FORMAÇÃO E PRÁTICA NA ARTE-EDUCAÇÃO INCLUSIVA
FORMAÇÃO E PRÁTICA NA ARTE-EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Roseli Princhatti Arruda
Paulo Oliveira Barros
RESUMO: O presente artigo, por meio de pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo tem por objetivo discutir a teoria, a metodologia e investigar a formação e a atuação dos professores de arte-educação, embasados em projetos interdisciplinares. Fundamentados em autores como Arouca (2012), Barbosa (1975 e 2003), Hoffmann (2010) e outros, procuramos compreender como se dá essa formação nos espaços acadêmicos e em cursos de graduação, para que os futuros arte-educadores tenham uma visão e compreensão do ato educativo em arte em toda a sua complexidade. A disciplina Artes deve ser trabalhada de maneira contextualizada, objetivos, conteúdos para cada uma das linguagens artísticas, para que os alunos se expressem de maneira criativa. Dessa forma, entendemos que é necessário que os professores trabalhem as biografias dos artistas, os movimentos artísticos desde a pré-história até os tempos atuais e utilizem materiais diferenciados como suporte: cores, colagem de papéis, sucata, criação de obras, refazer uma obra com a técnica e a maneira de outro artista de outras épocas, para que os alunos se expressem e busquem o seu próprio modelo de criação.
PALAVRAS-CHAVE: 1 Formação e Prática. 2 Arte-educação. 3 Inclusão.
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INTRODUÇÃO
Por trabalhar em Atendimento Educacional Especializado e ter na sala um aluno com baixa visão e os demais com deficiência intelectual torna-se importante destacar a importância da Arte na vida escolar desses alunos. Para tanto faz-se necessário pesquisar os subsídios teóricos e metodológi¬cos às investigações relacionadas à formação e atuação de professores de arte numa perspectiva dialógica, inventiva, experimental e investigativa, incluindo projetos inter¬disciplinares. Dessa maneira, os futuros arte-educadores voltar-se-ão à compreensão do ato educativo em arte em toda a sua complexidade.
Explicitando os textos mais relevantes em relação ao tema: Formação e prática na Arte-educação, os problemas enfrentados pelos professores referentes ao ensino de arte-educação e à compreensão do ato educativo em arte em toda a sua complexidade
Sabemos que nas escolas há muitas contradições no ensino arte-educação. O professor de Artes deve refletir sobre a sua prática pedagógica, que não é apenas ministrar aulas de artes visuais e sim há que se contextualizar o teatro, a música e a dança.
Os cursos de graduação de Licenciatura em Arte devem proporcionar aos seus alunos a introdução da linguagem artística e sua formação deve ser continuada.
Tais contradições são frutos do processo de formação de professores, daí a importância dos cursos de graduação de Licenciatura em Arte proporcionar aos seus alunos a introdução da linguagem artística e sua formação deve ser continuada com cursos de extensão e pós graduação.
Além do professor de Artes ter uma prática cultural de absorver o que é produzido em termos de Artes em seu espaço de vivência. Por exemplos: participar de exposições de artes, ir ao teatro, cinema, visitar museus, entre outros. Uma coisa é a formação acadêmica e a outra é o comprometimento ético desse profissional com o seu fazer pedagógico.
Um grande problema a ser abordado é que as disciplinas e os conhecimentos nelas inseridos são fragmentados, e não há uma relação plausível entre elas, para tanto seria necessário trabalhar a interdisciplinaridade, para que as diferentes áreas interagissem e tornassem as aulas mais dinâmicas.
Os conhecimentos deveriam estar integrados, por isso o currículo deve ser revisto e os seus conteúdos coerentes, para que o aluno receba uma educação integral. Deve haver um diálogo entre as disciplinas, por exemplo: Vamos escolher um tema com os alunos, educação ambiental, que pode ser trabalhados em todas as áreas do conhecimento em formas de projetos, para que a aprendizagem ocorra de maneira eficaz e prazerosa.
1 FORMAÇÃO E PRÁTICA NA ARTE-EDUCAÇÃO
Para termos um bom ensino na arte-educação faz-se necessário que os professores tenham uma formação adequada e que sejam comprometidos com os alunos que irão trabalhar. Para Hoffmann (2010, p. 163), a grande dificuldade de o professor realizar tarefas orais reside na insegurança de interpretar as manifestações dos alunos pela análise qualitativa.
Por isso é importante que se façam anotações significativas sobre o desenvolvimento dos alunos em termos da expressão oral em todas as disciplinas e ou cursos. Muitos professores não percebem a dificuldade de leitura dos estudantes. E estes seguem para a faculdade como leitores funcionais.
Segundo Apple (1989, p. 46), a Arte contribui para desenvolver o senso de estética, sensibilidade e criatividade, nesse processo de aprendizagem a arte é tão importante quanto qualquer outra matéria.
Faz-se necessário valorizar o ensino das Artes nas escolas, e estabelecer que o ensino das Artes não é apenas os alunos pintarem desenhos e o professor atribuir conceitos, e sim fazer com que os alunos possam apreciar uma obra de arte, criar esculturas ou copiar modelos de escultores famosos, fazer releituras de quadros de pintores famosos, entre outros. Sendo assim, os alunos estarão exercendo a criatividade e o senso estético.
