Educação: para onde vamos?

A Educação é dever de todos, talvez por isso tenham tantos pensadores e palpiteiros querendo definir os rumos educacionais do país. Não quero abordar do ponto de vista político, mas, de uma perspectiva de alguém que está no “chão de escola”, alguém que acompanha o dia a dia das crianças e professores.

Apesar de não estar dentro das 4 paredes da sala de aula, tenho um acompanhamento muito mais próximo que muito palpiteiro e deixo claro que os profissionais que atuam na Educação básica têm muito a contribuir na melhoraria da Educação Nacional.

Infelizmente, a Educação no Brasil nunca esteve nas mãos dos Profissionais em Educação Básica, sempre foram pessoas que desconheciam a realidade das Escolas que vinham e continuam vindo nos dizer o que devemos fazer e como ensinar.

A maior prova é o sistema de ciclos, o aluno não é retido no 1º e nem no 2º ano do Ensino Fundamental, no 3º ano é retido apenas uma vez, não há retenção no 4º ano, podendo ser retido no 5º ano, neste momento os defensores dirão que mudou-se apenas a forma de avaliação para que a mesma seja continuada.

Na visão de alguém que está no suporte pedagógico, que conhece o plano de aula e atende juntamente com os professores aos pais, que bimestralmente avalia junto com o professor o índice de alunos que alcançaram a média (6,0 ou 60% como preferir), vejo que este sistema tem os seguintes problemas:

1. Vicia o aluno no comodismo, pois como já ouvi de alunos com 9 anos de idade, para que se esforçar e estudar se no 4º ano a aprovação é automática?

2. Dá aos pais a falsa sensação de que a aprendizagem está dentro dos padrões considerados normais.

3. Desestimula os melhores alunos, o ser humano tem a necessidade de ser especial, muitas pessoas buscam trabalhos voluntários por querer ajudar, mas, também pela necessidade de ser, de estar, de se destacar. E com uma aprovação automática os alunos nota 10 veem os alunos de baixa nota serem aprovados da mesma forma, no começo uma estrelinha pode até funcionar, mas, não será por muito tempo.

4. O próximo ponto não tem a ver com minha experiência profissional e sim como estudante, na nossa época o medo da reprovação nos levava a estudar com afinco, principalmente, nos bimestres finais, pois, se bobeássemos com certeza veríamos os colegas prosseguirem e nós ficaríamos na mesma série.

Se formos realmente analisar com calma, você professor de educação básica acredita que o sistema de ciclos é o melhor para educação brasileira? Você professor de educação superior, que atua nas licenciaturas, principalmente pedagogia, que defende com veemência a não reprovação nos anos iniciais, ou melhor, a avaliação continuada, com aprovação automática no 1º, 2º e 4º ano, com apenas uma reprovação no 3º ano, acredita que é tão bom, teria coragem de defender este método para as graduações? Com certeza que não, conheço professores de Universidades Federais com índice de reprovação de algo em torno de 80% a 90% dos alunos, não os critico, apenas quero que analisemos, até que ponto essa ausência de reprovação tem atrapalhado o inicio da vida escolar dos meus alunos?

Hoje temos uma dificuldade imensa dentro da Escola em trabalhar com alunos de níveis tão diversos, conheço alunos (sim no plural) que chegam ao 5º ano sem ao menos saber escrever o próprio nome, os palpiteiros dirão que a culpa foi dos professores de anos anteriores que não souberam dá uma abordagem diferente, que foi a ausência do lúdico no dia a dia da sala.

Sem entrar no campo da política, sonho que os principais cargos na Educação, que os destinos da Educação Nacional sejam ocupados por Professores e Profissionais que efetivamente pisaram no chão da Escola por anos a fio, que tenham o contato com os alunos e os pais, que entendam a realidade da Educação Básica por nela ter atuado.

Que conheça além das Teorias que vemos nas bancas Universitárias, pois todos sabemos que essas Teorias são lindas, mas, quase nunca servem ou conseguem sobreviver com a realidade diária do chão da Escola.

Que um dia a mentalidade dos que dirigem nossos destinos seja: o aluno que sai preparado da Educação Básica (Fundamental e Médio), será muito melhor no Ensino Superior e o que nos molda e nos faz forte são as dificuldades, os desafios vencidos na base do esforço.