SUAS CERTEZAS, ÀS VEZES, SÃO MINHAS DÚVIDAS.
Prólogo
Todas as minhas dicas e ensinamentos podem ser encontrados nas boas gramáticas da língua portuguesa, na Internet, blogs especializados e web como um todo. É claro que o público-alvo de meus trabalhos é a classe estudantil, concurseiros e afins, mas nada impede que autodidatas iguais a mim possam “pegar carona” para sedimentarem seus conhecimentos na linguagem escrita formal.
Você sabe que a palavra ‘jia’ se escreve com “j”, mas desde quando você sabe disso? Hoje eu também sei, mas quando eu tinha dezesseis anos de idade, pelo som da verbalização de uma palavra... Ah! Eu teimava e jurava que ‘jeito’, ‘quis’, e ‘jia’ se escreviam com “g”, “z” e “g”, respectivamente. Esses meus enganos não podiam ser sanados porque eu não havia, ainda, conhecido o excelente dicionário Aurélio.
AINDA SOU UM ETERNO APRENDIZ
Hoje, aos setenta e dois anos, quando tenho alguma dúvida na forma de escrever determinada palavra busco o Aurélio. Isso mesmo. O Aurélio é o meu fiel e mais sério amigo. Ele não zomba de minhas limitações linguísticas.
Ainda hoje, as certezas dos meus diletos leitores, às vezes, são minhas dúvidas, mas o Aurélio está sempre à disposição para me socorrer com as incertezas que surgem diuturnamente. Detalhe: Desconfie sempre daquele que diz de tudo saber.
Portanto, se você também costuma consultar o dicionário e a internet para sanar dúvidas linguísticas pontuais, saiba que não está sozinho, esse é um hábito eficaz e saudável cultivado por muitos!
Caro leitor (a) não se inferiorize, não tenha pejo do ridículo diante dos adolescentes que falam com ar de deboche: “Já terminei os estudos” se referindo à conclusão do ensino médio, mas sem saberem que “malpassado” e “mal passado” existem, mas têm significados diferentes e usos específicos em nosso idioma português. Sobre isso escreverei daqui a pouco.
AS ARMADILHAS DO IDIOMA PÁTRIO
No dia a dia é muito comum surgirem aqueles momentos em que a língua portuguesa parece pregar armadilhas para os falantes que, embora tão acostumados com seu idioma, ainda têm algumas dificuldades que insistem em aparecer.
Nossa gramática, considerada por muitos como uma das mais difíceis do mundo, apresenta regras e exceções que confundem até mesmo o mais hábil dos falantes! Claro que me refiro especificamente à linguagem formal!
MAL PASSADO OU MALPASSADO?
A palavra “malpassado” e a expressão “mal passado” existem na língua portuguesa e estão corretas. Malpassado, escrito de forma junta, sem hífen, é um adjetivo usado para indicar que um alimento não está muito cozido ou frito.
Já o “mal passado”, escrito de forma separada, sem hífen, é uma estrutura usada na voz passiva. Detalhe: o “mal-passado” com hífen é uma aberração gramatical. Não existe!
MAL PASSADO (separado) - Sempre se refere ao passado!
Exemplos:
1. O bife foi mal passado;
2. A carne foi mal passada;
3. O ovo foi mal passado.
MALPASSADO (junto) - Trata-se de um adjetivo!
Exemplos:
1. Bife malpassado;
2. Carne malpassada;
3. Ovo malpassado.
OUTRAS DICAS
QUATORZE OU CATORZE?
Você pode ficar à vontade para usar qualquer uma das formas quatorze ou catorze, visto que ambas estão corretas. É assim mesmo meu conspícuo amigo ou amiga. São as armadilhas do nosso idioma que nos fazem refém do Aurélio.
ANEXO SEGUE O DOCUMENTO OU EM ANEXO SEGUE O DOCUMENTO?