Aponta Proença (2000, p. 19) que o ensino da arte abrange quatro linguagens: dança, teatro, música e artes visuais. Cada um possui seu objeto de estudo e seus elementos caracterizadores que devem ser compreendidos e explorados no trabalho com os alunos.
O professor de Artes deve explorar com os alunos a dança. Estabelecer que eles criem a sua própria coreografia. No Teatro os alunos criem a sua própria peça. Na música, os alunos podem fazer paródias, ou criar o seu próprio ritmo musical. E nas artes visuais, os alunos podem criar o seu próprio quadro ou escultura.
Aponta Hoffmann (2010, p. 167), que as estratégias que o professor pode utilizar para ajudar alunos que apresentam dificuldades na realização de tarefas seria organizar espaços interativos de aprendizagem: trabalhar em grupos, em duplas e em trios que podem e devem ser escolhidos por ele com a intenção de promover o conflito cognitivo, o debate e o compartilhamento de saberes. que deseja demonstrar e defender.
Visto que, às vezes, tais estratégias não são suficientes, caberá ao professor atender os alunos individualmente principalmente os alunos que tenham algum tipo de deficiência, pois sabemos que os alunos com algum tipo de deficiência tem o seu próprio ritmo de aprendizagem e isso deve ser respeitado pelo professor. Para tanto, o professor deve ter um olhar diferenciado para esse aluno.
Ainda segundo Hoffmann (2010, p. 172), os rumos da educação no século XXI ressaltam fortemente o significado ético e subjetivo das práticas avaliativas: avaliar para promover aprendizagens significativas.
Faz-se importante ressaltar que avaliar não é apenas atribuir notas ou conceitos, avaliar é o professor perceber para onde o aluno está caminhando e se a sua prática pedagógica não deve ser repensada, o aluno tem o direito de ter uma devolutiva da avaliação realizada pelo professor e o professor tem o dever de saber se o aluno está aprendendo ou não.
Para Saul (2000, p. 276), o professor deve estar sempre atento às perguntas, aos questionamentos, às ideias dos alunos, pois estas revelam suas representações e seus saberes, elementos essenciais para o educador, são o ponto de partida e o ponto de chegada do processo educativo.
É necessário que o professor esteja sempre atento e haja essa interação entre professor e aluno, para que a aprendizagem ocorra de maneira prazerosa e sem restar as menores dúvidas por parte dos alunos. Para tanto, o professor deve levar em consideração as indagações dos alunos, valorizando as suas ideias, pois assim ele saberá até que pomto o seu aluno está aprendendo.
Para Moreira (1999, p. 87), ressalta que a formação docente seja informada por um enfoque multicultural. O preparo do professor comprometido política e academicamente pode beneficiar-se da preocupação com a diversidade cultural.
Os alunos trazem para a escola uma vasta bagagem cultural e o professor deve valorizá-la sem preconceitos concebidos, pois no Brasil há uma grande diversidade cultural e o professor deve fazer com que os alunos tragam para as aulas os seus conhecimentos prévios, pois assim as aulas serão mais dinâmicas e haverá intercâmbio cultural entre alunos e professor.
Segundo Moreira & Silva (2001, p. 127), faz-se necessário desenvolver programas que eduquem os futuros professores como intelectuais críticos capazes de ratificar e praticar o discurso da liberdade e da democracia.
Os professores devem construir com os alunos a noção de liberdade e democracia e fazer com que eles construam a sua cidadania, para que no futuro lutem pelos seus direitos e cumpram com os seus deveres. E tornem-se cidadãos críticos e atuantes na sociedade. Um exemplo é a ditadura da beleza brasileira. O ideal é ser magérrima, mas será que as modelos e as mulheres magras tem saúde? É essa a sociedade que queremos?
Aponta Moreira & Silva (2001, p. 127), que o problema é centrado na questão da possibilidade da criação, pelos educadores radicais, de uma linguagem capaz de fazer com que os professores levem a sério o papel que a escolarização desempenha na vinculação de conhecimento e poder. Há de fortalecer o poder dos professores e estimular o exercício da docência como instrumento para o fortalecimento de poder.
O professor é o único que pode fortalecer o poder, para isso deve levar a sério o seu papel como educador de crianças e adolescentes, não porque ele detenha o conhecimento pleno, o professor deve estar sempre aberto às questões que envolvem a sua disciplina. Atualizando o seu currículo. Quanto mais formação, mas informações ele poderá passar aos seus alunos.
O professor deve estar consciente da sua prática e da metodologia que irá aplicar aos seus alunos, para isso faz-se necessário que ele tenha em mente a meta que quer atingir. Para tanto torna-se necessário fazer um diagnóstico inicial com o intuito de saber quais são as dificuldades e as necessidades dos educandos que ele irá atender.
Para Mödinger (2012, p. 41), apresentamos quatro eixos para pensar os saberes artísticos trabalhados. São eles: Produção Artística, Apreciação Estética, Contextualização e Compreensão das Artes como construção cultural e social.
O aluno deve saber que as Artes possuem esses quatro eixos e deixar bem claro para que eles servem. Sabemos que na produção artística os alunos criam danças, peças de teatro, quadros e esculturas. Na apreciação estética o professor trabalhará com reeleitura de quadros, paródias, entre outros. Na contextualização, o professor trabalhará as obras de pintores e escultores situando-as no tempo e espaço. Dando ênfase no contexto histórico da época que a obra foi realizada. Assim, os alunos compreenderão as Artes como construção cultural e social.
