A Importância de Ações Educativas Sobre o Trânsito nas Escolas com Crianças desde os Anos Iniciais.

A importância de ações educativas sobre trânsito nas escolas com

crianças desde os anos iniciais

Resumo

O trânsito pode parecer uma coisa distante para a maioria das crianças, mais o fato é que, quando colocam os pés fora de casa, já fazem parte dele. Por isso, conscientizá-las desde cedo, passa a ser uma questão de segurança e cidadania, uma vez que são pedestres, passageiras, ciclistas, o que reforça a importância de ações sobre esse tema, não só na semana do trânsito, em setembro, mais durante todo o ano. Trabalho na gerência de educação para o trânsito da prefeitura de Salvador, e faço parte de uma equipe que desde 2012, através do programa, Crianças Condutoras do Futuro,

tem como uma de suas principais atividades fazer palestras educativas nas escolas. E foi, preocupados com o aumento no índice de acidentes envolvendo crianças, principalmente nas escolas da periferia, que resolvemos fazer essa pesquisa utilizando questionário e enquete. Elaboramos o questionário com perguntas fechadas que foram entregues as gestoras depois de assistirem a palestra. Com isso pudemos avaliar o nível de satisfação delas em relação a nossa ação e se notaram alguma mudança no comportamento dessas crianças. E a enquete contendo perguntas sobre regras de trânsito, entregues aos pais de 2 escolas com problemas diferentes, mais que estavam se repetindo com frequência em outras. Foi com o excelente resultado do questionário favorecendo nossas palestras, que conseguimos fortaler a parceria com as escolas, que passaram a ser nossas maiores divulgadoras. E a enquete foi muito importante, porque ajudou a entender melhor certos comportamentos inadequados para que pudessémos minimizar melhor os problemas.

Palavras-chave: Segurança; Cidadania; Condutoras; Palestras.

Introdução

A educação é fundamental em relação ao trânsito, principalmente se trabalhada desde os anos iniciais. Pois é na infância que estão se formando os valores éticos e morais.

Cerca de 500 a.C., Pitágoras, pai do conceito de justiça, norteadora do direito, declarou: “Educai as crianças e não será preciso punir os homens”. A assertividade dessa afirmativa, se tomada em seu sentido mais amplo, ainda é válida e central na atualidade.

A cada 15 minutos, uma pessoa morre em um acidente de trânsito no Brasil. Apesar de impactante, as estatísticas já foram piores. Aos poucos, o país vem conseguindo reduzir as mortes, mas a uma distante da meta da Organização das Nações Unidas de reduzir pela metade os óbitos em uma década (2011 a 2020). Em maio de 2011, a ONU lançou a Década de Ação pela Segurança no Trânsito, no qual governos de todo o mundo se comprometeram a adotar medidas para prevenir esse tipo de ocorrência, que mata cerca de 1,35 milhões de pessoas por ano no planeta.

No Brasil, ao final do ano de 2011, 43.256 pessoas perderam a vida nas ruas e nas estradas. Seis anos depois, em 2017, o número de indivíduos que morreram envolvidos em colisões e atropelamentos havia caído para 34.236, uma redução de 20,85%. Os dados oficiais são os mais atuais do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, historicamente, entre as causas mais comuns de acidentes com morte estão a desatenção do motorista, excesso de velocidade, ingestão de álcool, desobediência à sinalização e ultrapassagens indevidas. Cerca de 90% das colisões fatais são causadas por erro humano. Nas duas últimas décadas, uma série de medidas a partir da criação do Código de Trânsito Brasileiro contribuiu para salvar vidas, como a Lei Seca, o uso da cadeirinha para crianças, cinto de segurança e capacete pelos motociclistas. A Lei Seca ocupa uma parcela importante nesse bolo. Além das mortes, o tráfego gera mais de 50 milhões de feridos a cada ano no mundo todo. No Brasil, mais de 60% dos leitos hospitalares do Sistema Único de Saúde (SUS) são ocupados por vítimas envolvidas em colisões ou atropelamentos. Segundo o Observatório Nacional de Segurança Viária, os acidentes nas ruas e estradas resultam em custos anuais de R$ 52 bilhões, 3,7% do Produto Interno Bruto (PIB).

