NOSSAS DÚVIDAS SEMPRE EXISTIRÃO

Prólogo

É claro que o público-alvo de meus trabalhos é a classe estudantil, concurseiros e afins, mas nada impede que autodidatas iguais a mim possam “pegar carona” para sedimentarem seus conhecimentos na linguagem escrita formal. Afinal, nada mais "queima o filme" do que falar errado em uma entrevista de emprego ou enviar um e-mail profissional cheio de deslizes, por exemplo.

Afirmo que todos nós devemos ficar cautelosos com alguém que diz saber mais do que eu ou você por uma simples razão... Em se tratando do idioma português NOSSAS DÚVIDAS SEMPRE EXISTIRÃO.

Existem dúvidas perenes em todos os ramos do conhecimento humano. Não são com essas dúvidas que nós autodidatas intimoratos, pesquisadores e eternos aprendizes devemos nos preocupar.

O PERIGO DA DESÍDIA OU ACOMODAÇÃO

O que não devemos é nos acomodar, deixando de estudar, a ponto de passar por um vexame quando alguém nos pergunta como se pronuncia, escreve ou qual o significado de tal ou qual palavra. Caso não saiba... No mínimo responda: Não sei! Vamos aprender juntos! Vamos pesquisar!

Deixando de lado as teorias religiosas, os “achismos da ciência” e os “ouvi alguém dizer” .... Pergunto: O dileto leitor quer um exemplo de uma dúvida insanável? Quem surgiu primeiro, foi o ovo ou a galinha? Esta dúvida persiste há centenas de milhares de anos!

Ora, junto com "de onde viemos e para onde vamos?", a pergunta "quem veio primeiro, o ovo ou a galinha?" é um dos grandes mistérios da humanidade. Apesar de o senso comum dizer que o ovo surgiu primeiro, há religiosos, cientistas, filósofos e historiadores que afirmam que a galinha veio ou foi criada antes de botar o ovo.

Essa é a explicação dada por estudiosos que se baseiam na teoria da evolução. Mas não nos preocupemos com esses mistérios que nós, simples e ignorantes mortais, não conseguimos explicar com segurança. Neste meu escrito quero dar continuidade às dúvidas do nosso idioma português.

OBRIGADO E OBRIGADA

Essa regra é muito simples. Pessoas do sexo masculino dizem ou escrevem "obrigado". Já as pessoas do sexo feminino devem dizer ou escrever "obrigada". O problema fica mais sério quando temos dúvida se a pessoa pertence ao gênero masculino ou feminino. Lembro, de forma respeitosa, que atualmente está na moda, mais do nunca, essa mistura, confusão ou inversão de gêneros, valores, usos e costumes.

SENÃO E SE NÃO

A escolha de SENÃO ou SE NÂO depende bastante do que você quer expressar. "Senão" é "caso contrário" ou "a não ser". "Se não" mostra uma condição, como em: "se não sabe como escrever ou fazer, não escreva nem faça".

MEIO-DIA E MEIA OU MEIO-DIA E MEIO

Quando a palavra "hora", aqui implícita, é fracionada, sempre utiliza-se "meia" - portanto, "meio-dia e meia". "Meia" é numeral fracionário e deve concordar em gênero com a unidade fracionada. Outra coisa: "meio-dia" permanece com hífen, mesmo após o Novo Acordo Ortográfico.

Observação: O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (Em Portugal entrou em vigor em 2009). No Brasil entrou em vigor desde 2013, mas o uso obrigatório das novas regras ortográficas é desde 2016. Nota do Autor) veio substituir o Formulário Ortográfico de 1943, definindo novas regras ortográficas para a língua portuguesa, comumente chamadas de "nova ortografia" ou "ortografia oficial".

SERIGUELA OU SIRIGUELA?

De uma forma geral nós nordestinos falamos e, às vezes, escrevemos a forma errada "SIRIGUELA", mas a forma correta e mais usual de escrita da palavra é SERIGUELA. Embora esta seja a forma mais utilizada, também são corretas as formas desconhecidas por muitos estudantes e falantes ciriguela (com "c") e ciruela (com "c"). Exemplos:

1. Aquele fruto avermelhado se chama seriguela.

2. Aquele fruto avermelhado se chama ciriguela.

3. Aquele fruto avermelhado se chama ciruela.

Observação: A seriguela é um fruto arredondado, de cor laranja ou vermelha, com uma polpa doce e aromática. Seriguela indica também a árvore que dá esse fruto. Eita! Português danado de difícil! Já estou com 72 anos de idade e pouco, muito pouco sei sobre as regras gramaticais desse maravilhoso idioma, cujas palavras têm sinônimos mil. (Utilizando a hipérbole; figura de linguagem expressiva que enfatiza através do exagero da significação linguística).

ENTUBADO OU INTUBADO?

Qual das frases abaixo está correta?

1. O paciente foi entubado.

2. O paciente foi intubado.

Resposta: Tanto faz! ambas as frases estão corretas.

ENTUBAR – Trata-se de um verbo.

Em tempo sofrido desta pandemia que assola o planeta Terra temos ouvido muito essas palavras “entubado e/ou intubado”. O verbo entubar indica o ato de dar a forma de um tubo, de colocar dentro de um tubo e de introduzir um tubo em algum lugar. Na medicina, indica o ato de introduzir uma sonda em uma cavidade de um paciente, como na cavidade bucal, pela traqueia, para facilitar a passagem do ar, ou pelo esôfago, para permitir alimentação direta no estômago do paciente.

Exemplos:

1. Após 7 dias entubado, paciente recebe alta e é aplaudido por equipe de hospital em Niterói. (SIC) – O Globo, 9/4/2020.

