MANOEL KANT E O IDEALISMO ALEMÃO


Josias Moreira de Alcantara
Sob orientação do Prof. Dr. Daniel Machado

RESUMO
É uma imensurável aventura pelos labirínticos semânticos filosóficos, com os devidos créditos ao incansável pesquisador de verdades, mediante aos diversos caminhos construídos pelos fomentadores de história, sobretudo a essa que será formalizada por um pequeno texto denominado artigo, não sem creditá-lo seus pormenores ao eterno grande idealista e cientista Immanuel Kant, que brinda a todos, independente de crédulos, a se alimentarem de um projeto construído durante todos os alvoreceres de uma vida humilde, praticamente destituída de vaidades, para acrescentar a humanidade uma versão mais humana da ciência filosófica, iluminada de perspectivas crítica contra “os preconceitos, contra a tradição, contra a autoridade não racional, contra a superstição” Kant constrói paralelos que, não fique surpreso quando descobrir-se em labirintos sem respostas de anseios. Kant não é para ser lido. É para ser estudado minuciosamente e depois disso, se estiver preparado para assumir uma postura crítica, que seja a altura desse grande mestre que respirou o compromisso de ser verdadeiro em cada apontamento crítico.

Palavra Chave: artigo Immanuel kant, idealista, moral; ciência

INTRODUÇÃO
Não há minimamente intenção de forjar contrariedades no contexto desse artigo, que visa atender ao objeto em estudo, para grade de estudos pertinentes ao curso de Mestre em Educação, alinhavando resumidamente a contribuição de Immanuel Kant para o idealismo Alemão, e também porque vale à pena expor um grande pesquisador, de ilibada moral, pensador perseverante em cada investigação que se propõem.
Vale o comentário: Kant, em toda a sua trajetória existencial não viajou sequer além de 12 km de sua residência, praticamente nasceu, estudou, questionou, deu aulas e foi amado por seus alunos, colocando sempre a frente uma convicção imoderada pelo saber sem mordaças. Vale a pena estudá-lo, as páginas que seguem são insignificantes para emoldurar esse notório artista da ciência que imortalizou seus escritos.

2. DESENVOLVIMENTO


Com seu peito deformado e saúde precária distribuída nos 1.50m de estatura, Kant superou-se à custa de “severo regime”. Empenhou-se em toda a trajetória em prol da ciência e filosofia, questionando o “conhecimento estabelecido de forma crítica”, dando origem à construção de uma frase de grande impacto: “Não se pode aprender a filosofia; somente se pode aprender a filosofar”.
No trânsito desse artigo serão oferecidas mais informações com referência ao pensamento crítico de Kant.
Vale, no entanto descrever os pontos mais relevantes de sua incansável e não menos impressionante dedicação aos estudos científicos. É notório versar que sua crítica suscitou a transcendência de um legado, haja vista aos inúmeros adeptos que também não aceitavam o dogmatismo, em tempos atuais fazem uso de sua dedicada experiência sobre o assunto, mantendo-o atual e digno de reflexão.
Segundo Kant em se tratando de apresentar um conhecimento como ciência faz uma afirmativa:
“há necessidade, primacialmente, determinar com precisão, o que o mesmo tem de próprio e que o distingue de outro conhecimento... Assim como as fontes de um conhecimento metafísico não podem ser empírica, os juízos da experiência são sempre sintéticos. (p. 14 2004)

No mesmo parágrafo da leitura sobre tão importante conhecimento, uma máxima de Kant leva o pesquisador a impressionar-se com detalhes tão significativos de valores morais ao descrever: “age de tal modo que possas tratar sempre a humanidade, seja em tua pessoa, seja na do próximo, como um fim; não te sirvas jamais disso como um meio.” Tal ensinamento leva o mais atento leitor da bíblia sagrada aos dizeres de Jesus Cristo, “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”.
Saindo da área das conjeturas, se faz necessário adentrar nos fundamentos em que se dão os: “Princípios da razão prática.”
Segundo as orientações da Kant sugere a título de definição mais estreita desse diálogo, que:

