Educação – Reflexões acadêmicas - Modelos de educação

1. EDUCAÇÃO ANTI-RACISTA:

Seu objetivo básico é promover a equidade e evitar barreiras estruturais visando favorecer a execução e o êxito dos estudantes. No modelo de educação intercultural anti-racista, o racismo não é um mero conjunto de preconceitos com relação a outros seres humanos, que se pode superar facilmente com uma educação não-racista centrada na modificação de atitudes e crenças. O racismo é uma ideologia que justifica a defesa de um sistema segundo o qual certos indivíduos gozam de vantagens sociais decorrentes diretamente de sua pertinência a um dado grupo. O racismo é um fenômeno complexo no qual intervêm múltiplos fatores: econômicos, políticos, históricos, culturais, sociais, psicológicos, etc. Os defensores de uma Educação Não racista (neoliberal) partem do pressuposto de que a sociedade não é racista em si mesma e afirmam que a escola não deve desempenhar um papel ativo na luta contra o racismo, já que esse tipo de luta sai do âmbito escolar por ser de tipo político, ideológico... deve procurar evitar a transmissão de valores e condutas... Por outro lado, os defensores de uma Educação Antiracista (sociocrítica) partem de uma premissa diferente: nossas sociedades, sim, são racistas e nosso sistema educacional é um dos elementos reprodutores dessa ideologia. Consequentes com seu ponto de partida, os seguidores da Educação Antiracista afirmam que a principal tarefa do sistema educacional deva ser o combate a essa ideologia que, subliminar e encobertamente, continua transmitindo-se pelo processo educacional.

2. MODELO HOLÍSTICO:

Incorpora a implicação de toda instituição escolar na educação intercultural, porém sublinha, ainda, a necessária contribuição da escola para a construção social implicando seu corpo de alunos numa análise crítica da realidade social e em projetos de ação que representem uma luta contra as desigualdades. Integra assim os enfoques intercultural e sociocrítico. O modelo holístico de Banks implica a criação de um ambiente escolar definido pelos seguintes traços: o pessoal da escola tem valores e atitudes democráticas (não racistas); a escola tem normas e valores que refletem e legitimam a diversidade cultural e étnica; os procedimentos de valorização e avaliação promovem a igualdade étnica e de classe social; o currículo e os materiais de ensino apresentam perspectivas diversas, étnicas e culturais, em conceito, aplicações e problemas; o pluralismo linguístico e a diversidade são valorizados e formulados na escola; são aplicadas maneiras de ensinar e estilos de motivação que são efetivos junto a grupos de estudantes de diferentes classes sociais, raças ou etnias; professores e estudantes adquirem as habilidades e perspectivas necessárias ao reconhecimento das diversas formas de racismo e ao desenvolvimento de ações para eliminá-lo. Em textos posteriores, Banks insiste na dimensão crítica do currículo que deve ajudar os estudantes a desenvolverem o conhecimento e as habilidades necessárias ao exame critico das estruturas políticas e econômicas atuais, assim como dos mitos e ideologias usados para justificá-las. Também um currículo deve ensinar aos estudantes as habilidades do pensamento crítico, os modos de construção do conhecimento, as assunções básicas e os valores subjacentes aos sistemas de conhecimento, verificando como eles mesmos constroem seu conhecimento.

3. EDUCAÇÃO GLOBAL:

Tenta dar uma resposta à crescente consciência de que os problemas e desafios com os quais as atuais e futuras gerações se deparam e se depararão são produtos de complexas inter-relações em escala global. Contempla as iniciativas da educação para o desenvolvimento, a pedagogia ambiental e a educação em valores. Fala do conceito de “currículo global”, desenvolvendo a ideia da casa comum e ecológica para a humanidade.

4. EDUCAÇÃO BICULTURAL:

O termo “bicultural” é utilizado em vez do termo “minoritório”, buscando-se superar uma visão de cultura subordinada ou deficiente. Trata de resolver os problemas suscitados por dois sistemas culturais cujos valores se mostram em conflito e por um conjunto de forças sociopolíticas e históricas diferentes da corrente fundamental majoritária. Fala de “democracia cultural” ou do direitos de os indivíduos serem educados em sua própria língua e em seu estilo de aprendizagem, assim como do direito de manterem sua identidade bicultural (identificação com a cultura de origem e assunção construtiva dos valores da cultura dominante).

5. MODELO DE EDUCAÇÃO INTERCULTURAL:

As discussões em torno da educação multicultural, antirracista, de construção crítica da realidade social têm ajudado a perfilar e melhorar um modelo que vem recebendo diversos nomes, sob os quais subjaz um conteúdo similar: multiculturalismo verde, projeto educacional global, educar para a cidadania em uma sociedade multicultural. Preferimos, com outros autores, seguir denominando esse modelo de Educação Intercultural. Nesse modelo, a escola prepara os estudantes para viverem em uma sociedade na qual a diversidade cultural é reconhecida como legítima. Considera a língua materna uma aquisição e um ponto de apoio importante em toda a aprendizagem escolar, inclusive para a aprendizagem da língua oficial do país receptor.

O tema do pluralismo cultural está muito presente nos programas escolares e no projeto educacional, não para promover os particularismos culturais, mas para desenvolver nos alunos o gosto e a capacidade de trabalhar para a construção conjunta de uma sociedade na qual as diferenças culturais sejam consideradas uma riqueza comum e não um fator de divisão. Sua aplicação se dá com todo o corpo de alunos e não só com o aluno imigrante. Os fins de uma educação intercultural são:

1. reconhecer e aceitar o pluralismo cultural como uma realidade social;

2. contribuir para a instauração de uma sociedade de igualdade de direitos e de equidade;

3. contribuir para o estabelecimento de relações Inter étnicas harmoniosas.

Prof. João Bosco - Mestre em Educação e em Formação de professores