2. Essa foi a primeira alta da CTI após entubação registrada na instituição. (SIC) – Zero Hora, 20/4/2020.

INTUBAR – Trata-se de um verbo.

Em alguns dicionários, o verbo “intubar” é tido como a forma não preferencial. Outros dicionários afirmam que “intubar”, “intubado” e “intubação” são termos usados especificamente na medicina, justificando assim o uso do prefixo “in”, mais literário e científico do que o prefixo “en”.

Exemplos:

1. Contaminado com a Covid-19, empresário passou 16 dias intubado no Hospital Ribeirânia, em Ribeirão Preto, antes de voltar para casa. (SIC) – G1, 8/4/2020.

2. Boris Johnson recebe oxigênio, mas intubação é descartada. (SIC) – Pleno News, 7/4/2020

TRÁS ou TRAZ

Trás é um advérbio de lugar. Indica uma posição posterior, ou seja, atrás, após: Exemplos: Para trás do sofá; para trás de mim; por trás dela; por trás de todos; consigo ler placas de carros de trás para a frente.

Traz é a forma conjugada do verbo trazer, que significa levar, transportar para perto de quem fala: Exemplos: traz para aqui; traz para mim; traz isso; traz roupa; traz pão; ele traz; você traz.

INCOMODAR OU ENCOMODAR?

A resposta parece óbvia, mas há quem tenha essa dúvida! A forma correta de escrita da palavra é incomodar, com “i” inicial: Exemplos: incomodar muito; incomodar você; incomodar alguém; incomodar muita gente; incomodar o vizinho; Wilson aprecia incomodar as pessoas com seus textos insossos.

Observação: Incomodar é sinônimo de importunar, perturbar, apoquentar, irritar, aborrecer, chatear e amolar.

NADA A VER, NADA A HAVER E NADA HAVER

As três expressões existem e estão corretas, mas cuidado! Os significados são diferentes.

NADA A VER

Esta expressão indica que algo não está relacionado, não correspondendo ou não dizendo respeito a outra coisa. É sinônima de: não ter relação com, não corresponder, não dizer respeito a, não ser do interesse de, não ter que ver.

A expressão nada a ver é usada maioritariamente precedida de uma negação, formando a expressão não ter nada a ver: Exemplos: Não ter nada a ver comigo; não ter nada a ver com você; não ter nada a ver com isto; não ter nada a ver com aquilo.

NADA A HAVER

Quando podemos e devemos usar "nada a haver"?

Existe a expressão não ter “nada a haver”, forma negativa da expressão “ter a haver”. Embora com pouco uso, podemos utilizar a expressão não ter “nada a haver” com significado de não ter nada a receber, nada a reaver, se referindo ao ato de não ter quantias monetárias para serem recebidas. Isso é muito utilizado nas áreas jurídica e econômica.

Exemplos: Já não tenho nada a haver de meus clientes; Henrique não tem nada a haver do dinheiro da herança dos pais.

NADA HAVER

Eis um detalhe que é de bom grado lembrar: Existe também a expressão “NADA HAVER”. Exemplo: Por nada haver para fazer, Wilson foi embora mais cedo do escritório.

VIAGEM OU VIAJEM?

As palavras viagem e viajem existem na língua portuguesa e estão corretas. Viagem, com “g”, é um substantivo. É sinônimo de passeio, jornada e deslocamento: Exemplos: Boa viagem! Cheguei de viagem. Tenha uma boa viagem. Fizemos, Luzia e eu, uma excelente viagem! Ocorre que viajem, com “j”, é uma forma conjugada do verbo viajar: Exemplos: Viajem apenas amanhã, aproveitem o dia de hoje! Tomara que eles viajem em segurança!

A GENTE, AGENTE, HÁ GENTE

Essas três formas existem na língua portuguesa e estão corretas, mas têm significados diferentes, devendo ser usadas em situações diferentes. Na seguinte frase, podemos verificar que as três formas são utilizadas: Exemplo:

“Há gente” que ainda não sabe usar essas palavras, mas “a gente” vai ensinar. Seremos, Wilson, Henrique e Zé Preto “um agente” influenciador de aprendizagens!

Ao analisar a frase, verificamos que…

1. “Há gente” indica que tem (existe) gente. Exemplo: Há gente demais olhando o acidente.

2. “A gente” significa nós, mas o verbo, na frase, ficará obrigatoriamente no singular. Exemplo: A gente vai ficar para estudar um pouco mais.

3. “Agente” se refere a alguém que causa ou impulsiona algo. Exemplo: O agente da polícia federal, despreparado, invadiu a residência do suspeito, depois da 18 horas, sem mandado de busca e apreensão. Observação: Neste exemplo o agente bisonho ou abusado cometeu dois erros grosseiros. Veja no detalhe abaixo a explicação:

Detalhe: "A casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar socorro, ou, DURANTE O DIA (grifei), por determinação judicial.” – (Vide Art. 5º, XI, da CF/88).

Assim, conseguimos entender que utilizando a linguagem coloquial podemos falar e/ou escrever o exemplo: Tem gente que ainda não sabe usar essas palavras, mas nós vamos ensinar. Seremos um (agente) causador de aprendizagens!

Fiz referência a linguagem coloquial por um motivo muito simples. Nós brasileiros geralmente utilizamos, na linguagem informal, o verbo “ter” no sentido de “haver” ou “existir”. Exemplo: Tem boi na linha! Quando deveríamos falar ou escrever: Há (existe) boi na linha!

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NOTAS REFERENCIADAS

– Textos livres para consulta da Imprensa Brasileira e “web”;

– Assertivas do autor que devem ser consideradas circunstanciais e imparciais.