Ambas as construções estão corretas, contudo, é preciso atenção para acertar na concordância. Dizer que algo está em anexo é o mesmo que dizer que algo está anexado, por isso a palavra deve concordar com o substantivo a que ela se refere.
Exemplos:
1. Anexas seguem as cartas.
2. Anexo segue o comprovante.
3. Os documentos solicitados estão anexos.
Cuidado! Em anexo é uma forma invariável, portanto não vai para o feminino e nem para o plural. Esse é o caso que faz os adolescentes e até alguns adultos gabolas se perderem nas vielas escuras da gramática portuguesa. Vejamos:
EXEMPLOS DA EXPRESSÃO “EM ANEXO”:
1..Em anexo, seguem as cartas.
2. Segue o comprovante em anexo.
3. Os documentos solicitados seguem em anexo.
PARALISIA OU PARALIZIA?
A paralisia é uma circunstância que envolve uma perda de função de músculo no corpo que pode ser acompanhado da perda sensorial, igualmente referida como a perda de sentimento. O termo é derivado da palavra grega que significa a desabilitação dos nervos.
A forma correta de escrita da palavra paralisia é com "s". As palavras paralisia e paralisar, com 'z', são erradas, mas há quem jure pela cabeça ou alma do Sérgio Cabral (ex-governador do Rio de Janeiro) e, até do Lula e/ou da Dilma (ex-presidentes do Brasil) que os atualíssimos dicionários estão desatualizados.
Exemplos:
Paralisia do corpo; paralisar o trânsito; paralisar o desenvolvimento; paralisar as obras; paralisia de um órgão do corpo humano. O Coronavírus está tentando paralisar o Planeta Terra.
CONCLUSÃO
ARQUI-RIVAL ou ARQUIRRIVAL?
Como você descreveria, numa palavra, o que o gato Tom e o rato Jerry são? Ou no futebol o que o Brasil representa para a Argentina (e vice-versa)? Ou o que o Corinthians representa para o Palmeiras? ARQUI-RIVAL (com hífen) ou ARQUIRRIVAL (sem hífen e com dois erres)?
Calma, não se apoquente nem se avexe! Vou explicar resumidamente... Até o Acordo Ortográfico, que entrou em vigor em 2009, cada prefixo tinha suas regras quanto ao uso, ou não, do hífen em palavras que se formam com prefixo (como ARQUI, ANTI, SEMI etc.).
Esse bendito ou maldito (para alguns estudantes) Acordo Ortográfico unificou as regras, e agora o hífen só é usado antes de ‘H’ e antes de palavra que comece com a mesma vogal do final do prefixo.
Por exemplo, ARQUI-INIMIGO tem hífen porque INIMIGO começa com I, mesma letra final de ARQUI. E quando a palavra seguinte começa com ‘R’? Quando isso acontece, a união é SEM HÍFEN e o ‘R’ é dobrado. O mesmo vale para o ‘S’.
Exemplos: AUTORRETRATO, SEMIRRETA, ANTISSOCIAL... ARQUIRRIVAL se encaixam nesse caso, por isso se escreve com dois erres. Portanto, apenas no futebol, Brasil e Argentina são arquirrivais, assim como o Corinthians e o Palmeiras. Já no desenho animado o gato Tom e o rato Jerry são arqui-inimigos (arquirrivais).
Resumindo: SÓ USAMOS HÍFEN com prefixos de mais de uma sílaba e terminados em vogal, quando a palavra seguinte começa por ‘H’ e vogal igual. Exemplos: contra-ataque, sobre-erguer, anti-inflacionário, micro-ondas, anti-hemorrágico, mini-hospital, sobre-humano, arqui-inimigo...
Com as demais letras, devemos escrever tudo junto (sem hífen): autoescola, autopeças, autocontrole, contraceptivo, contraindicação, infraestrutura, antissocial, antebraço, minissaia, televendas, arquirrival.
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NOTAS REFERENCIADAS
– Textos livres para consulta da Imprensa Brasileira e “web”;
– Assertivas do autor que devem ser consideradas circunstanciais e imparciais.