Súplica de um estudante universitário
Meu Senhor, nós queremos paz e não queremos guerra, se meu senhor também quiser nossa paz há de ser nessa conformidade, se quiser estar pelo que nós quisermos a saber.
Em cada dia da semana nos há de dar os dias de podermos estudar para, daí, podermos sair para trabalharmos para nós.
Para podermos viver, assim, nos há de dar livros, cadernos e demais condições.
Os atuais comandantes não os queremos, faça eleição de outros com nossa aprovação.
Poderemos plantar nosso intelecto onde quisermos, e em qualquer brejo, sem que para isso peçamos licença, e poderemos cada um tirar frutos ou qualquer pau se for o caso, na matéria escolar, sem darmos parte para isso.
A estar por todos os artigos acima, e conceder-nos estar sempre de posse da ferramenta escolar, estamos prontos para o servimos como dantes, porque não queremos seguir os maus costumes dos mais engenhosos.
Poderemos estudar, brincar, folgar e cantar em todos os tempos que quisermos sem que nos empeça e nem seja preciso licença.
Adaptado de: Apude REIS, João da Sliva, Eduardo. Negociação e conflito; a resistência negra no Brasil escravista. São Paulo. Companhia das Letras, 1980, p. 123 e 124.