Afinal, o que é falar bem?

Como posso afirmar que eu, como professor formado, falo melhor que um senhor da periferia de São Luís? Isso seria mais do que uma arrogância da minha parte. Seria de um pretensiosismo que causaria nojo até mesmo ao mais analfabeto espalhado por este país. Reitero, todas às vezes o seguinte: a escrita pode ser monitorada, a oralidade não. A oralidade é cheia de características peculiares. Há algo chamada variedade linguística, que torna a língua espontânea. A escrita é estática. A escrita pode ser monitorada, principalmente por meio de uma ferramenta chamada: Gramática Normativa.

Dizer que o outro fala mal, é desconsiderar o seu espaço de fala. Como professor, devo direcionar ao meu aluno que além daquela forma, existe outra, de prestigio, que dependendo do seu lugar de fala, ele pode utilizá-la como forma de ascensão social. Dizer que tal palavra não existe ou deixa de existir em certos momentos, é de fato desconsiderar as mais de 100 línguas faladas no Brasil. É desconsiderar a LIBRAS. É, sobretudo, desconsiderar o falante em detrimento de um capricho vocabular.

Os professores devem apresentar em sala de aula um novo olhar sobre o ensino de língua portuguesa. Enquanto as outras disciplinas são ensinadas como ciência, por que o professor formado em Letras, não divulga a disciplina como ciência, como ela o é? Português é ciência, meus nobres colegas. Ensinemos a grande ciência da Língua Portuguesa em sala de aula.

Um aluno, de um reforço escolar, uma vez me questionou o porquê da redação dele não poder rimar. O questionei daquilo e ele me dizia que a professora dele disse que o único texto que rimava era o poema, e que ele estava errado. Parei, respirei fundo e educadamente respondi: Fulano, não é bem assim. Uma das características do poema é a sua rima, todavia outros textos também podem rimar inclusive em uma redação. Falei para ele sobre intertextualidade. Sobre características de vários textos presentes em um só. Meus nobres amigos, isso é ciência. Isso é Língua Portuguesa!

Lucas Medeiros - PROFESSOR

Lume Santos
Enviado por Lume Santos em 11/12/2018
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