Educação

A priori deixo bem claro que cada um deve seguir o seu próprio caminho, as suas próprias ideias. No entanto, e quando não as temos? O que fazer? Deve-se chamar o sindicato.

Há tempos que sou um crítico da educação, porém, a pouquíssimo tempo essas críticas tomaram corpo, identidade e razoabilidade, tornei-me professor. Agora não mais “acho”, vejo no meu dia a dia o caos que é a educação, calma leitor, sei que minha experiência não se resume ao todo, porém, basta ler uma notícia, assistir alguma entrevista sobre o tema, ou mesmo ler algum livro, para ficar evidente que o todo é pior ainda do que vejo. Sempre fugi de pessoas que separam o mundo entre “luz e trevas”, e de pessoas que resumem tudo a dinheiro, isso sempre me soou infantil e falta de capacidade intelectual. O problema da nossa política não são as trevas que alguns alegam ao governo atual, já que para estes a luz se apagara com o impeachment da Dilma Rousseff. O problema da educação não é a “falta” de investimento, o problema da educação é CULTURAL. Já dizia Nietzsche um país que não leva a sua língua a sério jamais terá uma cultura autêntica, e o que prevalece em nossos dias é exatamente a cultura jornalística, onde a panfletagem ideológica dita os valores, a moda, a literatura e o que é a educação.

Resumir tudo a falta de dinheiro é reduzir os problemas, ou pior, ignorá-los. Talvez a nossa fraqueza intelectual seja o motivo de tamanha “cegueira”, reduzimos tudo a novafala e com ela, dizemos tudo àquilo que nos convém, porém com uma língua reduzida, falar sobre qualquer coisa, sempre será uma fala mirrada.

A paralisação do dia 15/05/19 retrata muito bem isso, como a crise da educação é refletida no próprio ato de “protestar”, é nítido que poucos ao menos ousaram procurar saber se tais reivindicações eram de fato válidas, ou mesmo embasadas numa verdade factual, também é nítido que o mal da educação também é refletido no atual governo, onde o diálogo parece coisa “platônica”, estes esperam o caos para poder explicar que “não era bem assim”, porém nessa promiscuidade fica evidente o papel do sindicato: confundir mais ainda aquilo que não está claro, e fazer de tal confusão uma causa, uma luta, uma paralisação em prol da educação, quando mal sabem que a educação está parada a muito mais tempo do que eles imaginam. Esta paralisação política, perpetrada por sindicato, é o ápice da aguda crise que sofremos ao viver num país que jamais ousou resolver os seus problemas fundamentais, e que andando a passos muitíssimos lentos tentamos “mudar algo”, porém a cada tentativa de mudança surge sempre um novo caos e o abismo parece sempre aumentar. Quem são de fato os progressistas e os reacionários do nosso Brasil? Não sei. O que sei é que não temos um projeto educacional em longo prazo, e pelo visto jamais teremos.

Tudo se resolve a “guerra e paz”, interesses e mais interesses, a liberação de verbas, aumento de salários e investimentos, porém, o comprometimento com a mudança é a coisa mais utópica que podemos esperar. Jamais vi paralisação em prol da educação, jamais vi educadores na luta contra a progressão continuada, na luta por maiores oportunidades de aprimoramento profissional, jamais vi educadores paralisarem em prol de segurança nas escolas (mesmo após o horrendo ataque na escola Raul Brasil em Suzano), ou mesmo, por rigor e disciplina nas escolas, jamais vi educadores protestarem contra uma gestão ruim que prejudicara o funcionamento da sua escola, jamais vi educadores unidos em prol de melhorias significativas na educação. Não é dinheiro que falta, é estrutura, apoio, incentivo e disciplina.

Certamente precisará de dinheiro para algumas coisas, porém, o modo de gastar estar errado, o dinheiro é investido, o que falta é comprometimento dos políticos, educadores, pais e alunos. Não adianta estrutura sem segurança, não adianta professores sem alunos educados minimamente pelos pais, não adianta encher as salas de aula de equipamentos se alguns vândalos chamados de “alunos” quebrarão tudo, e certamente passarão impunes. Não adianta ensinar para aqueles que rejeitam o ensino, não adianta exigir do patrão (Estado) melhores salários se os números mostram que a educação pública é nivelada cada vez mais por baixo, e que a falta abonada é a coisa mais amada por ALGUNS educadores. Sem comprometimento toda paralisação é pleonasmo.

Não, eu não paralisei, porque a paralisação não fora organizada por educadores, mas por profissionais sindicalizados, Educador é palavra muito séria para se usar a “idiotas úteis”.

Luciano Cavalcante
Enviado por Luciano Cavalcante em 17/05/2019
Código do texto: T6649451
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2019. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.