Formigas, Povo Inteligente

Por Nemilson Vieira (*)

“Vai ter com a formiga, preguiçoso.” — Bíblia.

É uma orientação bíblica, com uma razão de ser; como tantas outras do livro santo.

Se observarmos as formigas aprendemos com elas, algumas coisas…

Dentre esses ensinamentos das formigas a nós, está abnegação ao trabalho, a organização, a inteligência.

“As formigas são um povo inteligente”. — Bíblia

É uma verdade que as formigas sabem a folha que deve ser cortada. Precisaria mais alguma amostragem das suas sabedorias?

Não é só o cansanção (cheio de espinhos) ou outra planta similar que elas não as cortam.

Há muitas outras espécies vegetais que elas também não arriscam mexer. Qual a razão de ser disso? Seria uma expertise, uma precaução dos minúsculos seres em questão? Um sistema robusto de defesa dos elementos arbóreos que o combatem? Fica a interrogação.

Hoje à tarde, no meu retorno das compras observei à beira do caminho as formigas-cortadeiras, a trabalharem.

Organizaram-se numa enorme fila indiana, nos seus trabalhos à luz do dia. Num ir vir constante, a um formigueiro.

Para realizarmos algumas tarefas é preciso “organização”? Ela pode estar ausente das nossas demandas.

Quanto ao alcance dos nossos objetivos — o produto final do trabalho empregado. — Será preciso repetirmos a exaustão, o mesmo gesto laboral das formigas?

Todos os dias pela estrada, essas formigas ao se encontrarem cumprimentam-se, trocam informações e seguem as suas missões. Movimentam nessa única, e gasta trilha, feita por elas mesmas e para elas, que as servem no transporte das suas cargas vitais. Não há outro caminho alternativo a transitarem com os seus fardos.

São todas as formigas que vão ao trabalho e voltam com os seus provimentos? Não. Boa parte delas estão a prender o trajeto do serviço e como o mesmo deverá ser executado. Para depois caírem na lida de verdade. 

Umas vazias e outras que voltam com as suas cargas presas nas garras dianteiras.

As formigas que vi nesse observatório carregava uma parte duma folha verde-escuro, espessa numa lisa textura. Parece que passaram óleo nela. Pesava mais que as demais folhas.

Porquê foram tão longe buscar as suas cargas pesadas se havia uma vegetação verde, disponível a elas em volta do formigueiro? É lembrar que as formigas não cortam perto da casa.

Nesse dia rodas elas puseram-se a transitar num ritmo frenético, além do normal. Porquê? Deduzi que isso se deu

Pelo fato de estarmos em período muito frio e seco.

Por certo precisavam de uma fonte mais expressiva de fermentação e calor.

Precisavam com urgência avolumar mais alimentos. O período chuvoso está às portas. Por isso àquela maciça população de formigas em campo, com as 'mãos' na massa se agitava. — Corriam contra o tempo para atender as demandas; de suprimento e aquecimento.

As formigas sabem das suas necessidades e prioridades a serem pautadas.

Não somente sobre as folhas que devem cortar, mas da quantidade e o momento certo de fazerem isso. — Bem como outras ações necessárias à comunidade.

Como a vida não é somente trabalho…

As formigas também precisam de um entretenimento. Elas divertem-se, pois não são de ferro.

Nos seus momentos de folgas preferem brincar, como as crianças o fazem.

Pequeno ainda a mãe chamou-me, com os demais irmãos, numa dependência da nossa casa, ainda de chão batido:

— Venham cá meninos verem as formigas numa brincadeira de roda!

Corremos para ver. Elas estavam num círculo agarrada uma à outra, pelas patas dianteiras; a darem voltas ao entorno da morada. — A se divertirem como nós na primeira infância.

Será que desejam que a imitamos o seu modo de vida, no trabalho e no lazer também?

Aprendamos com elas tudo que temos de direito:

Muitas formigas vão para o trabalho e trazem os seus provimentos. Outras voltam vazias para o formigueiro.

As últimas se dividem em dois grupos: um das preguiçosas e outro das que acompanham as trabalhadoras mais experientes. Para aprender como o serviço deve ser feito; se preparar para o ingresso no mundo trabalhista.

*Nemilson Vieira

Gestor Ambiental e Acadêmico Literário

(24:06:20)