O perfil do professor em constante atualização

O professor não pode ficar parado no tempo, necessita se atualizar para que não fracasse ante os desafios que emergem. Isto é, deve acompanhar os novos paradigmas da educação, que surgem devido a demandas geradas pelas velozes transformações na realidade proveniente do desenvolvimento e maior acesso tecnológicos e do demasiado aumento da clientela da escola. Também, sempre prezar pelos valores humanos e profissionais que não se alteram.

De acordo com os paradigmas tradicionais em voga antigamente, os professores copiavam mais no quadro, eram os detentores do conhecimento, do conteúdo que era dividido em unidades desunidas e repassado aos seus discentes, seres passivos que ficavam mais calados e prestavam mais atenção, copiavam, memorizavam, reproduziam, treinavam. Caso esses transgredissem as ordens na sala de aula, havia medidas de repressão. Por exemplo, se não decorassem a tabuada segundo mandado anteriormente, poderiam ser punidos com palmatória. Muitos desses se sentiam satisfeitos com os resultados desse sistema e até hoje o defendem. Todavia, ele não dialoga com a nova era.

Enfrentamos o excesso de informação, que no passado, como afirma o psiquiatra Augusto Cury (2017), se duplicava a cada dois ou três séculos e hoje, se dobra a cada um ano. Por sua vez, uma criança de 7 anos de idade tem provavelmente mais informações do que um imperador da Roma Antiga tinha no auge dessa civilização. Isso afeta diretamente a escola. Nossos jovens, abarrotados com essas informações, não transformadas em conhecimentos, sofrem com o pensamento acelerado, estão mais agitados, irritadiços e tensos. Esse é um dos motivos de indisciplina, já que eles querem conversar mais, e até de desacatos ao professor. Por outro lado, esse se estressa com mais facilidade.

Além disso, a escola se abriu para a diversidade social, em outros termos, para todas as classes, inclusive as menos privilegiadas. Ainda, estão sendo nela inseridos e incluídos os que possuem necessidades especiais.

A sociedade mudou, nossos alunos também. Isso entendido, é adequado que o docente ensine da mesma forma que antigamente? Mantenha aqueles, inclusive os mais agitados, sempre calados por repressão? Bem, é certo que a resposta para esses questionamentos é: “não!”.

Os paradigmas inovadores aparecem como o caminho mais adequado a se seguir. Nele, o professor é mediador do conhecimento e utiliza as novas tecnologias como ferramentas pedagógicas, considerando que os conteúdos antes dispostos só na escola, muitas vezes, estão agora disponíveis aos alunos à distância de um toque na tela. Ensina a eles saberes unidos à prática e trabalha com a interdisciplinaridade. É pesquisador e cria possibilidades para a produção de conhecimento por aqueles, que participam ativamente do ensino-aprendizagem. É desse modo que esse processo agora é focado na formação intelectual, social, cultural, emocional, física, ou seja, integral do indivíduo, enquanto cidadão e futuro profissional. Por isso, visa fazer com que esse, com respeito aos seus limites, desenvolva competências e habilidades articuladas aos conhecimentos, os quais deixam de ter fim em si próprios.

As políticas de reforma educacional, procedentes da Administração Pública no Brasil, já oficializaram essas novas perspectivas teórico-metodológicas que, mais do que propostas, se tornaram prescrições. A Base Nacional Comum Curricular oferece a liberdade para que os professores se adaptem a elas. É preciso que eles tenham cautela ao inovar, mas que essa não os imobilize. Dessa forma, devem testá-las e refletir continuamente, sobre o que fazem, como o fazem e avaliar quais os resultados do que fizeram, para que não caiam em um “inovacionismo” impensado. Nesse sentido, lembramos Paulo Freire (1984, p. 166) que afirma: “a prática de pensar a prática é a melhor maneira de pensar certo”.

Independentemente de tempo e lugar, advogamos que continuam significativas no ofício do docente simples atitudes, revestidas de comprometimento, simpatia, empatia e interesse em ajudar, respeito, ética, assiduidade, resiliência, humildade, responsabilidade ao que se propõe ser feito, organização, e sobretudo, amor pelo que se faz. E porque é comprometido que, igualmente, ele precisa defender sua dignidade e lutar a favor da valorização de sua função, sempre com consciência de seu papel na transformação da sociedade, isto é, o de quem atua positivamente sobre o futuro de todos os que passam pelo trabalho dele.

Portanto, o professor deve estar em permanente formação. É mister que ele ensine seus alunos a lidarem inteligentemente com a carga de informação que recebem diariamente. Que ele desenvolva sua autonomia profissional consoante as novas exigências contextuais e oficiais para sua função. Que ele com sua prática reflexiva, se aperfeiçoe, desenvolva um ensino significativo e, sendo assim, consiga encantar seu público, transmitir confiança e uma energia vivificante só por estar presente. Que ele seja a cada dia um melhor humano, pois trata com gente.

REFERÊNCIAS

CURY, Augusto. Ansiedade: Como enfrentar o mal do século. São Paulo: Saraiva, 2017.

FREIRE, Paulo. Cartas à Guiné-Bissau: Registros de uma experiência em processo. 4.ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1984. 173 p.