MORTE NO TRÂNSITO: UM DOS MAIORES ABSURDOS QUE O GOVERNO CRIOU

(*) Gerardo Carvalho Frota (Pardal)

Acabei de receber a notícia de mais uma morte por atropelamento. Não sei até quando direi: mais uma Semana Nacional de Trânsito e nada de novo debaixo do sol. Todo ano, tem um seminário, um congresso sobre trânsito, mas de novo só o hotel onde é feito – e às vezes já é repetido.

Aconteceu de 12 a 14/9/13, num hotel de Fortaleza, o VII Encontro Ibero-americano da Federação Nacional das Autoescolas/Centro de Formação de Condutores – CFC – (FENEAUTO). Estranha a quase nula divulgação na mídia! O que se pode esperar na prática desse congresso, cuja mascote foi o simulador de direção para os futuros motoristas? Exigência que o Contran vem querendo impor desde 1998, pela Resolução do Contran, 74, art.4º, VI. Pelas conversas que pude observar, os empresários presentes não estão animados com este “game” viário: R$ 38 mil e R$ 1.600 mensais para manter o drive.

Tudo isso acontecendo, entra ano e sai ano, e a segurança no trânsito diminuindo e a violência aumentando. Por que será? A resposta é claríssima e admitida por todos – não sei pelo governo: FALTA DE EDUCAÇÃO. Infelizmente, não é posta em prática propositadamente. Com tristeza, concluo isto. Você já viu “Trânsito” em algum livro didático? Nem eu. Depois de 37 anos de magistério em escola pública. Um outro desenho sem aprofundamento na questão da cidadania, do respeito às leis. E o pior: aposentar-me-ei com a mesma inquietação. Não investindo em educação no trânsito na escola (caput do art. 76 do Código de Trânsito) e no ensino médio (Contran: Res. 265, art.1º) o governo dá clara prova de “sadismo”. Não já bastam tantas mortes?

Pela Res. 74, o Contran acrescentou, às autoescolas práticas, uma tarefa cujo efeito será sempre foi uma ilusão: educar o pretenso condutor. Primeiro, o instrutor teórico –professor? – precisa só do ensino médio para ensinar. Onde ele recebeu/recebe formação para tal? Segundo, o candidato (adolescente, jovem, adulto) já de cabeça “formada”, muito dificilmente, apreende alguma coisa e consegue avaliar sua mentalidade para uma interiorização ou mudança positiva de atitudes. Seu interesse maior é passar na prova. Como um pardal que pia no deserto, concluo que o Brasil, só e somente só, descerá do sangrento pódio de “campeão” mundial em acidente de trânsito (o 5º país do mundo com maior número de mortes no trânsito, ficando atrás somente da China, Índia e Nigéria),

quando o MEC criar a disciplina CIDADANIA, incluindo obrigatoriamente o trânsito como um dos temas principais, desde as creches até à universidade. Sendo obrigatória também a formação dos professores sob a responsabilidade do órgão estadual/municipal de trânsito em convênio com os órgãos de educação dos três Sistema educacionais (CTB, art. 22,XII; 24,XIV,XVe art. 79). Para acontecer de fato a construção/mudança comportamental.

(*) Gerardo Carvalho (Pardal)

Professor, educador de trânsito, Jornalista.

Gerardo Pardal
Enviado por Gerardo Pardal em 01/04/2020
Reeditado em 02/04/2020
Código do texto: T6903931
Classificação de conteúdo: seguro