Professores - mestres em superação

Dia 15 de outubro foi o dia dos professores. Uma data lembrada a cada ano por alunos, pais de alunos e colegas, com mensagens, presentes e abraços. Neste ano, porém, as coisas não aconteceram com antes: sem abraços, presentes entregues na residência e felicitações nas redes sociais, tudo por causa da Pandemia da Covid-19. Para evitarmos a contaminação exacerbada do vírus, estamos reclusos em casa desde o mês de março; não obstante, continuamos fazendo nosso trabalho com garra e determinação, como nunca fizemos, tudo para que nossos alunos não ficassem sem aulas e perdessem o ano letivo.

Para enfrentarmos essa empreitada, tivemos que nos reinventar. À nossa frente, colocou-se a tecnologia, como a esfinge de Tebas, com seu enigma, e o ultimato: “decifra-me ou te devoro”. Alguns de nós dispúnhamos de recursos tecnológicos modernos, outros nem tanto e outros tantos, de apenas um computador em casa para dar aulas, compartilhando-o com os filhos que tinham aulas online. Isso sem contar nosso parco conhecimento tecnológico. Primeiro foram as videoaulas, gravadas com celulares, câmeras, quadros improvisados, tripés e muitos outros recursos que a criatividade possibilitou. Depois vieram as lives. Aulas conectadas com os alunos. Tivemos de aprender a usar plataformas como o Google Meet, o Zoom, o Microsoft Teams e outras. Então aquela máxima de que o professor não só ensina, mas também aprende, foi provada na prática. Em um tempo recorde, pusemos em prática nossas aulas online.

Toda essa reviravolta na Educação suscitou alguns questionamentos: será que os alunos estão aprendendo realmente? Os ardorosos defensores do retorno às aulas presenciais dizem que não, muitos deles movidos por questões econômicas. Mas sabemos que o chão da sala de aula não é lugar exclusivo para a aquisição do conhecimento. Os professores podem ensinar em uma excursão, na biblioteca, no shopping ou no pátio da escola, como fazia Aristóteles, caminhando com seus Peripatéticos sob os portais do Liceu ou sob as árvores. Por conseguinte, fica a pergunta: por que o aluno não pode também aprender à distância? Acredito que para isso, deva haver um planejamento, a longo prazo, implantado paulatinamente, desde a tenra idade. Mas essa discussão cabe aos pedagogos e estudiosos da Educação.

O ano de 2020 exigiu que avaliássemos nossa postura diante de questões, antes insignificantes, mas que se nos mostraram primordiais para a preservação de nossa vida e a de nossos entes queridos. Ao mesmo tempo, serviu como um alerta para aqueles que não se preocupam em aprender cada vez mais e se qualificar em sua profissão. Estamos vivendo tempos de desemprego e de mudanças profundas, principalmente, em nossa área de atuação. Portanto, é mister que estejamos sempre estudando e aprendendo, não pensando apenas em valorização profissional que, historicamente, nunca tivemos, mas para nosso crescimento pessoal, uma vez que conhecimento não ocupa espaço.

Para a sociedade e para os governos, essa pandemia veio mostrar a importância dos professores, que mesmo sendo mal pagos, trabalhando sem equipamentos ou recursos didáticos, estrutura deficitária nas salas de aula, isso sem falar na indisciplina e falta de respeito por parte dos alunos e a decepcionante conivência de pais e, muitas vezes, de seus superiores. Não bastasse tudo isso, ainda temos que ouvir de pessoas em altos escalões do governo que os professores não querem trabalhar, ou que têm duas férias por ano, quando não nos acusam de doutrinadores e esquerdopatas. Todavia, nossa missão de ensinar nos faz persistir e acordar todos os dias dispostos a mudar a vida das pessoas, com o conhecimento que temos para transmitir, com uma palavra amiga a um aluno com problemas, com conselhos sobre que carreira seguir, enfim, fazermos a diferença na vida de nossos alunos. Isso não tem preço.

Aílton de Almeida
Enviado por Aílton de Almeida em 04/11/2020
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