Ainda segundo Mödinger (2012, p. 42), a produção artística compreende a criação artística nas diferentes linguagens por meio da dança, do teatro ou das artes visuais. A apreciação estética refere-se à leitura de textos como uma cena de teatro, uma música, imagens. A contextualização situa um objeto ou uma produção artística em seu tempo e espaço.
É de suma importância que os alunos saibam se localizar no tempo e espaço, por isso o professor deve ter em mente em que época se situa a obra que ele está trabalhando com os alunos. A teoria é importante para que ele trabalhe a prática com os seus alunos. A contextualização é de suma importância, pois ressalta o momento histórico em que a obra foi executada pelo pintor ou escultor.
Aponta Mödinger (2012, p. 43), em relação a compreensão das artes como construção cultural e social, além de trabalhar a interdisciplinaridade envolve as relações entre textos como promotores de sentido, as relações da produção com a história, a cultura e os problemas sociais e subjetivos.
Na interdisciplinaridade, além de trabalhar as artes visuais, o professor estará trabalhando a história, a cultura e por que não a Geografia? O País em que determinada obra está exposta. É impossível o aluno entender uma obra de arte, quando o professor não ressalta a contextualização histórica e geográfica da época em que foi realizada, pois em todas as décadas tivemos problemas sociais e geralmente o artista trabalhava esses problemas em suas obras.
Para Mödinger (2012, p. 63), na escola, a dança deve ser usada como uma forma de crítica social para o questionamento de valores preestabelecidos, padrões repetitivos e modismos, para explorar o potencial expressivo de todo e qualquer corpo humano.
Todos podem usar o corpo como expressão cultural, por isso devemos impedir que os modismos interfiram nas aulas de dança, por exemplo, por que uma menina ou um menino que é obeso não pode dançar? É incluir os excluídos, é deixar que os valores estereotipados da nossa sociedade preconceituosa caiam por terra, que os alunos sejam mais críticos em relação aos modismos.
Aponta Mödinger (2012, p. 66), conhecer os elementos da música, os gêneros musicais e os ritmos variados possibilita aos alunos uma apreciação musical apurada e prazerosa.
Os alunos devem ter acesso a todos estilos musicais, para que escolha qual deles toque fundo a sua alma. No Brasil temos muitos compositores e cantores que devem ser valorizados e as suas músicas devem ser introduzidas em sala de aula, para que os alunos as apreciem. Temos a Bossa Nova, a Velha Guarda, mostrar aos alunos que muitas músicas foram regravadas por artistas e são vistas como atuais.
Ainda segundo Mödinger (2012, p. 70), a arte teatral participa da formação das identidades brasileiras, mas também questiona e promove o diálogo, o conhecimento e a reflexão sobre as diferenças, compreendendo a arte como construção cultural e social.
As diferenças brasileiras são muitas. É muito grande a diversidade cultural em nosso país, para tanto o professor deve trabalhar com os alunos peças teatrais que questionam a situação que estamos vivendo, por isso é importante trabalhar o momento histórico, os alunos devem aprender a questionar a nossa sociedade como está. O que está errado? Como podemos mudá-la?
Para Arouca (2012, p. 114), faz-se necessário que o professor reflita nas possibilidades de aprendizagem real de seus alunos frente ao currículo apresentado, para reavaliar quais aprendizados estão sendo realmente aprendidos por eles, nem sempre quantidade significa qualidade.
O professor não deve trabalhar apenas o currículo ideal, e sim o currículo real. O importante é que os alunos aprendam, às vezes, o professor quer dar o seu conteúdo po inteiro, mas os alunos não estão aprendendo no mesmo ritmo do professor. Mais vale uma aula bem planejada, com objetivos e metas bem traçadas, do que muita quantidade de aulas sem a aprendizagem significativa. O que importa é a qualidade das aulas ministradas pelo professor e a aprendizagem dos alunos.
Aponta Arouca (2012, p. 115), que o professor pode e deve intervir sobre um trabalho de um aluno, comunicando por meio de suas ações, como por exemplo, ao usar um lápis com mais habilidade ou seguir como um orientador para que ele esclareça as suas ideias, bem como os seus reais objetivos numa determinada tarefa.
O professor é o mediador entre o aluno e o conteúdo abordado, por isso faz-se necessário que ele acompanhe suas produções de maneira atenta. Orientando-os caso for necessário, por isso é importante quando o professor solicita um trabalho em sala de aula explicar para os alunos qual é o objetivo daquele trabalho. O que ele quer que os alunos aprendam.
Ainda segundo Arouca (2012, p. 116), a criação de trabalhos artísticos em todas as suas formas de expressão exige uma investigação estética essencial para a compreensão e o encantamento com a obra. O professor deve atuar de forma direta orientando os alunos, para que eles obtenham melhores resultados em suas produções.
A observação do professor e o desenvolvimento do aluno tem que ser compartilhado, para que ocorra a aprendizagem efetiva, por meio de pesquisas solicitadas pelo professor, o aluno poderá ampliar a sua compreensão estética. Essas pesquisas podem ser trazidas em sala de aula e debatidas entre professores e alunos até chegarem num consenso. O que é de fato significativo nessa investigação estética.
