ESTÁTUAS NÃO PODEM SER DESTRUÍDAS
*Nadir Silveira Dias
Estátuas não podem ser destruídas simplesmente porque não apagam a história. Quem são os homens da contemporaneidade para destruir as estátuas, os monumentos realizados no passado?
E o pior é que tais destruições não servem para nada. São absolutamente ineficazes para a pretensão de apagar o que foi feito antes e agora, pasmem (!), não interessa mais a estes que opinam, querem ou efetuam as destruições. Nunca será demais lembrar que destruir sempre é mais fácil do que construir qualquer coisa.
As coisas de cada época constituem realidades que ninguém pode apagar. Logo, o mais lógico é formar indivíduos para que saibam o que é o quê. E nesse ponto sempre se volta ao básico, fundamental, inerente a tudo que existe e deve existir.
A formação sempre tem por base o conhecimento, vale dizer, o ensino público universal sem qualquer sectarismo, sem qualquer aparelhamento de que ordem seja, esquerda, centro ou direita, e menos ainda de qualquer posição de extrema. Sim, pois extremos sempre chegam ao comum de todas as posições extremas que é o precipício para os que as professam ou para os seus adversos.
E isso nunca foi, não é e nunca será bom para a humanidade. Não será preciso ser um mestre ou doutor para constatar a assertiva. Basta um breve relance de olhar na história para verificar que extremos nunca levaram à edificação. Ao contrário, sempre levaram à destruição, embora sobre poucas tenha havido novas edificações como a que foi feita sobre o Parteno Atenas, destruído pelos persas, surgindo sobre as suas ruínas o novo Partenon que conhecemos até hoje na Acrópole de Atenas.
São tantas e muitas estátuas e edificações realizadas e destruídas ao longo do tempo a ponto de causar espanto que ainda agora, no terceiro milênio, século XXI, ainda exista quem pretenda destruir estátuas sobre tais e quais argumentos. Estes argumentos serão melhores que os que levaram à construção, à edificação de estátuas e monumentos no passado? Ou pior, melhores do que aqueles que levaram a destruição de estátuas e monumentos no passado, dos quais hoje nos restam apenas ruínas?
Alguém pode supor que tais atos possam refazer a história? A história não se refaz. O ato feito plasma-se no tempo. Nada mais pode mudá-lo. Apenas um ato novo pode até corrigir o anterior. Mas apagá-lo, nunca!
11.06.2020 - 12h18
* Historiólogo, Escritor e Jornalista