Mente e corpo no processo pedagógico de ensino
Mente e corpo no processo pedagógico de ensino
Lucas Medeiros Santos – Professor
Desde que o mundo é mundo, principalmente nas sociedades ocidentais, baseadas nas perspectivas filosóficas do dualismo das coisas, entende-se os fatos pela visão dicotómica da realidade. E no processo de ensino aprendizagem não é diferente. Nas escolas espalhadas nos rincões desse mundo, é possível observar a grande cisão que ocorre entre mente e corpo de alunos e professores no ambiente escolar.
É notória a grande relevância que se dá a “mente” dentro de sala de aula. É um fato o silenciamento dos corpos de alunos e professores, como se não fosse possível que ambos pudessem ser importantes no ambiente escolar, onde o toque, o amor e o carinho não pudessem fazer parte desse processo na escala de aprendizagem nas escolas públicas e privadas.
Todo tipo de demonstração de carinho por parte daqueles que se cobram apenas como um auxilio em sala, infelizmente é visto como perigoso ou ameaçador. O Eros, a paixão precisa ter acesso a sala de aula. Mas é bom salientar que o Eros não é algo apenas sexual (mas essa visão não pode ser negada), todavia, é mais que isso, é uma força de se fazer resistente, presente e vivo. Eros é a capacidade de se perceber Ser Humano e por inteiro em sala de aula.
Quando mente e corpo, de alunos e professores, estão por inteiro na sala de aula, esses seres humanos se sentem vivos e pertencentes a esse local. Não precisam, ao entrar na escola, se despir de seus corpos e adentrarem a esse ambiente com o ideal de aluno apenas com uma mente pronta e disposta a aprender. Ação essa realizada igualmente pelo professor.
Na medida certa e com equilíbrio, o Eros e o erotismo precisam ser levados em consideração nesse processo complexo e desafiador que é o processo de ensino e aprendizagem nas escolas desse país.
Muitos profissionais têm o medo de perder o controle de turma ao se entregarem ao toque e a demonstração de carinho em sala de aula. Eles têm medo dos prováveis e certeiros questionamentos sobre o fato de mente e corpo serem levados em consideração em sala de aula. Por conseguinte, é um desafio estar por inteiro em sala.
É um desafio manter a chama da paixão pelo processo educacional.
É um desafio encontrar e reacender a chama do amor em nós, para o que está em nós, transcenda no outro.