A crise, de Jeffrey Nyquist
Ótimo texto de Jeffrey Nyquist, corajoso estudioso americano, sobre o sistema de ensino dos Estados Unidos, A Crise, publicado, em dois artigos, no site Mídia Sem Máscara, o primeiro, no dia 20/08/2015, e o segundo no dia 22/12/2015. Conquanto dê destaque, no primeiro artigo, A Crise, parte I, A Politização da Educação, a algumas práticas educacionais implementadas nos Estados Unidos, ele amplia o seu foco, para abranger as ideologias que subjazem à política de ensino, e apresenta, sem meias palavras, e com clareza na exposição das suas idéias, o real propósito da educação pública, não confessado pelos seus proponentes, que é o de deformar as mentes, impedir o florescimento da inteligência, não educar pessoas para enfrentarem o mundo, pensarem-no, e, principalmente, questionarem o sistema de poder que a todos oprime.
Se os Estados Unidos da América, a nação mais rica e mais poderosa da história tem, em seu sistema de ensino público, deficiências gritantes, o que temos de pensar do sistema de ensino do Brasil? Considerando-se que nos Estados Unidos há muito mais pessoas preparadas para entender os Estados Unidos do que no Brasil há pessoas preparadas para entender o Brasil; considerando-se que os Estados Unidos têm um sistema de ensino muito superior ao brasileiro; considerando-se que os Estados Unidos têm 77 das duzentas melhores universidades do mundo, e a melhor universidade brasileira, a USP, não figura entre as duzentas melhores; considerando-se que nos Estados Unidos muitos americanos estudam em casa (homescholling), portanto não pautam elas o ensino pelas diretrizes de secretarias e ministérios de educação, e no Brasil todo o sistema de ensino, tanto o público quanto o particular (com exceções, claro) está pautado por uma pedagogia que está a devastar o ensino; considerando-se, portanto, que os americanos conseguiram, ao longo da história, erigir e fortalecer uma cultura de independência do indivíduo, que fez a pujança dos Estados Unidos, e, no Brasil, os brasileiros mal conseguiram produzir riqueza e erigir uma cultura poderosa e resistente, o sistema de ensino do Brasil está, é certo, em um nível muito baixo, e, em comparação com o americano, em uma posição extremamente humilhante, vergonhosa.
Havendo tanta preocupação, nos Estados Unidos, com o seu sistema de ensino, porque no Brasil, cujo sistema de ensino está em uma situação muito pior do que a do seu poderoso irmão do norte, não há, da parte dos brasileiros, tanta preocupação com ele? São os brasileiros tão sonsos? Ou são os norte-americanos tão espertos? Há motivo para se deplorar a conduta dos brasileiros na sua indiferença para com a péssima qualidade do sistema de ensino do país? Não. Claro que não. Os brasileiros somos vítimas de pessoas sórdidas, cruéis, que estão a destruir o Brasil. E há quem condena os brasileiros... Os brasileiros somos vítimas, e não os agentes causadores de nossa destruição. Aqueles que desejam destruir o Brasil conduzem as políticas educacionais para impedirem os brasileiros de desenvolverem as aptidões para entender o mundo ao seu redor.
A parte I de A Crise, de Jeffrey Nyquist, sempre ótimo, percuciente e corajoso, dá aos seus leitores os ingredientes para encorparem a consciência que têm do mundo.
E na sequência de A Crise, na parte II – Bons e Maus Líderes, Jeffrey Nyquist adiciona exemplo da corrosão do pensamento, incutido na mente, pelo sistema educacional, cuja formulação se dá na ignorância dos seus alvos: aqueles que do sistema educacional fazem uso, e, sem o saberem, são manipulados, destratados, desprezados, e deles é suprimida a vontade de aprender, de aprimorar os talentos, de se interessar por idéias mais elevadas; e eles são reduzidos à condição de macaquinhos estúpidos, maleáveis por qualquer discurso de político demagogo, e sugestionáveis por qualquer idéia de qualquer intelectual, e incapazes de separar o joio do trigo, e de fazerem distinções entre aquilo que os favorece e aquilo que os prejudica. A segunda parte de A Crise, como a primeira, inspira aos seus leitores uma pergunta: Qual é a razão de existir dos sistemas educacionais? Educar? Instruir? Ou o de destruir tudo o que faz humanos os humanos? É uma arquitetura da destruição a do sistema educacional público, e não da ereção de uma sociedade rica de pessoas inteligentes repletas de idéias grandiosas, sabedoria ingente, bom-senso humilde.
Partindo da idéia, que lhe inspira o texto, o do sistema educacional como arma de destruição da inteligência humana, Jeffrey Nyquist passa a tratar da política americana, e considera personagens como Donald Trump e Hillary Clinton, dentre outros. Apresenta-os em suas idéias; e aponta, no caso de Donald Trump, as opiniões distorcidas e criminosas a respeito dele apresentadas por algumas pessoas, e por outras opiniões involuntárias e viciadas infectadas pela peçonha das idéias politicamente corretas.
O sistema de ensino, dá-nos a entender Jeffrey Nyquist, reduziu, tudo indica, a inteligência humana, e suprimiu, ou está em vias de fazê-lo, o bom e velho instinto de sobrevivência, o bom-senso, que sempre alerta os humanos para os perigos que se lhes avizinham.
Os dois artigos inspiram aos seus leitores uma reflexão: Por que as camadas mais ilustradas (supostamente) da população americana (e o mesmo pode se dizer da brasileira) são mais afeitas às idéias politicamente corretas, às idéias que corroem a inteligência humana, às idéias que estão a destruir a civilização, às idéias de políticos demagogos, às idéias de intelectuais charlatães, às idéias de artistas medíocres? Por que as camadas mais baixas e menos escolarizadas são as que mais preservam os valores que dão coesão à sociedade e sustentação à civilização? Estas interrogações, que podem ser lidas como afirmações, não constituem um discurso favorável à ignorância, ao analfabetismo; são ponderações a exigir mudanças radicais no sistema de ensino, que deveria educar, e não deseducar; lapidar talentos, e não destruí-los; excitar a inteligência, e não desestimulá-la.