Dê o seu melhor
A cena da morte do pai no filme “Era uma vez um pai” (Japão,1942), de Yasugiro Ozu, é, no meu entender, uma das mais emocionantes e inspiradoras do cinema em todos os tempos, pela mensagem de caráter moral que passa numa única frase genial, a qualquer um que a assista, independente da sua posição social.
O pai do título do filme, um digno ex-professor do ensino fundamental, abandonara a profissão que adorava por sentir-se culpado pela morte de um aluno, que se afogara acidentalmente num momento de recreação da turma sob sua responsabilidade. Sobrevive, a partir daí, com um trabalho braçal humilde, mas desdobra-se no resto da sua vida para dar uma boa educação ao filho.
Na sua cama, rodeado pelos amigos e pelo filho único, diz a este, já quase partindo, num fiapo de voz, olhos fechados:
- Filho, dê o seu melhor. Fiz o melhor que pude. Estou feliz. Estou com sono, muito sono.
E assim ele parte.
A seguir o melhor amigo do pai diz ao filho, que ameaça chorar:
- Não chore. Seu pai foi um homem digno, que deu de si sempre o seu melhor. E, por isso, morreu feliz. Dê, também, sempre, o seu melhor, como ele lhe pediu.
“Dê o seu melhor”. Que frase para todos nós!
Não importa o que fazemos, se um trabalho mais relevante, como o de executivo de empresa, médico, engenheiro, ou um trabalho mais humilde, como o de faxineiro, diarista, carteiro, jardineiro, professor do ensino fundamental, ou um trabalho escolar, ou um trabalho voluntário.
Em quaisquer dessas funções, “dar o seu melhor” significa realizar seu trabalho com as maiores dedicação e dignidade possíveis, esforçando-se o quanto puder e for necessário para que o seu efeito reflita o melhor resultado que seria possível obter com esse seu esforço.
Portanto, não importa o que você esteja fazendo, “dê o seu melhor”.