Como lidar com as birras das crianças.

Algumas crianças com idades entre 2 anos ou até 5 anos parecem usar as birras como uma ameaça, ou uma ferramenta para conseguirem o que querem. Isso ocorre porque em algum momento perceberam que isso é eficaz. Quando as crianças resolvem fazer birras, começam a espernear, se jogam no chão, emburram e fazem malcriações, a vontade da maioria dos pais é de sair correndo. Alguns se desesperam e, a vontade é de chorar também ou se esconderem. É certo que as crianças menores podem usar as birras para dizer o que as palavras ainda não podem dizer. Mas, existem algumas ideias que podem acalmar as crianças e evitar que os pais percam o controle da situação, ou se veja em situação difícil. As birras são terríveis, irritantes, mas é uma saída, uma descoberta das crianças e, faz parte da realidade da infância de muitas crianças, simplesmente, porque elas já descobriram que dessa forma os pais cedem aos seus caprichos. Podemos pensar em algumas estratégias simples que acabam com as birras e criam a cooperação na criança. Claro, a criança tem de ser educada para saber que birra não é a solução dos problemas, mas, até que ela entenda, algumas estratégias podem ser seguidas e aplicadas no momento da birra, e, podem ajudar muito na hora de educar.

1. Deixe a criança extravasar a sua raiva

Algumas vezes a criança só precisa extravasar sua raiva e frustração, pois ainda não aprendeu a controlar. Em casa, deixe-o (a) por alguns minutos só. Depois, se aproxime e pergunte: - Já passou? Agora, podemos conversar? E, aproveite a oportunidade para ensiná-la como se consegue as coisas e, ajude-se a traduzir as suas emoções. Se ocorrer em público, não espere a criança chamar a atenção de todos à volta; leve-na para um lugar reservado para que tenha um pouco de privacidade, deixe-a extravasar ali; se afaste um pouco; não fique pegando ou tentando controla-la no momento de raiva. Sabe aquele momento em que se precisa de uns dois minutos para voltar a si? A criança não é diferente do adulto, às vezes, também precisa disso e, algumas, lidam com sua raiva ou frustração fazendo birra. Essa estratégia utilizada por algumas crianças nos ajuda a compreender que a criança está aprendendo a se expressar de uma forma que não pode se vista somente como destrutiva, é momento do adulto ensiná-la a começar ter ideia do que é autocontrole, de que não é no grito que ganhamos atenção ou algo que queremos.

2. Pense em alguma forma de tirá-la do foco

No caso da criança muito pequena, enquanto ela estiver tendo aquele acesso de birra, pense em alguma distração que a tire do foco daquele momento. Pode ser um brinquedo que esteja ao alcance. Já a criança maior, chame-a a atenção para algo ao redor ou sugestão de um novo passeio. Ofereça-lhe água e diga que já passou. Se estiver no supermercado, por exemplo, peça para ela escolher o sabor do sorvete para a sobremesa. As crianças se concentram em um só assunto por pouco tempo, por isso, normalmente são fáceis de distrair. Isso ajuda a tirar a atenção da birra. Se não resolver, volte à estratégia 1.

3. Escute o que ela tem a dizer

Dialogar é diferente de conversar, que é apenas para ajustar coisas do dia-a-dia. Após aquele momento de privacidade, tente ouvir o que está frustrando seu filho (a), ele (a) pode ter muito a dizer sobre aquele momento de raiva. Lembre-se que as crianças menores têm um vocabulário limitado para expressar seus sentimentos e podem usar a birra para dizer o que as palavras ainda não podem traduzir. Antes, você precisa daquele momento de recuperação do seu controle; tome uma água e respire fundo. Use um tom de voz calmo, mas que passe confiança; não ameace. Seu filho vai perceber que a birra não está lhe atingindo e isso vai também ajudar você a manter a calma. Se a sua voz estiver alterada, o efeito vai ser o inverso: todos vão ficar alterados e, um clima de descontrole será instalado. Gritar, nem pensar. Muitos pais ficam envergonhados e com raiva da criança quando a birra ocorre em público, mas, a forma como você vai agir diante da birra é o que importa. Se os pais agem com calma e autocontrole todos vão ver que são bons pais e, que estão cuidando para educar seu filho. O diálogo vai mostrar à criança que tanto a criança como o adulto, algumas vezes, se sente frustrados com alguma situação, mas, que é preciso saber lidar com elas.

4. Acolha o seu filho e dê carinho

Fazer um carinho, geralmente é a última coisa que um pai ou uma mãe pensam em fazer após ter passado por um momento de estresse com um filho. Todos estão irritados, alterados, mas, após aquele momento em que a criança extravasou a sua frustração em sua privacidade, esse é um gesto que pode ajudar muito a criança a se sentir segura e acolhida após um acesso de raiva. O abraço tem de ser firme, e o melhor é que o adulto não fale nada enquanto abraça. Depois, ofereça alguma coisa para a criança beber ou comer. Faça um lanche gostoso e saudável com ela. É muito comum na criança pequena a causa da birra ou choro ser: fome, frio, calor ou sono (algum desconforto) e, não o interesse por isso ou aquilo. No caso da compra, as vezes, os pais compram e, depois, a criança nem liga para o objeto. O acolhimento pode funcionar tanto para a criança menor como a maior. Outra boa ideia, no caso da criança pequena é levá-la para o quarto e coloca-la para tirar uma soneca após o estresse. Ela vai acordar mais calma e disposta e, muitas vezes, nem vai lembrar-se do ocorrido.

5. Não valorize demais o ocorrido

Ficar lembrando a criança ou o adolescente o acontecido não vai ajudar em nada, pelo contrário, vai fortalecer nela(e) esse sentimento egocêntrico e, sempre que quiser ser o centro do universo, chamar atenção, terá esse trunfo guardado.

A sociedade contemporânea exige dos pais um novo olhar. Os pais das gerações anteriores, devido à preocupação de ter de estabelecer “limites” sem ser radical, nem permissivo, acabaram agindo por pura incompetência, e falharam. Hoje, há a preocupação de se achar a ”justa medida” de que defende Aristóteles, filósofo grego. A educação tradicional foi radical demais; a “liberal”, também fracassou; a atual tem fracassado por medo de frustrar os desejos dos filhos.

Todo cuidado é pouco na hora de educar. As frustrações fazem parte da vida e importantes para a evolução moral e psíquica do sujeito-criança que está em formação.

Maria Teixeira

Do Livro da autora: https://clubedeautores.com.br/livro/limites-2