Projeto Eu no Espelho
Em 2019 a Revista Crescer publicou uma matéria assinada pela Sabrina Ongoratto sobre um estudado australiano da Imagem corporal que rendeu o resultado de que 38% das meninas estão insatisfeitas com seu corpo.
Sim, estamos falando de crianças. Estamos falando de uma idade onde a única preocupação deveria ser sobre o brincar.
Se trouxermos isso para o Brasil, o número não será tão diferente. Como temos uma desigualdade social muito grande no país, talvez os números se diferenciem nos perfis sociais. A periferia daria um resultado diferente do condomínio fechado.
Mas o problema é um só: As crianças não aceitam sua aparência. E o que está motivando esse pensamento? Quem desencadeou nelas uma imagem de si próprio a ponto de desejar mudar tão cedo, antes mesmo do seu processo hormonal se findar.
Eu não tenho respostas para essas questões, mas como pedagoga crente que a Educação e instrução são remédios na ferida, tenho por crença que cortar o mal pela raiz é fortalecer desde a Educação Infantil a autoaceitação. Daí, inúmeros são os projetos voltados para a identidade com uso do espelho, por exemplo. Aqui não será diferente.
O projeto "Eu no Espelho" pode ser aplicado a partir dos 3 anos de idade ou quando a criança já tem a comunicação estabelecida e consegue expressar seus sentimentos. O objetivo é promover em primeiro momento o autoconhecimento, incentivar a criança a dizer como ela é, desde a cor da pele, dos olhos, até a textura do cabelo. Em seguida, identificar se há a autoaceitação.
Apliquei o Projeto em Namel, que hoje está com um black maravilhoso. Cabelo volumoso, definido na medida do possível quando se trata de uma criança de 5 anos que pula, deita e corre. Dei um espelho em suas mãos e pedi para ela se ver e ir dizendo o que gosta do que está vendo e porque.
Como mãe estou nas nuvens com a resposta, mas sei que isso se dá pela forma como eu ensino a ela a reconhecer suas qualidade e como dizemos o quanto ela é linda.
- Namel, o que você vê no espelho?
- Uma menina linda cheia de cachinhos.
Então comecei a perguntar sobre cada parte do corpo e a cada resposta ela dizia que sim e dava função. Ela não gosta pela aparência, mas pela funcionalidade de cada coisa. "O nariz eu gosto porque me faz sentir cheiro, a boca porque posso lamber picolé, os olhos porque eu vejo..."
Trabalhar esses conceitos com a criança desde cedo fortalece sua identidade e estimula o amor próprio de modo que na adolescência saberá lidar melhor com os comentários. Queremos o fim do preconceito, do bullying SIM, mas enquanto isso não acontece fortalecemos por dentro para lidar com os de fora.
O projeto "Eu no espelho" tem inspiração nos diversos já existentes, mas foi adaptado para ter a criança como agente ativo, onde o outro apenas identificar nas respostas o grau de aceitação. Ela é quem dirá o que gosta ou não.