Para Raffa (2006, p. 17), hoje cada atividade proposta precisa ser contextualizada, por isso é necessário que o aluno saiba a razão de estar trabalhando a atividade e quais os conteúdos estão sendo abordados diante da mesma, por isso é importante que os alunos trabalhem e conheçam as quatro linguagens da arte: artes visuais, teatro, dança e música.
As aulas devem ter um olhar significativo para os alunos, e eles tem que compreender o por quê estão construindo determinados conceitos e o que determinado conteúdo fará diferença em suas vidas. O professor antes de trabalhar determinado conteúdo deve explicar para os alunos o por quê ele tem que apreender o tema. O que trará de significativo em sua vida escolar e na sua vida social.
Aponta Raffa (2006, p. 17) a importância de conhecer os artistas brasileiros e estrangeiros (vida e obras), na História das Artes no mundo, realizar leitura formal e interpretativa das obras de arte e reler ou refazer as obras experimentando diferentes técnicas e materiais expressivos, para que o aluno busque o seu próprio estilo. Trabalhar os conteúdos de arte e contextualizar a época que a obra foi realizada. Expressar-se com diferentes técnicas e diferentes materiais expressivos.
É de suma importância que os alunos conheçam os artistas que contribuíram para a História da Arte, por isso é importante o professor trabalhar a História da Arte com os alunos contextualizando com a História Mundial. O professor deve estar sempre contextualizando os eventos históricos com as obras estudadas, para que os mesmos tenham maior compreensão do conteúdo abordado.
Vivemos num mundo em que a imagem tem uma grande importância, por isso o aluno deve aprender a interpretá-la de maneira crítica e consciente, para o aluno ampliar o seu fazer artístico deve trabalhar com as diversas técnicas para que tenha o seu próprio estilo.
Ainda segundo Raffa (2006, p. 18), as diferentes técnicas que podem ser utilizadas são a pintura, a colagem, as montagens, entre outras. Os diferentes conteúdos de arte cores primárias, secundárias, neutras, frias, quentes, contrastantes, monocromia, policromia, entre outras, pontos, linhas, formas, texturas, perspectiva e planos, bi e tridimensão, harmonia, ritmo, composição, equilíbrio, entre outros.
O mais importante é que cada pessoa é singular e tem o seu jeito de olhar, interpretar, compreender e a obra feita pelos alunos mostra muito a sua sensibilidade, o momento, o seu jeito de expressar a sua criatividade. Para tanto, o aluno deve ter contato com diversos materiais artísticos e o professor deve trabalhar os conteúdos e as técnicas para que os alunos ampliem a sua produção artística.
Aponta SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO / DOT (2007, p. 31), o trabalho do profissional de Artes é fazer a mediação do conhecimento estético em sala de aula e o processo ensino-aprendizagem das linguagens artísticas, que leva os alunos a perceberem que os usos e significados das obras de arte mudam conforme a época e o lugar, conforme o contexto histórico-sociocultural.
E temos que trabalhar a conscientização dos alunos, para que percebam como por exemplo, na arte acadêmica brasileira, as pinturas tinham como foco passar uma imagem idealizada dos eventos históricos e não a realidade nua e crua. Os pintores executavam obras sobre encomenda e pintavam cenas que não presenciaram, mas que tinham que passar uma imagem positiva do Brasil Colônia aos espectadores. Ainda segundo SECRETARIA MUNICIPAL DA EDUCAÇÃO / DOT (2007, p. 31-32)
[...] no início do século XXI, o ensino de Artes vem se caracterizando como um ensino multi e interculturalista, porque busca respeitar, contextualizar, relacionar e valorizar as manifestações e produções artísticas e estéticas dos vários grupos culturais, dominantes e dominados. Nesse viéis, o ensino de Artes pode ser compreendido como uma sistematização do processo ensino-aprendizagem do conhecimento estético e das linguagens artísticas, relacionado diretamente ao estudo das produções e manifestações culturais presentes nas diversas culturas que compõem a sociedade contemporânea e de outros tempos.
O nosso País possui uma cultura riquíssima que deve ser repassadas aos alunos, por meio de pesquisas, textos, fotos, vídeos, entre outros, para que eles possam entrar em contato com a nossa diversidade cultural. E o professor também deve fazer com que os alunos tragam para a sala de aula a cultura de seus pais, para que possa ser compartilhada e trabalhada, por meio de pesquisas e debates entre alunos e professor.
Para SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO / DOT (2007, p. 68), o professor de Artes, ao planejar suas aulas, além de escolher objetos culturais a partir de suas avaliações diagnósticas, precisa escolher, também, objetos culturais que levem os estudantes a perceber a intertextualidade, ou seja, a relação que existe entre os objetos culturais.
Deve ser trabalhado com os alunos o que vem a ser os objetos culturais e a sua importância. Sabemos que os objetos culturais podem ser de massa (consumo), populares (festas e rituais), midiáticos (mídia para atingir o seu alvo que é o grande público), eruditos (cultura clássica), cotidianos (arte popular) e míticos ( rituais e religiões).
Para SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO / DOT (2007, p. 69), ao escolher objetos culturais a serem estudados em sala de aula, o professor precisa observar se estes podem estar relacionados a outros objetos culturais da mesma linguagem; objetos de outras linguagens artísticas; outros contextos culturais em que esse objeto esteja presente; conteúdo das outras disciplinas ou temas transversais.