“Princípios práticos são proposições que encerram uma determinação universal da vontade, subordinam-se a essa determinação diversas regras práticas. São subjetivos, ou máximas quando a condição é considerada pelo sujeito como verdadeira só para a sua vontade; são por outro lado, objetivos ou leis práticas quando a condição é conhecida como objetiva, isto é, válida para a vontade de todo o ser natural.” (p 41, 2004)

Sugere Kant, que ao admitir-se que “a razão pura possa encerrar em si um fundamento prático”, e que seja determinante para alterar a vontade, entende que “há leis práticas, mas se não se admite o mesmo”, configura que os princípios não passam de axiomas.
Analisando com mais empenho a palavra falada, ou escrita, dependendo de quando e onde ela aconteça, pode alterar a atitude de um ser que porventura não esteja em condições de refletir criticamente sobre eventos inusitados da vida. Por falta até de experiência, ele venha a querer experimentar o teor do que foi escrito ou falado, em um momento até de euforia, de tal forma que em muitos casos, esse ato de impulso possa vir a gerar trágicas consequências, para muitos sem chance de arrependimento.
Exemplo... Uma pessoa que independente de atributos positivos ou negativos, também sem pensar nas consequências diga: Se alguém encostar a mão em mim, está morto!
Pode ser um exemplo sem a responsabilidade que a proposta exige, muito embora Kant fosse taxativo ao dizer: “alguém pode adotar a máxima de não suportar qualquer ofensa sem vingá-la”. Admite que tal fato “não constitui em lei prática” muito embora em se tratando de quem dissesse isso ou aquilo, em se tratando de uma máxima, que mesmo não concordando em si mesma, de “modo inverso” provocar dissabores.
Kant esclarece que no “conhecimento prático” aos que tratam dos fundamentos da vontade e da determinação, não os fazem pela constituição de leis e sim por princípios muitas vezes formados em si mesmos, haja vista a razão na prática ocupar-se do sujeito.
Os estudos pertinentes aos embasamentos desse filósofo geram reflexões entusiásticas por conta de sua imperativa locução submetida e experimentada em cada linha de pensamento.
Um novo exemplo pode ser experimentado nos pormenores dissertativos a respeito da razão, ou vontade, Kant escreveu: “dizei a alguém, que ele deve trabalhar e poupar na juventude para não sofrer a miséria na velhice;”. Esse é um preceito inerente da vontade, todavia referindo-se ao outro que não fosse a si, pois não há como supor que alguém siga uma jornada inteira, apenas porque lhe sugeriram que se não quisesse ver-se na miséria, teria que seguir aquele conselho.
Tal conselho pode até ser escutado, mas ser praticado seria quase que exigir um milagre, já que a possibilidade de se prever outra “fonte de auxílio”, ou de enxergar possível a conquista por ele próprio de uma fortuna, pode motivá-lo a criar perspectivas, e uma delas é a de não seguir roteiro pronto.
Na mesma linha de raciocínio Kant persiste em mais um exemplo conforme descrição na íntegra: “dizei a alguém que nunca deve de fazer promessas falsas: tal regra só se refere a sua vontade, sejam ou não as intenções que o homem pode ter, realizáveis por essa vontade.” Se tal análise pressupuser como exata essa regra Kant afirma ser uma lei, por considerar um imperativo categórico.
Pode parecer confuso no início, mas o filósofo faz uma descrição minuciosa dessa teoria conforme suas palavras:

