A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO PARA A VIDA HUMANA

A educação é algo essencial para a vida do ser humano. Além de alargar o conhecimento, o ensino possibilita aos homens e mulheres enxergarem além do seu pequeno horizonte sensível. Um processo educacional, que tenha encaminhamentos transformadores e não apenas acumulativos, é importante para que a pessoa esteja de modo autêntico no mundo.

Desde a antiguidade, a arte de ensinar as pessoas, especialmente crianças e jovens, demonstrava a importância de se ter uma vida mais autêntica e autônoma. Para os gregos, com a concepção de paideia, a educação consistia na formação “[...] política, educação dos sentidos, dos desejos imediatos, dos interesses particulares, visando a ascender ao pensamento de que somos uma ‘comum-unidade’ [...]” (BASTOS, 2012, p. 127).

De acordo com esse cenário, nota-se que a educação está relacionada com a subjetividade humana, mas, sobretudo, com a coletividade. Isso indica que além do ensino possibilitar ao homem o autoconhecimento de si e da vida comum, a educação "é o fundo filosófico indispensável no qual se deve projetar a compreensão da obra platônica. Para Platão, ao contrário dos grandes filósofos da natureza da época pré-socrática, não é o desejo de resolver o enigma do universo que justifica todos os esforços pelo conhecimento da verdade, mas sim a necessidade do conhecimento para a conservação e estruturação da vida. Platão aspira a realizar a verdadeira comunidade, como o espaço dentro do qual se deve consumar a suprema virtude do homem. A sua obra de reformador está animada do espírito educados da socrática, que não se contenta em contemplar a essência das coisas, mas quer criar o bem"(JAEGER, 1986, p. 407).

Nessa perspectiva, compreende-se que a educação possui a responsabilidade de libertar o ser humano e garantir a autonomia do seu pensamento. Isso é importante, segundo a análise do autor, quando algumas pessoas se encontram alienadas em seu modo de agir, mas também de pensar.

Muitos pensam que a educação é apenas para aumentar o referencial teórico ou acumular informações. Educar é muito mais. Sua função é ensinar caminhos para a reflexão, proporcionar ao homem o senso crítico, tornar o ser humano capaz de romper com as formas de dominações e injustiças à nossa volta.

É necessário repensar a nossa prática educacional e beber em suas origens. Nesse sentido, o Papa Francisco, em sua Exortação Apostólica pós-sinodal Christus Vivit, recorda-nos que “[...] o estudo serve para fazer perguntas, não ser anestesiado pela banalidade, para buscar sentido na vida” (CV 223).

Não estamos falando simplesmente da educação como um processo de aquisição de conhecimento, mas um aclarar do espírito. Arendt, por sua vez, lembra-nos que “[...] a inabilidade de pensar não é uma imperfeição daqueles muitos a quem falta inteligência, mas uma possibilidade sempre presente para todos – incluindo aí os cientistas, os eruditos e outros especialistas em tarefas do espírito” (2000, p. 143).

O estudo, portanto, deve nos levar a agir com sabedoria, prudência e a buscar a mediania entre os fatos, sem assumir tudo como verdade. Para que isso aconteça, é preciso seguir, de modo sistemático e gradativo, esse processo de abertura para o novo, o qual é capaz de “[...] integrar os saberes da cabeça, do coração e das mãos” (CV 223).

Assim, afirmamos que somente percorrendo um processo educacional, capaz de humanizar as pessoas, estaremos de fato preparados para romper com as várias formas de padronização do pensamento, o qual nos levará ao exercício da reflexão crítica e que é capaz de quebrar as várias formas de obediência servil.

REFERÊNCIAS

ARENDT, Hannah. A vida do espírito: o pensar, o querer e o julgar. Tradução de Antônio Abranches, César Augusto R. de Almeida e Helena Martins. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2000.

BASTOS, Luciene Maria. Filosofia e educação: autonomia e paideia platônica. Polyphonía. Goiânia, v. 23/2, p. 117-131, jul./dez. 2012.

FRANCISCO, Papa. Exortação apostólica pós-sinodal Christus Vivit: para os jovens e para todo o povo de Deus. São Paulo: Paulus, 2019.

JAEGER, Werner. Paideia: a formação do homem grego. Tradução de Artur M. Parreira. São Paulo: Martins Fontes, 1986.