O objetivo principal desse trabalho é alertar para a importância de ações educativas nas escolas com as crianças desde os anos iniciais e de como isso pode fazer diferença quando elas estiverem com seus familiares no trânsito, pois se tornam verdadeiras fiscais, chamando atenção deles todas as vezes que infringirem as regras, e dessa forma preparando elas para serem multiplicadoras e assim se tornarem nossas aliadas nessa luta por uma mudança de conduta correta, diminuindo o número de acidentes.

Material e Métodos

Esse estudo foi realizado aproveitando o período de palestras entre os meses de agosto a novembro de 2019. Nesse tempo foram atendidas 4.293 crianças da rede pública e particular de Salvador na faixa etária de 2 a 10, dando um total de 61 escolas atendidas.

Optou-se pela pesquisa qualitativa com aplicação de questionário e enquete. A natureza dessa metodologia permite descrever problemas, analisar possibilidades, clarificar processos experienciais dos grupos sociais, e ainda com maior profundidade, entender certas minucias do comportamento das pessoas (Richardson,1999).

Primeiro entregamos um questionário impresso com 6 perguntas objetivas, para os gestores que assistiram a palestra (Apêndice I), para que pudessem avaliar nosso trabalho. Dando um total de 39 questionários respondidos, das 61 escolas no período acima citado.

O segundo momento foi aplicação de uma enquete (Apêndice II) e para isso foram escolhidas duas escolas com problemas distintos, mais que representavam a maioria das queixas registradas em relação as escolas do município. Uma localizada num bairro de classe média que tinham casos frequentes de brigas e discussões entre os pais, na hora de pegar e levar os filhos. Nesse local foram entregues 200 enquetes, das quais 114 foram respondidas. E a outra da rede pública, com relatos de casos de acidentes envolvendo crianças na garupa de motocicletas. Nessa escola das 100 enquetes, somente 30 foram devolvidas preenchidas.

Dentre as perguntas: Se eles têm hábito de falar ao celular enquanto dirigem; De quem eles acham que é a responsabilidade de se educar para o trânsito; De que forma os filhos vão para escola; Se eles sabem a idade correta por lei para transportar seus filhos no banco da frente de um carro; Como eles se avaliam em relação a sua conduta no trânsito; Se eles sabem a idade correta para uma criança andar na carona de uma motocicleta; Qual a forma segura do adulto segurar uma criança ao atravessar uma. Para a escola da rede pública acrescentamos 3 perguntas relacionadas a motocicletas.

Resultados e Discussão

Apresentando o programa: Crianças Condutoras do futuro

Esse programa foi criado em 2012, pela então gerente de Educação para o Trânsito da Prefeitura de Salvador, Mirian Bastos. Através de palestras educativas são passadas orientações de regras de segurança e cidadania no trânsito, como por exemplo: a forma segura de um adulto conduzir uma criança ao atravessar rua, a idade correta para uma criança andar no banco da frente de um carro, o significado das cores do semáforo, a importância de se respeitar a sinalização, etc. As palestras são moldadas conforme o perfil dos alunos e necessidades do local. A partir disso, traçamos como será a interação com a turma. As atividades podem durar de 30 a 50 minutos, e os temas abordados seguem as diretrizes educacionais de educação para o trânsito, definidas pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), nas áreas de segurança, linguagem, e convivência social. O conteúdo também compreende sugestões apontadas pela direção das escolas, a exemplo do uso seguro de bicicleta e skate em vias públicas. Nos últimos cinco anos, 26.785 alunos participaram do programa. Para as palestras são utilizados recursos lúdicos do início ao fim, como a música, a dança, o teatro de fantoches, os bonecos cabeções. Através das brincadeiras, as informações são passadas de forma prazerosa, descontraída e alegre facilitando a aprendizagem.

Resultados

Através do questionário foi possível saber a opinião das gestoras sobre as palestras feitas nas suas instituições e se notaram alguma mudança no comportamento dos alunos. E com a enquete, nós pudemos ter uma ideia do conhecimento básico sobre regras de trânsito dos pais das 2 escolas escolhidas.