O professor ao aprofundar esses temas poderá fazer um grande debate cultural com os alunos, a sala pode ser dividida em grupos e cada grupo pesquisará um dos temas dos objetos culturais. E exporiam os aspectos negativos e positivos de cada tema, pois nem todos objetos culturais podem ser considerado artes. E discutiriam o por quê um objetivo pode ser considerado arte e o outro não.
Para Fusari (1993, p. 71), mudar os métodos de apresentação, variar as estratégias curriculares, ensinar segundo o estilo de aprendizagem do aluno (linguístico, espacial, lógico-matemático, corporal-cinestésico, musical, interpessoal, intrapessoal), assim a abordagem comportamentalista da Arte enfatiza a possibilidade da mudança do comportamento a partir de princípios condicionantes por acreditar que estes proporcionam uma melhor adaptação aos portadores de deficiência ao meio-social.
O professor está em constante mudança e para isso deve ater-se na sua metodologia. Trilhar os caminhos de ensino sabendo que pode modificá-los em qualquer momento. O que mais importa é que os seus alunos estão aprendendo. Que as suas metas, os seus objetivos traçados estão percorrendo um caminho árduo, mas que os frutos do seu trabalho estão sendo colhidos, pois a Arte muda o comportamento do professor e dos alunos. E para os alunos com algum tipo de deficiência é a melhor maneira de adaptá-los ao nosso meio-social.
2 PRÁTICAS AVALIATIVAS E INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO NA ARTE-EDUCAÇÃO
As práticas avaliativas na arte-educação é uma ação pedagógica feita pelo professor que deve ser compostas de diagnóstico, o antes, o durante e o depois. O que o aluno já sabe, o que ele precisa saber e qual é o nível de conhecimento dele após o processo ensinoaprendizagem.
Para SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO ( 2007, p. 83), ao avaliar, o professor de Artes precisa considerar a história do processo pessoal de cada estudante e sua relação com as propostas desenvolvidas na escola, observando os seus trabalhos e registros (sonoros, textuais, audiovisuais, informatizados).
Por isso é necessário que a escola tenha o portfólio dos alunos desde o início da escolarização, pois o professor pode ter acesso e verificar os seus trabalhos e a partir daí construir o seu planejamento para ser trabalhado em sala de aula. E só assim o professor poderá avaliar com clareza os trabalhos e registros dos alunos. E para isso temos quatro eixos para ser avaliado: produção artística, apreciação estética, contextualização e compreensão das artes como construção cultural e social.
Aponta Mödinger (2012, p. 145), o eixo produção artística e sua importância como expressão de ideias, movimentos, sons, sentimentos e subjetividades pode ser avaliado por meio de vários instrumentos como pastas de trabalhos, o bloco de desenhos e registros, o portfólio e exposição de trabalhos no final do semestre. Na apreciação estética, que se refere a leitura de textos poderá ser avaliada por meio de texto escrito, trabalhos de grupo, depoimentos e conversas em sala de aula.
A avaliação deverá ser formativa em que o professor deve estar sempre atento no caminho em que o aluno está percorrendo para a construção da sua aprendizagem. O professor além de avaliar as pastas de trabalhos, portfólios, registros dos alunos deverá também orientar os alunos sobre os erros ocorridos neste trajeto. É muito importante esse diálogo entre aluno e professor, para que a aprendizagem ocorra de maneira efetiva.
Na apreciação estética poderá ser trabalhado a contextualização, pois ocorrerá o diálogo entre as diversas áreas do conhecimento. Ao avaliar uma obra de arte faz-se necessário o contexto histórico e social, para que esta seja realmente compreendida pelos alunos.
Para Mödinger (2012, p. 146), a contextualização pode ser avaliada com a contribuição do aluno com pesquisas e trabalhos de campo sobre determinado artista, obra ou movimento artístico. O eixo compreensão das artes como construção cultural e social poderá ser avaliado pelo interesse do aluno em buscar inter-relações entre campos distintos do saber.
É de suma importância as pesquisas e os trabalhos, pois os alunos desenvolvem a autonomia e buscam o conhecimento, por meios destes. No que diz respeito a compreensão das artes como construção cultural e social, o aluno desenvolverá o sentimento de pertencer a uma sociedade e a cultura desta.
Para SECRETARIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO / DOT (2007, p. 83), entendemos que a avaliação em Artes pode ser utilizada no sentido de diagnosticar aquilo que os estudantes já sabem, para acompanhamento do desenvolvimento do estudante e, inclusive, para uma apreciação final sobre o que este estudante pode obter em determinado período.
O professor deve estar sempre registrando os avanços dos alunos e sempre auxiliá-los em suas dificuldades, para isso é necessário que a escola tenha esses registros acompanhando o aluno desde a sua entrada na escola, para que a avaliação ocorra de maneira real, o que determinará o que o aluno já aprendeu, o que ele está aprendendo, e o que necessita ainda aprender.
Segundo Hoffmann (2010, p. 159), as provas prevalecem porque são instrumentos avaliativos muito importantes no processo de investigação do desempenho do aluno. Para Hoffmann (2010, p. 160), todas as tarefas avaliativas promovem desafios intelectuais aos estudantes e representam momentos significativos em termos de aprendizagem, no seu sentido amplo e multidimensional, que levam o aluno a aprender, a pensar sobre seu próprio pensamento, etc.
