EU NÃO SEI, MAS OS DEDOS SABEM.
 
     Em casa existem dois cômodos que possuem ventilador e lâmpadas pendentes no teto e com tomadas de três teclas, uma para ligar a lâmpada, outra para ligar o ventilador e outra para estabelecer a velocidade do ventilador. A ordem das teclas é diferente em cada cômodo. Eu não sei qual devo acionar para acender a luz ou ligar o ventilador, mas o dedo sabe. Vou direto com o dedo e ligo o que precisar. Não falha.

     Ora, não é bem isso, não é que o dedo sabe, mas o inconsciente, parte do cérebro de que não temos consciência.

     O mesmo acontece com os pianistas; eles não sabem que tecla acionar para executar uma partitura, mas sentam-se ao piano e vão tocando. Os dedos “sabem” que tecla tocar. E são muitas!

     O mesmo acontece com os outros instrumentos de corda e instrumentos de sopro. Os dedos “sabem” onde se colocar.

     Escrevo isto para reforçar minha insistência na prática da escansão. Se lermos poemas com métrica escandindo-os, as mensagens dessa Poesia vão se gravar mais profundamente em nossa memória. É o que suponho. Pode ser.

     Por oportuno, recomendo praticar a escansão de versos decassílabos, porque temos dez dedos.

     Há os sonetos escritos com versos decassílabos e há as grandes epopeias: os Lusíadas, a Divina Comédia e o Paraíso Perdido, todas escritos com versos decassílabos.

     Por que escandir? Os dedos sabem por que.