EDUCAÇÃO NÃO É SECERDÓCIO
A palavra sacerdócio vem do latim e significa "aquele que oferece sacrifícios". Na contemporaneidade, o termo é voltado para padres e leigos imbuídos do desejo de servirem à igreja, tendo como motivação o dom ganhado por Deus. Na educação, a referida palavra é amplamente utilizada para caracterizar as funções da docência, atrelando seu ofício com o divino, como se esse profissional fosse alguém dotado de um chamado especial para exercer seu trabalho.
De antemão, precisamos rechaçar tal abordagem. Ser professor nada tem a ver com sacerdotismo, mas sim com formação séria e de grande dedicação para desempenhar um papel fundamental de base, o qual forma cidadãos pensantes. Fazer coro para essa estória de misticismo só contribui para a desvalorização dos docentes, posto ela, de forma equivocada, aglutina no seu entorno argumentos assertivos sobre a possibilidade de qualquer indivíduo se tornar professor, bastando apenas sentir-se tocado pela mística da profissão.
Assim, o seu amigo néscio, em tese, deveria ser impedido de ensinar, mesmo ele querendo muito. O sacerdote tem seus atributos ligados ao sagrado e se vê como escolhido para a realizar a obra; o professor tem a sala de aula e os livros para melhorar seu fazer pedagógico. O primeiro é voluntário, dispensa pagamento, pois o importante é levar a palavra; o segundo é remunerado e possui clientela fixa, com a mesma faixa-etária, a cada ano. Um se pauta pela emoção; o outro pela razão.
Sem dúvida, como em todos os ramos, existem sim bons e maus professores. A diferença entre eles é subjetiva no sentido de explicação, mas bem concreta na prática de suas atribuições. Ainda assim, ambos estão longe do sacerdócio. Todavia, é válido pensarmos o quão um mau professor está mais próximo desse discurso messiânico em relação a um colega comprometido com seu trabalho. Isso é natural. Uma vez sendo a defesa desse tópico salutar para mascarar a péssima atuação, obviamente ele será utilizado largamente.
Vender a ideia de sacerdócio é alimentar a desmotivação para aqueles profissionais que levam a sério seu exercício. Estar na sala de aula, antes de tudo, é uma escolha, e como tal ela deve ser alicerçada por meio de incentivo e seriedade na sua construção. Definitivamente, não é para todos, mas somente para muitos dispostos a cumprirem com profissionalismo a tarefa escolhida.
O fato é, por trás desse discurso de sacerdócio, é a tentativa torpe do Estado e da própria sociedade de colocar o professor como alguém pronto para se sacrificar, justificando, portanto, trabalhar em condições humilhantes e em cenários improdutivos. O professor deve ser tratado em paridade com os demais profissionais, tendo seus direitos e deveres resguardados. Negociar essa pauta é intolerável e sinaliza uma posição firme frente ao desmantelo da livre docência.
A valorização do educador passa pela consciência daquilo que ele é. Logo, não existe salvador da pátria, ainda mais no Brasil, onde a educação é vista, por muitos, como algo burocrático e sem importância. Por isso, esqueçamos o sacerdotismo e concentremos nossas forças para tentar mudar essa mentalidade e transformá-la em algo propositivo. A escola e o professor são apenas engrenagens de uma imensa máquina social, com potencial de mudar a realidade, é verdade, mas com inúmeras incongruências no seu âmago.
Por fim, caso exista mesmo uma missão em ser professor, e essa seja entendida como uma espécie de vocação, talvez ela se sustente nos sonhos dourados de certos sujeitos os quais incompreendem a cosmovisão da conjuntura atual, imputando a ele ser refém de uma vivência profissional sem sentido. Melhor seria abandonar o jaleco, ou, nesse caso, a batina.
A palavra sacerdócio vem do latim e significa "aquele que oferece sacrifícios". Na contemporaneidade, o termo é voltado para padres e leigos imbuídos do desejo de servirem à igreja, tendo como motivação o dom ganhado por Deus. Na educação, a referida palavra é amplamente utilizada para caracterizar as funções da docência, atrelando seu ofício com o divino, como se esse profissional fosse alguém dotado de um chamado especial para exercer seu trabalho.
De antemão, precisamos rechaçar tal abordagem. Ser professor nada tem a ver com sacerdotismo, mas sim com formação séria e de grande dedicação para desempenhar um papel fundamental de base, o qual forma cidadãos pensantes. Fazer coro para essa estória de misticismo só contribui para a desvalorização dos docentes, posto ela, de forma equivocada, aglutina no seu entorno argumentos assertivos sobre a possibilidade de qualquer indivíduo se tornar professor, bastando apenas sentir-se tocado pela mística da profissão.
Assim, o seu amigo néscio, em tese, deveria ser impedido de ensinar, mesmo ele querendo muito. O sacerdote tem seus atributos ligados ao sagrado e se vê como escolhido para a realizar a obra; o professor tem a sala de aula e os livros para melhorar seu fazer pedagógico. O primeiro é voluntário, dispensa pagamento, pois o importante é levar a palavra; o segundo é remunerado e possui clientela fixa, com a mesma faixa-etária, a cada ano. Um se pauta pela emoção; o outro pela razão.
Sem dúvida, como em todos os ramos, existem sim bons e maus professores. A diferença entre eles é subjetiva no sentido de explicação, mas bem concreta na prática de suas atribuições. Ainda assim, ambos estão longe do sacerdócio. Todavia, é válido pensarmos o quão um mau professor está mais próximo desse discurso messiânico em relação a um colega comprometido com seu trabalho. Isso é natural. Uma vez sendo a defesa desse tópico salutar para mascarar a péssima atuação, obviamente ele será utilizado largamente.
Vender a ideia de sacerdócio é alimentar a desmotivação para aqueles profissionais que levam a sério seu exercício. Estar na sala de aula, antes de tudo, é uma escolha, e como tal ela deve ser alicerçada por meio de incentivo e seriedade na sua construção. Definitivamente, não é para todos, mas somente para muitos dispostos a cumprirem com profissionalismo a tarefa escolhida.
O fato é, por trás desse discurso de sacerdócio, é a tentativa torpe do Estado e da própria sociedade de colocar o professor como alguém pronto para se sacrificar, justificando, portanto, trabalhar em condições humilhantes e em cenários improdutivos. O professor deve ser tratado em paridade com os demais profissionais, tendo seus direitos e deveres resguardados. Negociar essa pauta é intolerável e sinaliza uma posição firme frente ao desmantelo da livre docência.
A valorização do educador passa pela consciência daquilo que ele é. Logo, não existe salvador da pátria, ainda mais no Brasil, onde a educação é vista, por muitos, como algo burocrático e sem importância. Por isso, esqueçamos o sacerdotismo e concentremos nossas forças para tentar mudar essa mentalidade e transformá-la em algo propositivo. A escola e o professor são apenas engrenagens de uma imensa máquina social, com potencial de mudar a realidade, é verdade, mas com inúmeras incongruências no seu âmago.
Por fim, caso exista mesmo uma missão em ser professor, e essa seja entendida como uma espécie de vocação, talvez ela se sustente nos sonhos dourados de certos sujeitos os quais incompreendem a cosmovisão da conjuntura atual, imputando a ele ser refém de uma vivência profissional sem sentido. Melhor seria abandonar o jaleco, ou, nesse caso, a batina.