É muito importante a avaliação para investigar o desempenho do aluno, pois o professor poderá saber se ele está no caminho certo ou terá que mudar a sua prática de ensino. O aluno realmente aprende quando esses momentos são significativos, quando há uma devolutiva por parte do professor, pois o aluno saberá onde está o erro e como pode ser solucionado com a orientação do professor.
Ainda segundo Hoffmann (2010, p. 161), a avaliação é uma atividade ética e nos envolve como seres humanos. Tomamos decisões em sala de aula a partir do que somos e do que sabemos, porque avaliar revela nossas posturas diante da vida. Aponta Hoffmann (2010, p. 162), que as tarefas avaliativas que melhor favorecem a expressão individual são as constituídas a partir de questões dissertativas.
Durante toda a vida somos avaliados, por isso é necessário sermos éticos quando avaliamos um aluno. As provas objetivas não esclarecem se o aluno aprendeu ou não. Podem marcar a questão e acertar, sem saber se a alternativa é a correta ou não. As questões dissertativas fazem com que o professor diagnostique se o aluno entendeu o conteúdo ou não.
Para Arouca (2012, p. 116), é importante que o professor faça anotações de cada investigação pessoal que foi escolhida pelo aluno, pois esse trabalho faz com que o professor perceba se o aluno continuou a sua busca estética ou se desistiu no meio do caminho. Sendo assim veremos a avaliação no início, meio e fim do processo.
“A avaliação prognóstica serve para que o professor conheça e oriente as intenções de cada aluno quanto às investigações poéticas que pretende realizar. A avaliação formativa permite ao professor acompanhar aquilo que os alunos seguiram investigando e ajudá-los nesse percurso. A avaliação cumulativa possibilita que o docente perceba aquilo que pode ser desenvolvido pelos alunos durante todo o processo investigativo e compartilhe com eles tais conclusões" (AROUCA, 2012, p.117).
É necessário sempre avaliarmos o aluno não como um instrumento de punição, mas para saber se o aluno está no caminho certo ou se precisamos trabalhar mais o conteúdo que ele não conseguiu assimilar. Sendo assim, o professor também poderá estar repensando a sua prática pedagógica, porque nem sempre é problema do aluno o não aprendizado, às vezes, o erro está na maneira em que o professor ministra as suas aulas.
3 INCLUSÃO NA ARTE-EDUCAÇÃO
A fase atual do processo educacional é marcada pela Educação Inclusiva. O ensino das artes na educação inclusiva na educação regular, ativa o cérebro e estimula a aprendizagem. O que é muito importante para alunos que tenham atraso mental ou deficiência intelectual.
A escola, além de se ocupar com o ensino, compreende-se como ambiente social da infância e adolescência por excelência, momento da vida de uma pessoa em formação, em que se ganha grande parte dos saberes informais importantíssimos para a vida toda, como respeito, amizade, amor, enfim momento de relacionamento humano, então a inclusão ganha sentido, e os alunos, todos, devem participar da mesma aula, realizando aquilo que podem. (SELAU, 2007, pp.62-63).
O relacionamento que os alunos mantém na escola com os seus pares, é muito positivo quando envolve respeito mútuo, pois em nossa sociedade ainda há muito preconceito por parte dos pais, alunos e alguns professores, que não tiveram formação para trabalhar com a diversidade, por isso faz-se necessário que a escola desenvolva trabalhos interdisciplinares, para desenvolver esses temas com os alunos.
3. Inclusão: Representando um avanço em relação ao movimento de integração escolar, que pressupunha o ajustamento da pessoa com deficiência para sua participação no processo educativo desenvolvido nas escolas comuns, a inclusão postula uma reestruturação do sistema educacional, ou seja, uma mudança estrutural no ensino regular, cujo objetivo é fazer com que a escola se torne inclusiva, um espaço democrático e competente para trabalhar com todos os educandos, sem distinção de raça, classe, gênero ou características pessoais, baseando-se no princípio de que a diversidade deve não só ser aceita como desejada. (BRASIL, 2001, p.40).
É uma tentativa para que não haja exclusão no contexto escolar, mas o trabalho está apenas começando. Faz-se necessário trabalhar projetos interdisciplinares que envolvam temas como respeito, solidariedade, auxílio mútuo, e dizer não ao preconceito, pois numa escola inclusiva não deve haver discriminação de raça, classe social, gênero ou características pessoais de cada um. A diversidade deve ser aceita pela nossa sociedade.
4.1 A distribuição dos alunos com necessidades educacionais especiais pelas várias classes do ano escolar em que forem classificados, de modo que essas classes comuns se beneficiem das diferenças e ampliem positivamente as experiências de todos os alunos, dentro do princípio de educar para a diversidade. (BRASIL, 2001, p.47).
Os alunos devem aprender a conviver com as diferenças e aprender com elas, para que o aprendizado e a possibilidade de comunicação fluam de maneira positiva na comunidade escolar. O professor é a peça central nesse processo, pois ele está colocando a sua ação como mediador.
O professor deve adequar materiais e realizar atividades diferenciadas com esses alunos. Sem sair do conteúdo. Promover estratégias para que a aprendizagem ocorra. As classes deveriam ser reduzidas por números de alunos, mas não são. O que gera impasse no atendimento especializado dos alunos inclusivos. A meta deveria atingir 20 alunos e um aluno com deficiência por sala.