Enquete da escola da rede particular

Comentários sobre a enquete da escola particular

Observamos que a maioria dos pais dessa escola responderam que se acham tranquilos quando estão dirigindo, ao mesmo tempo em que quase 100%, marcou que o trânsito da sua acidade é estressante. Outro ponto importante, foi o fato deles marcarem que dão preferência ao pedestre na faixa de segurança, quando na verdade não é isso que acontece normalmente nas ruas de Salvador. Outros detalhes observados foram: o desconhecimento das regras básicas de segurança de trânsito, como exemplo a idade correta de uma criança poder andar no banco da frente de um carro e a forma mais segura para um adulto segurar uma criança na hora de atravessar a rua.

Enquete da escola da rede pública

O que você acha do seu comportamento no trânsito como condutor?

Como seu filho vai para a escola?

Qual a forma correta de segurar uma criança ao atravessar uma rua?

Você sabe a idade permitida por lei para criança poder andar no banco da frente de um carro?

Você acha que educação para o trânsito é responsabilidade de quem?

Você sabia que um copo de cerveja pode dar positivo num teste de bafômetro?

Você sabe quantas pessoas são permitidas por lei na garupa de uma motocicleta?

Qual a idade permitida por lei para uma criança andar na garupa de uma motocicleta?

Você sabia que para uma criança poder estar segura na garupa de uma motocicleta os pés precisam alcançar os pedais (pedaleira)?

Comentários sobre a escola da rede pública

Nessa escola, das 100 enquetes entregues, somente 30 pais devolveram preenchidas. 90% disse que não sabe dirigir. A maioria marcou que a responsabilidade de se educar para o trânsito é do órgão público. 100% concorda que as crianças devem aprender desde pequenas regras de educação no trânsito. A maioria leva seus filhos a pé para a escola. Alguns de motocicleta. Também confirmaram que seguram os filhos pelas mãos quando vão atravessar a rua por acharem a forma mais segura. E um fator importante observado é que quase 100% acha que a idade correta para levar uma criança na garupa de uma moto é 10 anos. Quando na verdade legalmente a partir 07 anos, e os pés precisam alcançar o pedal (Pedaleira).

Comentários gerais

Uma coisa que chamou atenção nessa pesquisa, foi o fato dos pais das duas escolas, terem marcado, que a educação para o trânsito não é competência deles, e sim da comunidade e dos órgãos de trânsito. Outro item preocupante, foi o desconhecimento dos pais das duas escolas, sobre a idade que uma criança pode andar no banco da frente de um carro. E em relação as motocicletas, os pais da escola pública, demonstraram desconhecimento sobre as regras básicas de segurança, como por exemplo, a idade correta para uma criança andar na garupa de uma moto e a importância dos pés, encostarem no pedal (pedaleira).

Conclusão

O resultado dessa pesquisa mostrou a importância da opinião dos gestores das escolas onde apresentamos as palestras, e se na prática notaram alguma mudança no comportamento das crianças. Essas informações nos ajudaram a melhorar o conteúdo das aulas, assim como consolidar a parceria, que é fundamental para divulgação do nosso trabalho. E a enquete foi importante para entender melhor o comportamento de alguns pais. Através dela foi possível reforçar os pontos que precisavam ser mais trabalhados durante as palestras para minimizar esses problemas. Essa pesquisa também ajudou a alertar a sociedade, os pais, gestores e órgãos públicos, sobre a importância de se investir cada vez mais, na educação para o trânsito com crianças desde os anos iniciais, pois daqui a 10 ou 15 anos teremos um motorista mais humano e cidadão, e com isso reduzir os acidentes e a violência no trânsito.

Agradecimento

Quero agradecer a criadora do programa, Crianças Condutoras do Futuro, Mirian Bastos, que também é gerente do setor onde trabalho. E aproveito para deixar registrado, sobre a importância desse projeto para o trânsito de Salvador. Agradeço aos meus colegas de equipe, Gilson Santana e Luiz Clebert pela colaboração. Quero citar carinhosamente a outra colega e pedagoga que faz parte da equipe, Luzia Santana, por muitas vezes ter chamado minha atenção, quando eu dizia que ia desistir. E em especial, minha Orientadora, Gianni Haddad, pessoa que admiro muito, além de ter me incentivado a continuar acreditando no meu trabalho.

Referências:

CCR, maio de 2019. Disponível em: <https://g1.globo.com/especial-publicitario/inovacao-em-movimento/ccr/noticia/2019/05/22/brasil-reduz-mortes-no-transito-mas-nao-deve-bater-meta-da-onu.ghtml>. Acesso em: 02 jul. 2020.

