CONTRIBUIÇÃO (17)
André, irmão de Pedro, também se mudara para Cafarnaum, mas sempre ia ao norte da Galileia, assistir a colheita das azeitonas e levava peixe consigo.
Depois que conheceu Jesus, também levava as lições do Mestre e parecia viver o que falava. Dessa vez recebeu muitos convites para falar sobre o Messias e sobre João Batista.
Uma noite na casa de um camponês, quando conversava com todos, parecia uma festa. André narrava os prodígios de Jesus, as bodas de Caná, as curas, as lições... então, percebeu que começou a se espalhar um aroma que atingia a todos. Ele lembrava que sempre sentia esse perfume quando estavam os discípulos com Jesus.
Então, no meio da assistência, um jovem paralítico de 15 anos que se mantinha enrolado para ocultar suas feridas, gritou para a mãe que estava curado. A mãe preocupada não queria descobrir o filho, feridento, que a envergonhava e enojava os presentes.
André deu uns passos a frente, pediu licença com humildade e descobriu o jovem. Pega o rapazinho nos braços e esse, cheio de alegria, mostra os lugares limpos, que antes tinham chagas.
A mãe ajoelhou-se tentando beijar o discípulo e dizendo: Foi o senhor que curou meu filho; Deus te pague pelo que eu nunca poderei pagar.
André procurava explicar aquelas pessoas extasiadas. Minha gente, regozijemo-nos com a visita de Jesus nesta casa. Foi ele quem curou este garoto. Conheço seu perfume, e esse prodígio e outros que os precedem são frutos de quem segue o Mestre dos mestres. E naquela mesma hora, com o fardozinho atrofiado nos braços, cantou um hino de louvor a Deus pela glória de Jesus.
À noite, na reunião em Betsaida, depois da prece inicial feita por João, André sentiu o desejo de Jesus e perguntou, com humildade:
- Mestre, se não for imprudência da minha parte, desejaria que o Senhor respondesse o que ora me vai na mente. Na maneira mais rica de entender as coisas: o que seria para nós a Contribuição? O que é contribuir uns com os outros?
André, a Contribuição é uma das riquezas da caridade. O que fazes ao outro sem que a vaidade ouça, está sob o domínio real da benevolência. O dar com uma mão para que a outra não veja é dignidade da alma daquele que se propõe a servir para a harmonia universal do bem.
A Contribuição é um gênio de mãos sem conta, pois o modo pelo qual podes ajudar escapa a todas as nossas deduções.
Uma lágrima que enxugas de uma criatura desesperada, que com sua atitude retorna a fé e a tranquilidade, compara-se aos olhos do nosso Pai Celestial, a um grande benefício coletivo, pois Ele leva muito em conta a maneira como fazes, o amor que porventura sentes no ato de ajudar.
Deus cuida com a mesma atenção tanto dos mundos que povoam o infinito quanto das minúsculas vidas que proliferam na Terra e nas águas, no ar e em nós. O tamanho para ele não faz com que redobre cuidados na atenção ou no amor. Ama a tudo e a todos sem distinção, porque é Pai de tudo. A contribuição de Deus é imensamente grandiosa em favor dos homens.
Como somos imagem e semelhança de Deus, é de lei que passemos a contribuir pela paz de todos. Fazendo parte deste todo, receberemos dentro desta unidade as mesmas bênçãos que desejamos aos outros, sem que a exigência possa despertar o interesse egoísta de trocas.
A felicidade no mundo em que habitas não existe, sabes por quê? Por faltar o cumprimento dos deveres por parte de todas as criaturas. Se cada um contribuísse na área a que foi chamado a servir, não existiria carência de nada na Terra, e a felicidade iria se estabelecer em tudo e em todos.
Se esperas que o teu companheiro comece a contribuir para que possas igualmente ajudar, estás perdendo tempo, numa caridade revestida de imposição. Perdes o endereço da fraternidade.
Se podes, faz, sem cogitar se os outros estão fazendo ou podem fazer. Chegando a tua hora, aproveita a tua oportunidade, pois ela vem e passa, com certos espaços e tempos determinados pela lei.
Tinha-se a impressão que o salão era o mundo todo e que Jesus estava falando para a humanidade. André passava a mão na cabeça, pensativo, enquanto vinha a sua mente o caso da criança. “Será que aquele caso teve uma contribuição minha? Ou é vaidade pensar no bem que se fez?”
Se desejas contribuir, André, faze-o sem alarde, e não te esqueças de vestir o manto da humildade, para que o faças com bom senso. Os gazofilácios das antigas instituições mostram o quanto existe de vaidade nos corações que contribuem para um benefício que, por vezes, de caridade somente tem o nome.
Os atributos de Deus dispensam toda a indicação para que Ele possa saber quem foi o doador. Ele é Deus, sabe muito bem distinguir as coisas e não perde nada do que é feito nem do que se diz, por maneiras de sentir e ver que desconhecemos.
Começa a contribuir contigo mesmo na arte de compreender melhor tua missão na Terra, começa a construir com os pensamentos que se formam em tua cabeça, dos quais nem sempre tens controle total.
Começa a contribuir, André, com as tuas mãos, no modo de ajudar com elas. O mesmo, meu filho, faz com os pés, com os olhos, com a boca, com os ouvidos, etc. Depois de assegurada essa Contribuição contigo mesmo, passa a contribuir para o convívio da tua casa e, depois disso, com os teus companheiros.
Depois, destes com a humanidade e com as leis estatuídas para a disciplina da comunidade a qual pertences
E acima de tudo, é justo e bom que contribuas para que cresça o amor por Deus, de ti e de todos, e ao próximo como a ti mesmo.
Contribuir bem, André, é amar, e onde existe amor Deus está sempre mais visível.
Assim, terminou mais um encontro com Jesus, na disciplina da compreensão, preparando aqueles homens que mais tarde iriam enfrentar e transformar o mundo.