A Grande História
A Grande História
Uma perspectiva historiográfica da História de cada um dos seres humanos.
Marcel Franco Lopes
Historiador (bacharel e licenciado)- UTP
Flashes & Memórias
Resumo: A historiografia contemporânea trabalha com a perspectiva interdisciplinar entre as várias áreas do conhecimento. Assim, tem-se uma análise amplamente difundida e embasada cientificamente, contribuindo para uma argumentação bastante aprofundada.
O objetivo dessa nova linha de pesquisa historiográfica é estabelecer o diálogo entre as várias áreas do conhecimento, de maneira à enriquecer o pensamento científico. Assim, tem-se o desprendimento do cronos , fundamental base formuladora da historiografia positivista, difundida até o início do século XX.
A interdisciplinaridade em questão permitiu o crescimento epistemológico à medida em que analisa o fato histórico muito além do acontecimento em si. Estuda-se os fatores que o desencadearam, suas características muito além de conceitos soltos e, por fim, suas consequências, de modo à compreender o “grau” de influência de sua repercussão.
A terceira fase da Escola dos Annales, trouxe essa nova perspectiva de maneira à acompanhar as transformações ocorridas naquele tempo. Àquela época, tratava-se de uma realidade do pós-segunda guerra, mundialmente instabilizada pelo tamanho do impacto deixado pela mesma. O conhecimento histórico precisava dessa transformação. Encabeçado pelo historiador Fernand Braudel, revolucionou, assim como o impacto do momento histórico. Aliás, eis mais uma transformação em decorrência dessa fase dos Annales. O estudo do acontecimento histórico não apenas como fato, isolado e sem “nexo” temporal, em uma análise deste como momento, isto é, como uma transição, um estado factual sem característica homogênea, à medida em que carrega em si a condição de transformadora do espaço e momento sociais.
A Grande História
Em relação ao documentário “A Grande História”, estabeleceu-se uma análise geral e específica ao mesmo tempo, à medida em que propôs a interdisciplinaridade como condição primária para compreender a própria História.
No episódio que eu assisti, esse diálogo interdisciplinar ocorreu entre a Medicina ou Biologia e a História, por meio da síntese neurológica do fato histórico. Trata-se da divisão do momento em três partes, são elas: o contexto histórico, ou seja, o antecedente, o momento, isto é, o fato em si, distribuído e compreendido em suas principais características, e, por fim, as consequências, para compreender a influência dos acontecimentos, isto é, entrelaçando-o com a “linha” do tempo. Aliás, esta também precisa de uma reformulação. A “linha” do tempo é pedagogicamente melhor compreendida, uma vez que, sintetiza bem o suficiente para que o aluno conheça a História. No entanto, a real analogia que deve ser feita é com a estrutura neurológica humana. Uma vez que esta é composta por grande variedade de ligações, a História enquanto fato também tem inúmeras interpretações, tornando abstrato o conceito de “realidade”.
A realidade enquanto análise historiográfica é variada, isto é, depende do quanto o personagem participa do fato histórico.
Considerações finais
Embasada em um conceito da Neurociência, a Grande História propõe as várias ligações neurológicas como os diversos aspectos alicerçados pela História. Nesse viés, coloca-se em xeque o uso da linha do tempo como metodologiade compreensão dos eventos, uma vez que desconsidera os fatores que influenciaram direta ou indiretamente no contexto. Ao contrário do que ela propõe, não há regularidade dominante, uma vez que é o homem o agente transformador da realidade e não o tempo.