E SE A ESCOLA MUDASSE?
Entre as muitas críticas feitas à escola atual está a perspectiva de que ela está falida ou, em sentindo mais leve, de que a mesma precisa mudar radicalmente.
De um lado defende-se que a escola seria capaz de transformar a realidade social (injusta e desigual) por meio da formação de sujeitos que, por meio da razão, seriam capazes de interferir nos processo de constituição social interferindo nas idiossincrasias grupais no sentido de equalizar as diferenças na direção de um ‘bem comum’ ou mais humano, social.
De outro, critica-se a escola como impossibilidade de alcançar esta meta. Seria esta uma instância reprodutora das relações sociais dominantes que são centradas no individualismo, na competitividade, nas relações reprodutivas (trabalho) visando acúmulo de capital baseado, obrigatoriamente, na exploração humana.
As duas perspectivas (pós-estruturalista e pós-moderna) promovem um conflito dentro da escola entre ideologia, quando a escola rege-se a partir dos ditames políticos do estado capitalista e a utopia ao acreditar que os donos da escola (capitalistas) permitiriam mudanças que seriam contrárias as suas intenções.
E se a escola mudasse?
A escola não muda. Nunca mudou. Uso o sentido de mudar como deslocar, alternar, ‘trocar’ (mudo de camisa quando não fico com a mesma camisa, mas uso outra camisa).
A escola dilui-se em (e com) outros componentes, históricos, ‘modistas’, políticos, culturais. Metamorfoseia-se mantendo componentes estruturais incorporando novos elementos que se apresentam na historicidade de suas demandas. Exemplo seria analisar a escola tradicional com a escola (dita) moderna. Ninguém concordaria que a escola atual tem como fundamento pressupostos absolutamente tradicionais. Basta, porém, entrar em qualquer escola para encontrar (muitos) aspectos tão tradicionais como os dos primórdios da escola.
Para a escola mudar precisa reconstruir radicalmente a sua estrutura, forma de ensinar e até os recursos e tecnologias que são utilizados. Utópico. Ainda que seja necessidade sonhar.
A escola, no futuro, certamente, será muito diferente. Mas, manterá o ‘DNA’ que a moldou ao longo dos tempos mediante contingências sociais, culturais, históricas, evolutivas.
Ademais, a escola sempre será uma instância em que se formam os sujeitos sociais. Nesse sentido, não são valores escolares que regem a escola. São valores sociais que orientam o trabalho que deve ser feito na escola. Assim, a base da escola serão os valores culturais e econômicos de uma sociedade. A educação escolar será a reprodutora e formadora desses valores. Imaginar isso de modo diferente, ou em dicotomia com os comportamentos sociais (valores), seria pensar em escola diferente, em escola que muda. Possível? (...).