Todos os princípios práticos que supõem um objeto (matéria) da faculdade de desejar como fundamento de determinação da vontade, são todos eles, empíricos e não podem proporcionar qualquer lei prática. Entendo por matéria da faculdade de desejar um objeto cuja realidade é apetecida. Se o apetecimento para com esse objeto precede à regra prática e é a condição para adotá-la como princípio, nesse caso, digo (primeiramente): esse princípio, então, é sempre empírico. O fundamento da determinação do arbítrio (Willkur) é então a representação de um objeto, e constitui a relação da representação com o sujeito, pela qual é determinada a faculdade de desejar para a realização do objeto. Mas toda a relação como o sujeito se chama prazer na realidade de um objeto. Assim, pois, esse prazer devia ter sido pressuposto como condição da possibilidade da determinação do arbítrio. Mas de nenhuma representação de qualquer objeto, seja qual for, pode conhecer-se a priori se está ligada como prazer, como a dor ou, se é indiferente.

No que tange esse assunto descrito, pode ocorrer de faltar o domínio das sensações porque o sentimento do desejo agrada-lhe e não havendo em si uma válvula que encerre o efeito desse sentimento de prazer, o objeto investe sobremaneira para desfrutar do que lhe apetece o arbítrio, decorrente do impulso nem sempre coerente, quer para si a felicidade.
Muitos homens tidos como argutos, demonstram práticas contraditórias entre a faculdade inferior ou superior de prazer, isso pode ser notado na atitude de rejeitar algo que lhe pode salvar até a vida, a exemplo de desprezar um conselho, e quando se encontra debilitado, sem a estrutura dos ensinamentos, fica a mercê de um labirinto e somente nesse momento consegue enxergar-se definhando, mas já sem os recursos que lhe serviriam de antídoto, para o retorno a vida normal.
A teoria de Kant eleva o sentido da pesquisa ao patamar do que muitos até já sabem, muito embora de forma empírica, por não saberem justificar suas bases científicas, de que o amor a si ou a própria felicidade sobrepõem qualquer investimento de receptividade do sujeito, considerando que o “prazer pertence ao sentido (sentimento) e não ao entendimento o qual exprime uma relação da representação com o objeto, segundo conceitos, mas não com o objeto segundo sentimento”
Kant (p. 50) não se contenta com abreviaturas, ou economia de palavras, ele disseca o assunto e se esforça para não permitir que reste uma só opção sem as devidas explicações, todavia a mente humana é um mistério e requer tolerância e paciência exigindo inúmeras reflexões, para incorporar de forma ponderada, as devidas atenções aos resultados do entendimento.
Na (p. 51) Kant descreve que “não há como determinar a vontade de outro modo a não ser pelo sentido”, grosso modo cabe a explicação na íntegra:

Quando para a própria possibilidade daqueles prazeres há de supor um sentimento situado em nós para ele como primeira condição daquela satisfação, equivale a fazer com que ignorantes, empanturrados de metafísica, usassem de tal subtilidade nessa matéria, a ponto de experimentar, por assim dizer, uma vertigem extrema, acreditando formar assim uma ideia de um ser espiritual, porém extenso. Admitindo-se, com Epícuro, que a virtude não determinada a vontade, a não ser pelo prazer que a mesma promete.

Kant admite não poder criticar tal ponto de vista por ser oriundo de sua espécie esse idêntico prazer dos sentidos. Alega também não haver razão para censurá-lo pela atribuição dos sentidos corporais tornarem-se o objeto de excitação nas pessoas.
Aprofundou-se nas pesquisas de diversas fontes e das quais, algumas se alinham ao propósito da investigação, outras, porém, instrumentaram novas investidas e por isso é de grande importância a referência do filósofo em estudo, que brindou o menos entusiástico de respostas. “Ser consequente é a máxima obrigação do filósofo; entretanto, é o que menos se observa”. Vale ler um pouco mais:
As antigas escolas gregas nos apresentam muitos exemplos dessas virtudes, exemplos que não encontramos nesta época sincretísticas, na qual se constroem com princípios totalmente contraditórios sistemas conciliadores, destituídos de solidez e boa fé, porque se recomendam melhor a um público que se satisfaz com saber um pouco de tudo, sem saber afinal coisa alguma, pretendendo, contudo, tratar de todos os assuntos. (p. 52)