É importante destacar que o professor jamais deverá concentrar seu atendimento explicitamente sobre as crianças com necessidades especiais, ele deve “trabalhar sempre no contexto do grupo, [...] Com isto, se estará evitando o sempre possível processo de segregação do aluno especial e também se estará fugindo de uma prática docente orientada por uma abordagem terapêutica.”. (BEYER, 2010, p.35).
De acordo com o panorama mundial da concepção de deficiência, a fase da negligência, marcada pela exclusão total da pessoa com necessidades educacionais especiais do contato e da participação social desde a antiguidade. E as pessoas que nasciam com algum tipo de deficiciência nesta época eram abandonadas a própria sorte ou assassinadas, por não corresponderem aos padrões de beleza valorizados nas sociedades greco-romanas.
A educação inclusiva deve ser compreendida como a garantia de todos no acesso contínuo ao espaço comum da vida em sociedade, sociedade esta que deve estar orientada por relações de acolhimento à diversidade humana; de aceitação das diferenças individuais; de esforço coletivo na equiparação de oportunidades de desenvolvimento com qualidade em todas as dimensões da vida. (BRASIL, 2001, p.39-40).
Na educação inclusiva é garantia de todos o acesso aos espaços da sociedade, para isso é necessário que haja acolhimento e aceitação das diferenças individuais para essa diversidade, faz-se necessário respeitar a diversidade humana. Além de promover oportunidades para que esses alunos se desenvolvam com qualidade em todos os aspectos da vida.
A nossa realidade atualmente é incluir os alunos com algum tipo de deficiência, para que interajam com alunos ditos “normais”, por isso faz-se necessário que os professores tenham uma boa formação para trabalhar com esses alunos nas escolas. Eles devem garantir a interação entre os pares, acompanhar, registrar, observar, avaliar o aproveitamento desses alunos e o planejamento de ensino e plano de aulas elaborado pelos professores.
Os professores devem selecionar ações, estratégias de ensino adequadas e de acordo com cada especificidade. Segundo Pietro (2006):
[...] o objetivo da inclusão escolar é tornar reconhecida e valorizada a diversidade como condição humana favorecedora de aprendizagem. Deste modo, ao invés de “aproximar” o aluno com necessidades educacionais especiais dos chamados padrões de normalidade, a ênfase está na identificação de suas potencialidades, culminando com a construção de alternativas pedagógicas capazes de propiciar condições favoráveis à sua autonomia escolar e social. A inclusão, portanto, coloca em questionamento as condições de ensino normalmente organizadas nas escolas comuns para os alunos em geral, pois elas, normalmente, não correspondem às especificidades dos alunos com necessidades especiais inseridos nas classes comuns. (Apud CEUCLAR, 2011, p.34).
Por isso os professores devem adequar os conteúdos às necessidades educacionais dos alunos elaborando assim atividades diversificadas englobando o conteúdo trabalhado em sala de aula de uma maneira mais simplificada de acordo com a habilidade e o nível de conhecimento de cada aluno.
Ainda há em algumas escolas brasileiras a exclusão e para superá-la a escola deve reorganizar com o intuito de eliminar esses entraves, que impedem e dificultam a escolaridade nos contextos regulares de ensino.
Para muitas pessoas as pessoas com deficiências são vistas como coitadinhas, doentes, há muito preconceito em nossa sociedade.
A Arte considera como fundamental o respeito à personalidade e individualidade de cada um, pois participamos de um grupo, uma comunidade ou sociedade. Desse modo, se espera que a escola não seja uma instituição formadora de guetos ou de espaços de atendimento diferenciados, mas sim seja promotora de desenvolvimento e acolhimento das diversidades, de todas as formas possíveis. (RUTZ, 2010, p.7).
A escola deve estar sempre atenta e discutir em seu Projeto Político Pedagógico qual é o objetivo a ser traçado para os alunos. No Brasil há uma grande diversidade cultural que deve ser trabalhado nas escolas de maneira interdisciplinar e com projetos nas mais variadas áreas de ensino. Mesmo porque não existem classes homogêneas e nem o mesmo tipo de ensino deve ser modelado para todos os alunos como se todos fossem iguais. Nem os dedos das nossas mãos são iguais então o por quê seria ter essa visão estereotipada de que todos aprendem ao mesmo tempo e do mesmo jeito.
Devemos respeitar o ritmo de aprendizagem de cada aluno, pois cada um tem o seu tempo para reter informações abordadas em salas de aulas. Principalmente no que diz respeito aos alunos que apresentam algum tipo de deficiência.
A arte se mostra importante tanto no currículo como na vida, pois resgata e trabalha no afloramento e qualificação da sensibilidade no ser humano, sendo assim uma condutora da humanização do mesmo, e isso pode ser constatado principalmente no viés da Educação Inclusiva. (RUTZ, 2010, p.8)
Se as Artes humanizam o ser humano, por que nas escolas em sua grade curricular do 1º ao 9º ano o número de aulas é bem reduzido? No máximo duas aulas por turma na semana. Isso se dá porque as áreas de conhecimento mais importantes são o ensino de Português e o ensino de Matemática. Em Natureza e Sociedade a grade curricular é distribuída em três ou quatro aulas por semana dependendo do ano. E Educação Física tem turmas que acontecem três aulas por semana. Sendo assim, faz-se necessário que aumentem os números de aulas na grade curricular e o ensino de artes passe a ser muito mais valorizado.
