformação historiográfica decorrente desse importante movimento teórico metodológico francês. Tratando-o como um viés ideológico contínuo, como propõe o historiador britânico Peter Burke (1990), trata-se de uma primeira expansão da perspectiva historiográfica rumo às demais, a saber: a interdisciplinaridade (1968) e a História Cultural (1989).

Marcel Franco Lopes

Historiador

Flashes & Memórias