DENATRAN. Departamento Nacional de Trânsito. Disponível em: <https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/denatran> Acesso em: 20 mai. 2020.

Heloisa Helena de Oliveira, Out de 2014. Disponível em:<https://congressoemfoco.uol.com.br/opiniao/colunas/%e2%80%9ceducai-as-criancas-e-nao-sera-preciso-punir-os-homens%e2%80%9d/>. Acesso em: 05 jun. 2020.

Nações Unidas Brasil. Disponível em: <https://nacoesunidas.org/campanha/seguranca-transito/#:~:text=Foi%20lan%C3%A7ada%20em%20maio%20de,mortes%20em%20todo%20o%20mundo> Acesso em: 20 jun. 202.

RICHARDSON, R.J. Pesquisa Social: métodos e técnicas. 3.ed. São Paulo Atlas: 1999.

Secretaria de Comunicação, Prefeitura de Salvador. Disponível em: <http://www.comunicacao.salvador.ba.gov.br/index.php/todas-as-noticias/52271- programa-criancas-condutoras-do-futuro-abre-inscricoes-para-segundo-semestre>

Acesso em: 18 jun. 2020.

Apêndice I. Questionário destinado às gestoras

AVALIAÇÃO DA PALESTRA

ESCOLA:_________________________________________________________________

DATA:___________________________________________________________________

1. A PALESTRA ESTÁ DE ACORDO COM A FAIXA ETÁRIA DAS CRIANÇAS?

SIM ()

NÃO ()

2. APRENDER REGRAS DE TRÂNSITO DESDE OS ANOS INICIAIS É IMPORTANTE NA FORMAÇÃO DO FUTURO CONDUTOR?

SIM ()

NÃO ()

3. OS RECURSOS UTILIZADOS PELA EQUIPE E A METODOLOGIA DE TRABALHO EM RELAÇÃO AO TEMA, FORAM SATISFATÓRIOS? COMENTE:_________________________________________

SIM ()

NÃO ()

4. VOCÊ ACREDITA QUE A CRIANÇA QUE PARTICIPA DESSE TIPO DE AÇÃO EDUCATIVA, PODE VIR A TER A POSSIBILIDADE DE UMA CONSCIÊNCIA CIDADÃ EM RELAÇÃO AO SEU COMPORTAMENTO NO TRÃNSITO, E TAMBÉM SER UMA MULTIPLICADORA AJUDANDO A FISCALIZAR PAIS E FAMILIARES, QUANDO ESTES ESTIVEREM INFRINGINDO AS REGRAS DO TRÂNSITO, DESSA FORMA COLABORANDO NA PREVÊNÇÃO DE ACIDENTES? COMENTE:____________________________________________________________

SIM ()

NÃO ()

5. VOCÊ RECOMENDARIA ESSA PALESTRA PARA OUTRAS INSTITUIÇÕES?

SIM ()

NÃO ()

6. A PALESTRA FOI:

REGULAR() BOA () MUITO BOA () EXCELENTE ()

_____________________________________

Assinatura da Gestora

Apêndice II.

Enquete com os pais

Como você avalia seu comportamento no trânsito?

A – Tranquilo()

B – Estressado()

C – Não dirijo()

O que você acha do trânsito de sua cidade?

A – Organizado()

B – Tranquilo()

C – Estressado()

Você acha que a educação para o trânsito é responsabilidade de quem?

A – Órgãos de trânsito()

B – Das escolas()

C -- Da comunidade()

D – Dos pais()

Você sabia que um copo de cerveja pode dar positivo durante o teste de bafômetro?

A – Sim()

B – Não()

Você tem o costume de dar preferência ao pedestre na faixa de segurança?

A – Sim()

B – Não()

Você tem o hábito de falar ao celular enquanto dirije?

A – Sim()

B – Não()

Qual a idade permitida por lei para uma criança poder andar no banco da frente de um carro?

A – 6 anos()

B – 10 anos()

C – 12 anos()

Você sabe que existe cinto de segurança para animal de pequeno porte?

A – Sim()

B – Não()

Como seu filho vai para a escola?

A – A pé()

B – De motocicleta()

C – De carro()

D – De ônibus()

E – Transporte escolar()

Qual a forma mais segura de conduzir uma criança ao atravessar uma rua?

