OS DESAFIOS DIÁRIOS DE UM AUTISTA EM ESCOLA PÚBLICA PARA SER INCLUSO

CAETANO, Francisco Carlos da Silva. RU: 1507477.
POLO CATEDRAL EDUSOL – UNINTER
(Trabalho apresentado a disciplina de Teoria da Aprendizagem no curso de Pedagogia)



Resumo
Este artigo objetiva entender melhor o que é autismo e os desafios enfrentados por aluno autista que frequenta a sala de aula regular na escola Nilce Faria Elias em Rio Branco do Sul. Por meio de pesquisas bibliográficas e de entrevistas com professores e familiares do aluno buscamos compreender quando o autismo pode ser detectado e como a escola lida com essa diversidade entre seus alunos. Alguns convivem com TEA desde que nasceu e nunca ninguém notou, outros manifestam desde cedo os indicativos desta característica especial de ser. Assim como qualquer outra pessoa que convive com a diversidade dentro de diferentes sociedades, o autista enfrenta grandes desafios para se socializar e estar de fato integrado a um grupo social, seja na escola ou em qualquer outro lugar. Neste estudo será possível identificar os caminhos que a escola está seguindo para ser de fato uma escola inclusiva.

Palavras-chave: Diversidade. Autismo, Inclusão


INTRODUÇÃO:
     No mundo atual em que vivemos, podemos perceber que existe uma grande diversidade de pessoas dentro de uma mesma sociedade. Cada um tem seu jeito único de ser e de viver, podemos então entender que o normal é ser diferente e cabe a cada uma de nós enquanto cidadãos civilizados respeitar e conviver com essa diversidade de maneira agradável e saudável, entendendo que cada um possui as suas diferenças únicas.
     Um grande desafio se instala na comunidade escolar que tem convivido com essa grande diversidade em seus estabelecimentos, pois para garantir uma educação de qualidade é importante que as instituições de ensino estejam livres de qualquer preconceito ou exclusão, as escolas devem ser verdadeiramente inclusivas. Cabe a essas instituições de ensino trabalhar arduamente para formar cidadãos, críticos e que saibam conviver com esta tão grande diversidade existente entre os seres humanos, evitando assim qualquer tipo de preconceito ou exclusão entre os alunos, professores ou qualquer outro membro da comunidade escolar ou da sociedade.
     Dentro desta diversidade identificamos o aluno que é portador de Transtorno do Espectro Autista (TEA), que muitas das vezes é excluído ou sofre com fortes preconceitos simplesmente pelo fato de ter uma forma diferente de agir e interagir no mundo e na sociedade ao qual está inserido. Cabe a gestão escolar cuidar e garantir que a escola seja para a esses e para todos os demais alunos de inclusão um ambiente de acolhimento e de valorização a suas potencialidades, para isso a escola precisa se esforçar para conhecer seus alunos além daquilo que os olhos podem ver ou que o papel pode relatar.
     Em se tratando do aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA) a escola deve estar constantemente buscando proporcionar meios para que esse aluno possa se socializar com os demais. SILVA; GUIATO; REVELES,2012 afirmam que:
          
     Conhecer a fundo uma pessoa com autismo pode trazer um aprendizado especial para nossas vidas. Assim como um diamante precisa ser lapidado para brilhar, uma pessoa com autismo merece e deve ser acolhida, cuidada e estimulada a se desenvolver. Para isso, são necessárias ações motivadoras, de tal forma que ela sinta vontade de participar de atividades conosco, e que sejamos as pessoas com as quais ela realmente tenha prazer em estar e ficar. Essas são as primeiras etapas para que ela seja resgatada do seu mundo singular e estabeleça vínculos com as pessoas ao seu redor.
SILVA; GUIATO; REVELES: o mundo singular. Fontanar 2012.Pg 7

 
     Para entendermos melhor os desafios enfrentados pelo aluno espectro autista e as atitudes da escola para assegurar um bom desenvolvimento deste aluno, é preciso entender melhor o que é autismo e algumas de suas características.