Vale ressaltar que em se tratando da felicidade, esse filósofo chega ao termo de que o “princípio da felicidade própria”, independente de sua prática, o “uso que se faça da inteligência e da razão”, independem da faculdade inferior de desejar, não podendo, por conseguinte outros princípios de determinação para vontade sobreporem-se a “faculdade superior de desejar”.
Kant (p.54) alega que cada pessoa incorpora “o seu bem estar ou felicidade nisso ou naquilo”, de acordo com as sensações que se encontra decorrente do “prazer ou da dor”. Esse fato pode ser experimentado de diferentes formas ao mesmo indivíduo, todavia não pode configurar-se lei, haja vista tratar-se da matéria.
O assunto desse artigo é por demais convidativos e já respaldou diversos fundamentos científicos, sobretudo baseando-se nos elementos de sua boa leitura e exaustivas reflexões, submetendo cada parágrafo ao progresso de novas interpretações.
Kant informa:
“um ser racional não deve conceber as suas máximas como leis práticas universais, podendo apenas concebê-las como princípios que determinam o fundamento da vontade, não segundo a matéria, mas sim pela forma. A matéria de um princípio prático é o objeto da vontade. Pois bem: esse objeto é ou não o princípio que determina a vontade. Se fosse o fundamento de determinação da mesma, estaria a regra da vontade submetida a uma condição empírica ( a relação da representação determinante com o sentimento do prazer ou da dor), e, por conseguinte, não seria uma lei prática. (p.57)