A – Segurando pelo braço()

B – Segurando pela mão()

C – Segurando pelo pulso()

Qual a idade correta que você acha que uma criança deve ser educada para respeitar regras de trânsito?

A – 2 anos()

B – 4 anos()

C – 5 anos()

D – 6 anos()

Anexo

Entendendo a BNCC

A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento de caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de aprendizagens essenciais que todos os alunos devem desenvolver ao longo das etapas e modalidades da Educação Básica.

Conforme definido na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996), a Base deve nortear os currículos dos sistemas e redes de ensino das Unidades Federativas, como também as propostas pedagógicas de todas as escolas públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, em todo o Brasil.

A Base estabelece conhecimentos, competências e habilidades que se espera que todos os estudantes desenvolvam ao longo da escolaridade básica. Orientada pelos princípios éticos, políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica, a Base soma-se aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva.

A BNCC não deve ser vista como um documento que substitui as orientações contidas nos PCNs de 1998, mas, sim, como um documento que orienta o processo de revisão curricular à luz da legislação vigente. Após duas décadas, avanços foram feitos e novos elementos foram inseridos. Nesse sentido, a BNCC vem acrescentar, integrar e trazer novos aspectos e práticas que pretendem ampliar a abordagem dos temas na escola.

TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS NA BNCC

Os temas transversais, propostos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, são: ética, cidadania, meio ambiente, pluralidade cultural, saúde, orientação sexual e social, trabalho, consumo e temas locais. Os critérios de escolha foram: urgência social, abrangência nacional, possibilidade de ensino e aprendizagem no ensino fundamental, favorecer a compreensão da realidade e a participação social, e devem ser trabalhados nas unidades escolares, no intuito de expressar conceitos e valores, indispensáveis a uma sociedade organizada.

Por tratarem de questões sociais, os Temas Transversais têm natureza diferente das áreas convencionais. Sua complexidade faz com que nenhuma das áreas, isoladamente, seja suficiente para abordá-los.

Ao contrário, a problemática dos Temas Transversais atravessa os diferentes campos do conhecimento. Por exemplo, a questão ambiental não é compreensível apenas a partir das contribuições da Geografia. Necessita de conhecimentos históricos, das Ciências Naturais, da Sociologia, da Demografia, da Economia, entre outros. (BRASIL, 1997, p.29)

O trânsito está inserido na vida das pessoas, faz parte da organização da sociedade e por isso precisa ser trabalhado nas escolas. A questão do trânsito é considerada como tema local nos documentos dos Parâmetros Curriculares Nacionais, ou seja, deve ser trabalhado em regiões brasileiras onde o trânsito constitui um problema social grave e urgente.

Sabe-se, no entanto que a necessidade de um trânsito seguro transcorre por todo o território brasileiro, pois mesmo aquele que só vai à cidade de vez em quando, precisa transitar com segurança.

Reafirmando o indicativo dos PCNS, em 2009, foi publicado pelo Denatran, por meio da portaria 147, as Diretrizes Nacionais da Educação para o Trânsito, cujo texto estabelece que o trânsito deve ser trabalhado de maneira transversal na pré-escola e no ensino fundamental. Este documento, apresenta, em seus anexos, sugestões de atividades envolvendo o trânsito e os conteúdos curriculares.

Além disso, o trânsito, como tema transversal na escola, está apontado também na BNCC – Base Nacional Comum Curricular, com o seguinte texto:

[…] cabe aos sistemas e redes de ensino, assim como às escolas, em suas respectivas esferas de autonomia e competência, incorporar os currículos e às propostas pedagógicas a abordagem de temas contemporâneos que afetam a vida humana em escala local, regional e global, preferencialmente de forma transversal e integradora. Entre esses temas, destacam-se: direitos da criança e do adolescente (Lei nº 8.069/199016), educação para o trânsito (Lei nº 9.503/199717) […] (BRASIL, 2017. Pag. 19)

Educar para o trânsito de forma transversal, nas escolas, implica em articular os conteúdos das disciplinas curriculares com os conteúdos que tratam da segurança nas vias, de maneira abrangente e integrada.

Luzi Moreira
Enviado por Luzi Moreira em 02/12/2020
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