EDUCAÇÃO X PROFISSIONALIZAÇÃO
 
O sistema educacional brasileiro confunde educação com formação profissional. Educação é fruto da inteligência emocional; formação profissional é semente que se planta na inteligência racional. A primeira se adquire no ensino fundamental e principalmente na família. A segunda nas universidades, nas escolas de ensino técnico e principalmente nas empresas, com a prática diária. A degradação do sistema começou com as reformas feitas pelo governo militar, que levou para a educação a ideologia política do Estado. Com a clara intenção de popularizar o regime, trocou o antigo sistema vigorante no ensino fundamental e médio, que contemplava uma preparação humanística através do chamado ensino clássico, para quem se destinava a ocupar carreiras ligadas às ciências sociais e uma preparação básica no ensino científico para quem desejasse se profissionalizar em carreiras tecnológicas. Essa degradação se acentuou ainda mais com a premissa adotada pelos constituintes de 1988, que aumentaram mais a confusão ideológica que se hospedou no sistema educacional brasileiro com a ideia de que o ensino superior deveria ser um fator de realização da igualdade social e deveria ser garantido para todos. Falácia essa que foi ampliada pelos governos de orientação esquerdista com claras intenções demagógicas.
Nessa ideologização do sistema ficou clara a confusão que se faz entre educação e aquisição de habilidades profissionais. Educação é aquisição de capacidade social enquanto habilidade profissional é aquisição de capacidade de produção. Uma e outra coisa podem e devem ser estimuladas e financiadas pelo Estado, mas nunca no mesmo pacote e com a mesma finalidade. Até porque a primeira- capacidade social - tem como objetivo a adequação do indivíduo no sistema onde ele vive (família e sociedade) - e a segunda busca a adequação do indivíduo no sistema produtivo onde ele se insere. São portanto, capacidades que devem ser adquiridas, cada uma em seu contexto, para que não suceda, como ocorreu em Cuba, cujo sistema educacional forma mais profissionais que o país precisa e depois têm que alugá-los para outros países numa espécie de peculium, semelhante ao que faziam os senhores romanos com seus escravos mais habilidosos. Muitos profissionais, escassos cidadãos.
Nesse sentido é que entendemos que o velho sistema que dividia o ensino fundamental entre clássico e científico – com o início da profissionalização sendo feita pelas escolas patrocinadas pelos grupos corporativos (SESI-SENAC-SENAI etc) e complementados pelas universidades, eram muito mais eficientes. Servia melhor à necessidade prática que o país tem de cidadãos e profissionais do que o sistema atual que não forma nem um nem outro. Por fim, é importante lembrar que nenhuma escola substitui a educação que a unidade familiar pode dar. E nenhuma profissionalização será completa sem a necessária prática na profissão. E enquanto empresas e famílias não forem inseridas como pólos fundamentais do nosso sistema educacional, nenhuma escola, por melhor que seja, será eficiente.