Kant não se cansa de descrever sobre a lei dos fundamentos comprobatórios de cada ato.
Não há como supor que alguém tenha feito um depósito em sua conta corrente, apenas dizendo que fez sem a existência do comprovante, considerando que sua afirmação se destruiria na culminância da comprovação, prevalecendo apenas o objeto de sua imaginação, já que não aconteceu a prática da ação, pode ser até que o sujeito tenha tido um desejo sobrenatural de fazer o depósito, mas submetido à falta dos frutos, e desesperado em um labirinto de indecisão, desejou mentalmente resolver o seu drama aplicando uma mentira, desmascarada sem os respectivos atributos comprobatórios, como afirma Kant:
Não há fundamento nisso, se houvesse tal “princípios se destruiria a si próprio como lei”, porque o resultado é a ausência do depósito. (p. 59)
Há de se ter em mente que se uma máxima, influenciar uma pessoa ao ponto de o axioma tornar-se ações das suas práticas no caminho de inicio, no meio e fim que se propõe; aos olhos da ciência uma heresia, ou para melhor explicar, um dogma que satisfaz a si, mas carece da lei universal que a natureza estabelece. Cada ser é único, todavia, o desejo de bem estar, muitas vezes os faz concordar com desígnios de outros, mas sem o embasamento legal da lei, porque nesse caso, será apenas uma exceção e ela não se enquadra nos fundamentos legais.
Na página 60 é possível aproximar-se de mais explicações de Kant, quanto às máximas em discussão. Kant descreve que “supondo-se que a mera forma legisladora das máximas seja apenas o fundamento suficiente da determinação de uma vontade”, é preciso encontrar a “natureza dessa vontade”, pois as pesquisas e estudos não mostraram outra forma.
Kant sugere (p. 61) que a vontade é livre ao se valer da lei sustentada nos fundamentos das máximas, todavia em se tratando da lei prática, não se pode ser dada, “senão empiricamente, mas a vontade pode ser determinada com ou sem a condição empírica “(ou pertencente ao mundo sensível)”
Kant indaga (p.62) sobre onde se encontra o conhecimento do sujeito em decorrência do que é prático, se pela liberdade ou pela prática. Há por certo evidências em sua opinião de que não pode começar pela liberdade porque existe um primeiro conceito que é negativo e buscando outro não se pode concluí-lo pela experiência, haja vista os conhecimentos embasados serem nas leis dos fenômenos.
Seu objeto de estudos leva o leitor por caminhos vários, alimentando-o, por conseguinte de uma curiosa expectativa de ver concluído os elementos dessa pesquisa, mas surgem novos anseios, reflexões, questionamentos, e dessa maneira para instruir-se dos 60 anos de incansáveis estudos desse filósofo, vale persistir no encontro de respostas sustentáveis para esse emaranhado de perguntas, considerando, sobretudo o desejo imoderado de encontrar as respostas, entendendo a complexidade do ser humano.
“A razão pura é por si mesma prática, facultando (ao homem) uma lei universal que denominamos lei moral.”
Lê-se na página 77 uma máxima que merece compor esse artigo, ela diz que: “A máxima do amor de si mesmo (prudência) só aconselha; a lei da moralidade manda.” Tal exemplo insinua que há diferença acentuada entre o que se aconselha daquilo que somos obrigados.
Ainda nesse assunto vale observar que é preciso conhecimento de mundo para seguir o princípio do livre arbítrio, havendo incoerência nas ações dos menos hábeis de leitura da lei moral, que ordena de forma mais pontual o cumprimento, mas há dificuldade nas mentes dos menos exercitados na condição de refletir e aplicar atributos pertinentes a moralidade.
Para esse assunto segundo Kant, é possível entender que em um jogo de futebol, existe a chance de ganhar ou perder e não seria justo atribuir culpas a um ou outro membro do grupo, porque do contrário, independente de sair vitorioso se distanciariam da lei da moral, supondo que a glória ou a inglória deve ser atribuída para o grupo, e jamais para algumas estrelas. Caso isso aconteça, de que forma, os jogadores menos valorizados teriam um propulsor de perspectivas para somar, mesmos que a custa de esforços sobrenaturais, para agregar a harmonia do time.
Na ausência de vitória cobraria de si a falta de êxito e fica combalida a experiência e reprovada a atitude.
Nesse caso, a felicidade será sempre uma incógnita para alguns, pois seus esforços não serão percebidos, a não ser pelos louros dos gols.
Se uma atitude involuntária pode causar tal punição é preciso ficar alerta sobre a razão, ou conceitos mal forjados e erroneamente interpretados.
Todavia, ainda seguindo uma reflexão (p.80), é necessário ficar alerta que um assassino não atrai para si a própria pena. Muitos culpados negam até o leito de morte, porque se recusam ser destituídos de sua liberdade, e alegam jamais abortarem sua felicidade, haja vista muitos matarem porque os fazem dentro da “razão” e legitima defesa e depois do ato praticado, alegam inúmeras justificativas, que não convencendo um corpo de jurado tendo a frente um juiz, será destituído da liberdade e o que deveria ser um motivo de felicidade por ver-se livre do objeto sem vida, encontra-se prisioneiro da insensatez.
Na mesma linha de raciocínio, segue outro exemplo do estudioso, que sugere o entendimento que segue se porventura for preso um viciado, serão em primeiro plano lido os seus direitos, e na medida correta, explorado seu bom comportamento, seu caráter, para se chegar ao motivo da infeliz exploração do vício, que é de conhecimento da ciência, que em vez de fazer bem, só provoca o mal, mas a lei do princípio e da moral estabelece que todo cidadão mereça ser defendido até esgotar-se a possibilidade de redenção.
Pode ser contraditório, se considerar que ele fez uso do livre arbítrio e, portanto teve a liberdade de rejeitar o ato ilícito, mas é preciso atenção sobre os deslizes da vida. “Aquele que não tiver pecado que atire a primeira pedra”.
Alimentado por esse ensinamento da bíblia, torna-se mais frutífera as investidas nas máximas de Kant, que ao final desse raciocínio brinda o leitor: “Deve o indivíduo ser já, ou pelo menos as meias, um homem honrado para poder animar uma representação daquelas sensações.” (p.81)
Ocorre que nem todos são devidamente defendidos pelo histórico da honra, do caráter, mas, senão salvo exceções, pelo mérito acusatório que o levaram ao cometimento do delito.