Desenvolvimento
     As pesquisas e estudos sobre O Transtorno do Espectro Autista (TEA) refere-se as várias condições que caracterizam os desafios com habilidades sociais, comportamentos repetitivos, fala e comunicação não-verbal, bem como por forças e diferenças únicas, muitas das vezes não compreendidas por outros.
     Os sinais mais comuns do Transtorno do Espectro Autista tendem aparecer entre 2 e 3 anos de idade. Em alguns casos, ele pode ser diagnosticado por volta dos 18 meses, para isso é preciso uma observação bem atenta por parte dos pais e dos professores, assim como muitas crianças desde de cedo frequentam a creches ou pré-escola fica mais fácil de ser identificado e encaminhado para um acompanhamento.
SILVA; GUIATO; REVELES, 2012 afirmam que não há um só tipo de autismo, mas muitos tipos, causados por diferentes combinações de influências genéticas e ambientais. O termo “espectro” reflete a ampla variação nos desafios e pontos fortes possuídos por cada pessoa com autismo. São esses pontos fortes que a escola deve encontrar meios de ajuda-los a se desenvolver cada vez mais.
     Ao longo do tempo a escola passou por vários períodos nos quais em alguns deles ela excluía qualquer um que fosse considerado diferente, em outro ela segregou, integrou, etc. Mas em nenhum desses momentos as instituições de ensino incluíram de fatos todos os alunos, proporcionando um ambiente igualitário a todos.
     Muitos movimentos se formaram em prol da inclusão, defendendo a ideia de uma escola inclusiva, em que todos fossem vistos igualmente como alunos e pessoas diferentes umas das outras, onde o respeito as diferenças, sejam elas quais forem fosse prioridade. Um destes documentos que impulsionou educação inclusiva foi a declaração de Salamanca, afirmou SILVA, 2009:
 
     O movimento a favor da inclusão foi fortemente impulsionado pela Declaração de Salamanca, aprovada pelos representantes de vários países e organizações internacionais, em 1994, a que já nos referimos atrás. Defendendo que a escola regular deve ajustar-se a todas as crianças independentemente das suas condições físicas, sociais, linguísticas ou outras, isto é, crianças com deficiência ou sobre dotadas, crianças de rua ou crianças que trabalham, crianças de populações imigradas ou nómadas, crianças pertencentes a minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais. (UNESCO, 1994: 6). Este documento contribuiu decisivamente para perspectivar a educação de todos os alunos em termos das suas potencialidades e capacidades, para o que, currículos, estratégias pedagógicas e recursos a utilizar adequados, organização escolar facilitadora destas medidas e da cooperação entre docentes e comunidade, são condições fundamentais a ter em conta. SILVA, 2009: Revista Lusófona de Educação, 2009,13, 135-153. Pg 145.
 
     A ideia de inclusão é que todos sejam tratados de modos iguais, tendo os mesmos direitos e que cada um respeita as particularidades entre si, valorizando suas potencialidades e suas diferenças.
Para desenvolvermos esse artigo acompanhamos o aluno João Ricardo Vaz dos Santos que está cursando o quarto ano do ensino fundamental em uma escola pública na cidade de Rio Branco do Sul, região metropolitana de Curitiba.
     João Ricardo é um aluno diagnostica recentemente com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) ele encontra bastante dificuldade para se socializar, pois prefere estar quieto no seu espaço concentrado em coisas que lhe chamam a atenção. Tais coisas nem sempre é aquilo que a professora está falando ou aquilo que seus colegas de classe estão fazendo para lhe chamar a atenção. As dificuldades de socialização e comunicação é uma das características de pessoas com (TEA). De acordo com SILVA; GUIATO; REVELES, 2012
     A dificuldade de socialização é a base da tríade de sintomas do funcionamento autístico.
Sabemos que o ser humano é, antes de tudo, um ser social. Busca, desde pequeno, fazer amigos, agregar pessoas a sua volta e dividir momentos e experiências. É através da socialização que o indivíduo aprende as regras e os costumes da sociedade em que habita.
SILVA; GUIATO; REVELES, Fontanar 2012. Pg,
     Entendendo a importância da socialização para que o ser humano possa se desenvolver a professora de João Ricardo busca constantemente diversas formas e práticas pedagógicas que possam ajudar o aluno a se desenvolver neste quesito e a atingir o nível elevada de aprendizado naquilo que mais lhe apraz.
     Ao conversar com a professora e com a mãe de João entendemos que os maiores desafios de João é se adaptar em uma sala com 25 alunos que fazem o ambiente agitado e com muito barulho, visto que a sala é pequena para a quantidade de alunos e a escola dispõe de poucos recursos didáticos para trabalhar com alunos autistas e as demais diferenças existentes no ambiente escolar.
     A família de João Ricardo declara que ele não gosta muito de ir para a escola, e que sempre teve dificuldades para se adaptar ao ambiente. Todos os dias é uma luta constante para ele enfrentar a rotina escolar, mas ele tem enfrentado essas dificuldades com bastante êxodo, os alunos que estudam com João Ricardo entendem o caso dele e o respeita bastante e estão constantemente buscando alternativas para se aproximar de João.

