Escola Bolivar 11-9 - Rua José dos Reis, Eng de Dentro Rio RJ

Escola Bolivar 11-9. Rua José dos Reis, Engenho de Dentro.

© AFDupré Out 2006

Construção estilo português, com muitas salas de aula – de matemática, linguagem, história, geografia, desenho, etc. -, refeitório onde era servida a merenda – que delicia de merenda! -. Tinha, também, gabinete médico e dentário.

Entendeu bem? Vou repetir: gabinete médico e dentário!

Alunos em forma no pátio. Mãos ao ombro!. Sentido! Vamos cantar o Hino Nacional. A cada semana, ou nas datas cívicas, se entoava um diferente:

"Ouviram do Ipiranga as margens plácidas..."

Dia da Marinha: "o cisne branco que em noite de lua..." Dia da Bandeira: "salve lindo pendão da esperança...". Marcha de Guerra: "Salve pátria gentil, amado Brasil, nossa terra querida..."

Não. Não é um colégio militar. Nem de padres. Simplesmente uma escola como tantas outras da rede municipal, com ensino de qualidade. Sempre havia uma perto de casa. Dava pra ir a pé. Você estudava numa ou, filhinho(a) de papai rico, "freqüentava" uma PP (pagou passou).

Em seguida o "monitor", escolhido – em sistema de rodízio - dentre os melhores alunos, junto com uma servente, procedia à inspeção. Objetivo: verificar unhas se estão cortadas e limpas; uniformes limpos e bem passados; higiene corporal, principalmente atrás da orelha pra ver se está bem limpinha. Se algum dos – digamos assim – quesitos apresentasse "probleminha", de volta pra casa com bilhetinho.

A professora não era a "tia" de hoje em dia. Estava mais pra nossa mãe, enérgica, mas com doçura - "Hay que endurecer, pero sim perder la ternura jamás"!(Ernesto "Che" Guevara).

A escola era o "segundo lar" e a professora, a "segunda mãe". A tia não participava do nosso processo educacional. Cuidava, sim, dos nossos primos, aqueles "capetinhas".

A "fessora" era filha e neta de professores. Seu bisavô, que não era mais vivo – antigamente as pessoas não duravam tanto -, também havia sido professor. Morava ela numa casa, embora simples, confortável onde havia uma biblioteca com obras sobre os mais variados temas – menos, é claro, livros de "sacanagem".

Escola Bolívar 11-9. Hora do recreio, merenda, que bom! Eu só não gostava daquele mingau: nem do de sagu, nem do de tapioca que vira-e-mexe eram servidos.

Acabou o recreio. Você Felipinho que jogou lixo no chão, de castigo vai escrever no quadro negro cem vezes: "não se joga lixo no chão". Lugar de lixo é na lixeira.

Pedrinho, cadê seu dever de casa? O que, não fez? De castigo; de joelho no milho!

Dudu, você falou "nome feio" para a Juliana e a Flávia na hora do recreio. Vai ficar de pé virado para a parede até o fim da aula!

Joaninha e Júlia, se forem pegas de novo brigando, vão ficar de joelho no milho. Entenderam? Irmãs não brigam!

Vem aqui na frente pra todo mundo ver, se abracem e se beijem e digam pra todo mundo ouvir que não vão brigar mais.

Final da aula: todo mundo anotando o "dever de casa". Pra fazer em casa auxiliado pelos pais e levar no dia seguinte prontinho.

Hoje – que pena! –, aí do professor que passar "dever de casa". Vem reclamação na reunião de pais - coisa moderna -, de que os filhos, coitadinhos ficam muito cansados fazendo dever, além de não terem tempo pra mais nada: aula de inglês, escolinha de futebol, judô, caratê, ver TV ou "entrar" no Orkut, para "bater papo".

Os pais, assoberbados, não podem ajudar! Não têm tempo! Quase nem dá pra ver o futebol ou a novela na TV

Antigamente, não existia – graças a Deus – este tal de Orkut. A gente batia papo ao vivo. Contava-se histórias de fantasmas, assombração! Depois, todo mundo ficava com medo de ir pra casa sozinho.

Namorava-se ao vivo, segurando a mãozinha e roubando um inocente beijinho.

Daqui a pouco a garotada vai estar "transando" pela internet! Bem, pelo menos é mais seguro. Não precisa usar preservativo!

Escola Bolívar 11-9. Aula de matemática. Tinha que decorar a tabuada. Hoje não tem mais decoreba. Não pode! Morro de rir quando eu pergunto aos meus netos, ou a qualquer outra criança:

-"nove vezes nove?"

Sabe o que me respondem? "-O quê? Calmaí, calmaí!."

Tenta facilitar as meninas das caixas: se enrolam todas. A máquina já disse quanto é o troco. Não tente ajudar, pois vai confundir!

"Eu dei vinte mil reis pra pagar dois e trezentos, você tem que me voltar dezessete e setecentos, você tem que me voltar..."

bela letra do cancioneiro nacional que não se "usa" mais.

Bem, acabou a aula. Tocou a campainha. Já vou indo. Vou sozinho, não tem perigo. Mas tenho hora de chegar em casa.

© A.F. Dupré

AFDupré
Enviado por AFDupré em 27/10/2020
Código do texto: T7097529
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