1º SUBJETIVOS exteriores da educação ( segundo Montaigne)
da construção civil ( segundo Mandeville)
2º Subjetivos inferiores do sentimento físico (Segundo Epícuro)
sentimento moral (Segundo Hatcheson)
OBJETIVOS
Interior da perfeição (Segundo Wolff e os estóicos)
Exterior da vontade divina (Segundo Crusius e outros moralistas teólogos)

Kant descreve alguns assuntos atribuindo cada etapa a alguns filósofos de sua época, ou anterior, não importa, já que a proposta é a tentativa de interpretação de seus escritos para melhor dialogar com estudantes e especialista dos fundamentos filosóficos.
Segundo alguns desmembramentos do que já foi lido e estudado, Kant (p. 86) fazendo uso de referencial teórico de diversos filósofos e teólogos mediante os fundamentos da razão e do pensamento empírico, persiste na descrição de inúmeros entendimentos, baseando-se nos conceitos subjetivos e objetivos, na conjuntura interior e inferior.
Kant investe sobremaneira para fazer um esboço mais profundo do que lhe fez buscar por toda uma vida de estudo, a melhor resposta, iniciada muito antes de nossa era, a procura incansável de determinadas respostas e para tanto, chega à parte da jornada com os comparativos partícipes desse artigo, que não contendo uma ciência exata dos fatos, experimenta espelhar alguns ensinamentos, oriundos de um esforço interpretativo desse referencial teórico, para oferecer quem sabe um pouco de entusiasmo aos leigos e curiosos pela matéria.
Revela os escritos de Kant um paralelo versando o racional e o sensitivo.
Alega o autor que os primeiros pensadores descritos acima são empíricos e nada oferecem para os embasamentos que seguem porquanto não servem para “o princípio universal da moralidade.
Dos dois abaixo “fundamentam-se na razão”, e para melhor explicar os detalhamentos segue na íntegra o posicionamento de Kant:
(pois a perfeição como a constituição das coisas e a suprema perfeição, representada em substância, isto é, Deus, só podem ser concebidas, ambas, mediante conceitos da razão). Mas o primeiro conceito, ou seja, o da perfeição pode ser tomado em seu significado teórico não significando então nada mais além da integridade de cada coisa como gênero (transcendental) ou de uma só coisa como coisa em geral (metafísica), do que não podemos aqui tratar. Mas o conceito da perfeição, no seu significado prático, é a conveniência ou a suficiência de uma coisa para toda a classe de fins. Esta perfeição, como constituição do homem, portanto interna, não é nada mais do que talento e o que se fortaleça ou complete, habilidade. A suprema perfeição em substância, ou seja, Deus e, portanto, exterior (considerada sob aspecto prático), é a suficiência desse ser para todos os fins em geral. (p.86)