O ensino de Artes desenvolve as habilidades dos alunos no que diz respeito a linguagem, a criação, as variadas formas de comunicação e de expressão corporal, facial, entre outros.
Cabe ao professor escolher os modos e recursos didáticos adequados para apresentar as informações, observando sempre a necessidade de introduzir formas artísticas, porque ensinar arte com arte é o caminho mais eficaz. Em outras palavras o texto literário, a canção e a imagem trarão mais conhecimentos ao aluno e serão mais eficazes como portadores de informações a se exercitar nas práticas de aprender a ver, observar, ouvir, atuar, tocar e refletir sobre elas (PROENÇA, 2000, p. 59).
As estratégias, as metas e as ações estabelecidas pelo professor de artes é que proporcionará nos alunos o desenvolvimento das habilidades e competências no que diz respeito à criação, a percepção estética, o fazer artístico e na consciência crítica consigo mesmo, pois os alunos construirão a sua própria identidade cultural e o seu próprio estilo artístico.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Para termos um bom ensino na arte-educação faz-se necessário que os professores tenham uma formação adequada e que sejam comprometidos com os alunos que irão trabalhar cumprindo assim os seus objetivos e as suas metas.
Os cursos de formação para professores devem rever a sua grade curricular, proposta metodológica e estar atualizado com a demanda do mercado de trabalho, afinal os professores de arte-educação não atuam apenas nas artes visuais e sim em todas as linguagens do contexto artístico, ou seja, em todas linguagens artísticas.
Acreditamos que a melhor forma de trabalhar com os alunos é com projetos interdisciplinares, pois vivemos em uma sociedade com uma grande diversidade cultural e para isso temos que entender o contexto histórico, geográfico, bem como os patrimônios culturais existentes em cada canto do nosso imenso país.
As crianças e os adolescentes aprenderão a respeitar a nossa cultura e o nosso patrimônio, por meio de vivências, pesquisas, entre outros. E terão uma visão crítica na interpretação das obras de artes, pois conhecerão o artista e o seu contexto histórico sócio cultural. Sendo assim, o ensino de artes será prazeroso para o professor que leciona e criativo para o aluno que irá construir e ampliar o seu conhecimento.
Acreditamos que todos os alunos podem exercer a sua criatividade e o professor não tem o direito de limitá-lo. Para tanto, o papel da Arte pode e deve propiciar um ambiente multiplicador de aprendizagens, fazendo com que o aluno tenha vontade de aprender através daquilo que lhe dá prazer, por meio das linguagens artísticas, o aluno pode construir conceitos, apreender os conteúdos trabalhados em sala de aula e adquirir conhecimentos sobre cultura e valores referentes à nossa sociedade e as de outros países.
Seu trabalho deve ter como foco inserir os alunos na nossa sociedade injusta e desigual, para construir a sua cidadania e lutar pelos seus direitos. E para que isso aconteça o professor deve trocar experiências com os seus colegas de trabalho, se preciso for, mudar as estratégias de ensino, para que eles saiam da escola como cidadãos críticos, atuantes, que lutem pelos seus direitos e cumpram com os seus deveres.
O professor não é um mero reprodutor de conteúdos, ele deve ter a responsabilidade de articular os conteúdos da escola com a vida cotidiana de cada um. Para tanto é importante que os professores valorizem os conhecimentos prévios dos alunos sem discriminação e preconceitos estabelecidos.
Ensinar é um grande desafio, temos um avanço tecnológico muito grande e alunos que a dominam, mas não é revertido em conhecimento. São jovens que não tem capacidade de concentração necessária para sair da informação para o conhecimento. Eles têm um grande acesso de informação, mas que não gera conhecimento. Muitas vezes eles não conseguem se posicionar ou fazer a crítica da informação que ele está recebendo.
O grande desafio de hoje é conseguir desenvolver um cidadão crítico com habilidades e competências. O professor deve buscar cursos e conhecimentos para enfrentar esse grande desafio. Essa geração em que tudo é descartável e imediato, o conhecimento parece não ter importância na vida dessas pessoas.
Outra coisa interessante, os alunos não vivem o momento, eles fotografam o momento. A fotografia tem o seu valor, mas também é limitada. Ela é um recorte do todo.Tudo é fragmentado sem ligação.
Ousamos apresentar dicas para lidar com os alunos no século XXI: o professor deve despertar a curiosidade do aluno inserindo a relação dos conteúdos com os fatos que ocorrem na vida cotidiana; elaborar atividades para mostrar aos alunos o quanto evoluíram; mudar as estratégias de ensino ao perceber que os objetivos propostos não estão sendo alcançados.
O professor também deve explicar aos alunos o porquê que o tema proposto é importante, para que eles tenham essa informação, pois a aprendizagem deve ter significados para os alunos. Deve evitar ao máximo avaliar os alunos comparando-os com outros. Faz com que a autoestima desses alunos caiam, por serem avaliados negativamente.
Ser professor não é uma tarefa muito fácil, tem que se aprimorar, pois muda-se a sociedade e com isso mudam-se os valores também. E diante desta dura realidade o professor deve estar sempre preparado para saber lidar com o novo mesmo que esse novo não signifique uma melhora na educação. E sim uma regressão nos tempos atuais.
REFERÊNCIAS
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