O PROBLEMA DA MORTE

A desencarnação é uma viagem inevitável que todos nós faremos. A cada minuto na Terra desencarnam 75 pessoas num total aproximado de 40 milhões anualmente. A fronteira que limita o Mundo Espiritual do Mundo Material é muito frequentada, tanto na passagem de ida, através da morte, quanto de vinda através do nascimento. Devíamos estar bem acostumados, se não fosse o grau de ignorância que temos nesse campo.

Muitos desenvolvem temas tenebrosos ou vivem na ilusão, fugindo deliberadamente do pensamento em torno da morte. Porém, não escapam, são surpreendidos, mesmo vivendo no engodo, pois são forçados a atravessar o portal do túmulo como sonâmbulos de difícil despertamento. Gastam tempo precioso em hibernação, visitados mentalmente pelos fantasmas que criaram para tormento próprio.

Existe também o problema da dúvida, e o Desperdiçamento de excelentes ocasiões de crescimento íntimo, pois a dúvida traz insegurança e deixa a pessoa com uma pseudo satisfação como dementado inquieto.

Não nos acomodemos na vida material como se tudo terminasse aqui, numa única existência. Aproveitemos esse estágio na vida material para renovar as diretrizes morais do nosso comportamento. Pode ser que não seja tão cedo como pensamos para lutar para fazer essa renovação e deixar de aproveitar momentos prazerosos para a carne. É perigoso mantermo-nos mornos diante de questão tão fundamental como harmonização de relacionamentos, que de todos merece exame e estudo. Fazer como Bezerra de Menezes pensava: “todos temos inimigos, até Jesus os teve. Mas o que importa é não ser inimigo de ninguém.

Os efeitos de outras vivências persistem sobre o nosso psiquismo. Fatores diversos de ontem e de hoje possivelmente perturbam nossa paz e podem destruir nossos anseios e nos tornar azedos. No entanto, há um sol brilhando sem cessar. Quem se deixa abater já perdeu parte do combate decisivo da vida. Quem se rende a dor ou a queda está impossibilitado de receber auxílio. Quem se enche de pessimismo, não permite ocasião para que a alegria real diminua as mágoas.

Existem pedras no caminho. As fantasias da infância, as excentricidades da juventude em forma de ambições sem medida, não devem demorar-se pelos dias da maturidade, pois devemos nos envolver nos tecidos sutis da sensatez. Nem os sinais dos insucessos e das dificuldades devem cobrir o campo das aspirações elevadas, impedindo a entrada do triunfo. Não temamos, pois, desencarnar; não nos seja indiferente partir...

Anotemos as dificuldades, mentiras e enganos que nos fizeram até hoje, vamos fazer uma lista e comecemos, ainda agora, cerrada campanha contra eles, vencendo-os lenta e seguramente. Não nos autossugestionemos de que não melhoraremos, antes de tentarmos, repetindo a experiência salutar até o cansaço ou mesmo além do esgotamento, até mesmo em confronto com pessoas da nossa mais alta estima, mas que estão cegos pela mentira que lhes hipnotizam. Às vezes a tentativa que não se fez de vencer as iniquidades, seria exatamente a tentativa da vitória.

Vamos começar agora a criar ânimo para entrar na batalha ao lado do bem, prosseguindo valorosamente. Não sabemos quando irá soar o momento do desencarne para nós. O verdadeiro cristão é aquele que se esforça pela transformação moral e pelo esforço que faz para dominar suas más inclinações.

Hoje é o dia de lembrar dos finados, daqueles que passaram para o mundo espiritual sem nem ao menos saberem da existência desse mundo, preocupados que estavam com os interesses materiais e enrodilhados pelas mentiras.

Não vamos desistir do esforço que temos que fazer, armando-nos de fé e ardor, como fizeram os primeiros cristãos, que além das mentiras ainda tinham que sofrer as labaredas das fogueiras e os dentes dos leões.