Com base no que descreveu Kant, existe nesse caso dois conceitos, o da perfeição interna e externa, sendo o interno experimentado em nós mesmos e o externo em Deus.
A vontade pode ser interpretada de duas maneiras, aquela que há determinação e leva a prática de uma ação mediante o uso da razão e há também, de cujo princípio teorizou Epícuro com a teoria da felicidade, que a pessoa quer ser feliz, mas nada faz para conquistar o mérito desse sentimento.
O assunto é demasiadamente instrutivo e leva o leitor mais comprometido a perceber que existem distanciamentos entre ter talento e desenvolvê-lo sem os atributos da atitude, da prática, do exercer incansável em busca do melhor resultado.
Não basta apenas sonhar com a felicidade, apenas e por ser possuidor de um dom, mas, destituído de razão, insiste alimentar um projeto audacioso de conquistas, que será fadado ao fracasso, por conta de uma vontade empírica, sem medida, sem atitude, sem coerência, sem o mérito do caráter forjador de perspectivas.
Para cada caso cabe a explicação correta e é possível ilustrar com um fundamento, quem sabe empírico, todavia reflexivo.
Essa ilustração de nossa lavra:
Dois jovens de grande talento assumiram uma empreitada de em 12 meses saindo cada um para um lado do país, antes, porém recebeu vinte moedas de ouro cada um e segundo seus conhecimentos ao final desse período retornariam e apresentariam os resultados adquiridos em bens materiais e conhecimentos.
Um jovem retornou esquelético, desnutrido e de aparência visivelmente de fracassado antes de chegar ao término da caminhada, faltando pouco caiu por terra e teve que ser medicado.
Algumas horas após, surge uma caravana com inúmeras pessoas e à frente dessas um jovem bem trajado, altivo e seguro de si, comandava o grupo e a partir dessa visão já se projeta o questionamento: porque um voltou miserável e o outro rico, sendo que os dois eram portadores do mesmo talento, dos mesmos estudos.
Quando o maltrapilho se recuperou, foi possível entender a razão de seu martírio. Ele simplesmente respondeu que enterrou as vinte moedas de ouro com medo de ser roubado, pois queria provar sua integridade devolvendo-as integralmente, mas quando chegou ao local que havia escondido simplesmente não as encontrou.
O jovem próspero, ao relatar sua trajetória, fez um projeto detalhado, sobre alternativas plausíveis de multiplicar o capital recebido e o fez em partes, divididas em quatro. Para cada situação que surgisse e se encaixasse seu propósito investiria 25% e dessa forma, pesquisou em cada local que passou a melhor oportunidade fazendo uso do talento, administrou de 12 a 18h por dia, o investimento, que a cada mês multiplicava e ele contratava mais pessoas para ajudá-lo.
Ao final dos 12 meses, conseguiu amealhar, um inestimável patrimônio e o sucesso lhe acompanhou, muito embora tenha lhe exigido uma vontade sobrenatural de não fracassar, uma disciplina metódica para não sucumbir, uma atitude responsável para conquistar respeito, somados as práticas repetitivas em cada dia para atingir a meta de seu projeto.
Fica claro que não basta alimentar-se de vontade subjetivamente e imaginar que o talento por si só já basta, é preciso experimentá-lo na medida correta e moldá-lo sistematicamente para forjá-lo instrumento de anseios.
Talento não é um mérito do oportunista, muito menos tábua de salvação para o preguiçoso, sem atitude, o talento esquiva-se da felicidade.
Espera-se com a exposição fictícia dos comentários relatados, não comprometer o teor desse artigo em decorrência dos estudos de Kant, todavia que a ilustração seja mais um ponto de reflexão para os pesquisadores do assunto.
Kant revela (p.88) “que a razão pura pode ser prática”, enquanto por si mesma determinar a vontade, “independente de todo o elemento empírico”.
A razão pode ser manifestada como prática quando determina a vontade do ato orientada de “autonomia e no princípio da moralidade”.
Alega Kant que a analítica desse fato é um elo da consciência, da vontade e da liberdade.
Identificado esse fundamento, tornar-se possível “reconhecer-se a vontade em um ser racional” ativo no universo dos sentidos.
A lei da moral é apontada, (p.98) como razão pura, mesmo quando possam existir dúvidas quanto à exatidão da experiência, já que não pode ser apresentada qualquer dedução, nem tão pouco sustentada empiricamente, contudo ela se mantém firme por si mesma.

O direito da razão pura, no uso prático, a uma aplicação que não é por si no especulativo.

