Educar é estabelecer limites
Leo Barbosa
(escritorleobarbosa@hotmail.com)
Educar é estabelecer limites
Um educador é aquele que saber o momento certo para dizer “sim” e quando precisa dizer “não”. É improvável que o excesso de permissividade faça de alguém uma pessoa madura. Os pais e mães, na correria do dia a dia, estão negligenciando os seus papéis de educadores e, com o intuito de suprir a ausência na vida de seus filhos, perdem a autonomia ao delegar para a escola tarefas que lhes cabem.
O professor Mário Sérgio Cortella alerta que “as famílias estão confundindo escolarização com educação. É preciso lembrar que a escolarização é apenas uma parte da educação. Educar é tarefa da família”. A escola informa, a vida forma. Se, por acaso a escola cumpre o papel de formadora, é porque não devemos ignorar que a formação cidadã e a retidão de caráter não devem ser ignoradas. Afinal, não raramente, as crianças e adolescentes passam mais tempo na presença dos professores do que na dos pais.
A crise de autoridade afeta diretamente o professor a ponto de ouvirmos respostas como: “meu pai não manda em mim, você vai mandar!?”. Muitas vezes vai ser o docente a primeira figura a exercer a figura de poder e ordem na vida do jovem. Não foi ensinado à criança e ao adolescente que não estamos contra eles, que amar consiste em estabelecer limites, podar arestas tal qual fazemos com uma árvore para que ela cresça harmonicamente.
Sofre aquele que acredita que os seus desejos são os seus direitos. Pena aquele que não conhece os seus deveres e não desenvolve responsabilidades e empatia. Como disse o filósofo Rousseau: “A maneira mais certa de deixar seu filho infeliz é acostumá-lo a receber tudo”.
Mas, dizer “não” apenas por dizer não é uma atitude sábia. Respeito é algo que se conquista e não aquilo que se impõe. Precisamos ser categóricos e mais explícitos em nossas ordens, porém abertos ao diálogo.
A falta de comunicação gera revolta porque diminui a autoestima. Educar exige tempo, firmeza nas palavras e atitudes, para que essas crianças não permaneçam para sempre infantilizadas, por não terem sido estimuladas a desenvolver inteligência emocional.
A exacerbada proteção os tornará pessoas que acreditam ser princesas e príncipes que não devem descer do trono, pois todos têm obrigação de satisfazê-las a toda hora. E o pior: estas não são vilãs – são vítimas. Vítimas de uma educação que se pautou pela falta de fronteiras e de frustrações. Quem não suportar o choro da criança estará condenado a sofrer com as birras de adultos mimados.
Leo Barbosa, professor e poeta.