Formas de linguagem infantil
“As palavras servem para brincar, para rir, para chorar, para expressar sentimentos e desejos, para convencer, para ordenar, para informar, para aprender e ensinar, para se comunicar com o outro, para pensar.” A linguagem é um instrumento de ação no mundo, sobre o outro, com o outro e com os muitos outros que constituem o nosso pensamento e a nossa consciência.”
É importante fazer uma reflexão sobre o uso da linguagem e a maturação da criança. Desde que cresce, a criança passa dos gestos às palavras, deixando cada vez mais para traz as primeiras. Mas o corpo nunca deixa a palavra totalmente sozinha, o rosto, as mãos, o corpo todo completa o texto com os gestos, os acentos apreciativos, o extra-verbal dos não-ditos e presumidos, permitindo a construção de sentidos.
Ideia partilhada também por Bakhtin (1992) e Vygotsky (1991,1993).
Entendemos que, se por um lado a rotina escolar está repleta de gestos homogêneos e de posturas disciplinares, por outro, as próprias crianças encontram espaços de transgressão da ordem, transformando, com seus gestos, qualquer coisa em brincadeira. É comum numa fila, por exemplo, vê-las brincando com as mãos, com objetos, cantarolando, chutando uma bolinha de papel do chão, mexendo ou falando com uma outra criança. É também a própria escola que, reorganizando seus espaços e tempos para as manifestações infantis, pode caminhar na contramão da fragmentação, tornando-se um lugar de valorização dos gestos expressivos através de jogos, brincadeiras, narrações, desenhos, imitações e dramatizações capazes de ampliar as possibilidades de as crianças se dizerem, de trocarem afetos, de viverem suas emoções e aguçarem sua sensibilidade.