Kant faz a pergunta: como é possível conciliar o uso prático e o teórico da razão pura no concernente à determinação dos limites de sua faculdade?
Apud David Hume, (p.105) pai dos questionamentos contra os “direitos da razão pura” que, por conseguinte se fizeram necessária minuciosa investigação decorrente dos fatos, chegou à conclusão seguinte:

“conceito da causa é um conceito que contém a necessidade da conexão da existência de coisas diferentes, porque o seu valor resulta dessa mesma diversidade; de modo que se eu suponho A, reconheço alguma coisa diferente dele, B, deve necessariamente existir. A necessidade, todavia, não pode ser atribuída também a uma conexão, salvo enquanto esta é conhecida a priori, porque a experiência dessa conexão, não proclamando, todavia, a necessidade da mesma.


Segundo Hume: “é impossível conhecer a priori e como necessária a conexão existente entre uma e outra coisa (ou entre uma determinação e outra em tudo diferente dela).” Muito embora não possa ser “tal ligação facultada à nossa percepção.” Nessa etapa de observação, reflexão sobre os caminhos estudados perpetua interrogações sem fim, nas diversas conotações, muito embora em cada página estudada, o investigador é levado para novos questionamentos e é dessa forma que se podem entender melhor a Kant quando sugere que se pense: “Não se pode aprender a filosofia; somente se pode aprender a filosofar”.


Conclusão
Concluir o quê? Nem pensar! O artigo está resumido para dar o real sentido que esse grande intelectual dos estudos científicos merece, todavia, não se esgotando os assuntos aqui mencionados, por sinal de aprendizagem indispensável dentre de uma cadeia de propósito, nos estudos da ciência da Filosofia, fica a dica para você que lê a descrição continuar se deleitando de pensadores que construíram a história, mesmo, em alguns casos a custa de tormentas e ingratidões. Kant insistiu em suas máximas instrumentando cada frase de metáforas bem construídas, para serem questionadas sim, sobretudo para um esforço sobrenatural de conquistar aliados em suas exaustivas réplicas ao que não concordava, todavia respeitava e respondia cada elemento de ataque aos seus princípios com a sabedoria que lhe era peculiar, dava respostas sobre o que acreditava, mas sempre embasada na ciência e práticas de várias gerações, já que em sua trajetória existencial, teve uma vida simples, apenas dedicada a ciência. Kant enfrentou o dogmatismo arrogante, em resposta àqueles que creram sobremaneira na mente humana e em contrapartida ao ceticismo demagogo dos que a subestimam.
Kant investiu sua história de vida para alguns de seus adversários cientistas fossem situados nos estudos como “materialistas do fatalismo e do ateísmo.”
Kant se expressa de forma clara e com exatidão o “caráter autônomo da razão” tal qual a forma concebida pelos iluministas.
Considerando o que compete à descrição desse resumido artigo, fica um pensamento baseado na criticidade de Kant que sugere 3 perguntas: “Que posso saber?, Que hei de fazer?, Que posso esperar?”

BIBLIOGRAFIA

KANT EMANUELL- Critica da Razão prática – tradução Afonso Bertagnoli – São Paulo, 2005 Brasil Editora S/A Versão ebook digital

Apêndice:

Kant pensou, repensou, que enquanto filosofava
Não aprendeu, mas tentou descrever o que pensava.
Descobriu dia após dia, ao criticar cada ação
Que a boa filosofia tem a própria opinião.

No seu campo de batalha, do racional ao empírico,
E seu desejo se espalha, na semântica do lírico
E Kant se questionava, sobre a vontade e o querer,
Da razão porque lutava tanto em busca do saber.

Perguntas multiplicavam, precisava das respostas,
Que às vezes se distanciavam, ou se faziam supostas.
Não encontrava a razão, que o fazia persistir.

No mergulho da missão para a verdade sentir...
Viveu e morreu tentando, entender tanto mistério,
Que ao final, comemorando, eternizou o seu critério.

Josias Alcantara







KANT Imamnuel CRÍTICA DA RAZÃO PRÁTICA, , São Paulo, publicação Brasil Editores S/A – 1959 - versão ebook digital 2004