Considerações finais
     Ao observarmos o caso do aluno João Ricardo que estuda em uma escola municipal de Rio Branco do Sul, podemos perceber que existe uma grande dificuldade a ser vencida tanto pelo aluno quanto pela comunidade escolar no que diz respeito a trabalhar com a diversidade.
     O conceito de educação inclusiva está sendo bastante discutido e estudado, mas ainda falta bastante coisa para ser feito, coisas que possam de fato assegurar uma educação de qualidade a todos os alunos, independentemente de suas características físicas, sociais ou intelectuais. CELEDÓN, 2009 afirma que:

 
Na escola inclusiva não há mais a divisão entre ensino especial e ensino regular; o ensino é um e o mesmo para todos, respeitando as particularidades, as diferenças. Trata-se de um ensino participativo, solidário e acolhedor. Formas mais solidárias e plurais de convivência. Uma educação global, plena, livre de preconceitos, e que reconheça e valorize as particularidades (diferenças) de cada um dos outros iguais. CELEDÓN, UFRJ 2009 pg. 5
 
     No entanto entendemos que há um longo caminho a ser percorrido para que possamos chegarmos a ter uma escola de fato inclusiva. É preciso entender que as diferenças enriquecem a sociedade e que o respeito a essas diferenças é a base para que todos possam vivem em harmonia.
     Podemos concluir que os sistemas de educação estão se mobilizado e trabalhando arduamente para que possamos em breve ter escolas de fato inclusivas. Pois ao conversar com a professora de João Ricardo e com a equipe pedagógica percebemos que todos estão lutando para que isso aconteça. HÁ várias formações e estudos programados para toda a comunidade escolar cujo objetivo principal é contribuir para a formação de uma escola inclusiva na qual o normal possa ser o diferente e que todos possam ser tratados de maneira respeitosas dentro de suas particularidades individuais.
     No entanto os desafios enfrentados por João Ricardo estão sendo vencidos diariamente, juntos com seus professores e com toda a comunidade escolar que estão aprendendo a cada dia trabalhar com a diversidade na escola e na comunidade a qual estão inseridos.


Referências
CELEDÓN, Esteban Reyes. Inclusão escolar: um desafio. UFRJ 2009. Disponível em: <https://groups.google.com/forum/#!topic/gt-terminologia/5vU9R7FALuA> acesso em: 24/05/2018
SILVA, A.B.B; GUIATO, M.B; REVELES, L.T.. Mundo Singular entenda o autismo. Fontanar, 2012. Disponível em: <http://cursoposneuro.com.br/wp-content/uploads/2015/08/Mundo-Singular-Entenda-o-Autismo.pdf> acesso em: 24/05/2018
SILVA, M. O. E. Da exclusão à inclusão: concepções e práticas. Revista Lusófona de Educação, 2009 ,13, 135-153. Disponível em: <http://revistas.ulusofona.pt/index.php/rleducacao/article/view/562> acesso em: 24/05/2018
Francisco Carlos da Silva Caetano
Enviado por Francisco Carlos da Silva Caetano em 02/11/2018
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